Notícias
|
25 de março de 2011
|
17:30

Clubes x Clube dos 13 x TVs: Flamengo deve assinar hoje com a Globo

Por
Sul 21
[email protected]

Jorge Seadi

A briga continua e a cada dia um novo round. Hoje (25) deverá ser a vez do Flamengo assinar com a Rede Globo, depois de uma reunião de diretoria que acontecerá na sede do clube, na Gávea. A presidente Patricia Amorim vai coordenar o encontro. O vice-presidente de Finanças do Flamengo, Michel Levy, desmentiu que o seu clube tenha antecipado verbas de televisionamento por conta do contrato de 2012 com aval do Clube dos 13, razão alegada pela entidade para incluir o Flamengo na lista de 15 clubes com procuração para assinar com a RedeTV!.

Mesmo que a diretoria do Flamengo aceite a proposta da Rede Globo hoje, é possivel que o anúncio oficial só aconteça na próxima semana, depois da reunião que a diretoria do Clube dos 13 terá com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O dirigente do Flamengo afirmou que o clube “está calmo, analisando todas as propostas e pode sim esperar pela posição do CADE, semana que vem”.

CADE, o fiel da balança

Depois de 13 anos de discussão no CADE, o Clube dos 13 e a Rede Globo assinaram, no ano passado, um termo onde ficou definido o formato das negociações dos direitos de televisão para o Campeonato Brasileiro no triênio 2012/2014. O processo no CADE foi provocado pelo SBT, em 1997, após acusar a Globo de abuso de poder econômico. Sob ameaça de uma multa de R$ 2 bilhões, a Rede Globo e o Clube dos 13 concordaram que haveria uma concorrência para a definição da emissora de TV que teria os direitos de transmissão. Além disso, o CADE determinou que fosse feita uma licitação para cada tipo de plataforma de transmissão – TV aberta, TV fechada, internet, celular e pay-per-view.

Em Brasília, o presidente do CADE, Fernando Furlan, disse que o Conselho poderá investigar os contratos da Globo com os clubes. Afirmou também que se “forem encontrados indícios de violação da concorrência de mercado” o CADE poderá abrir processo. O procurador-geral do CADE, Gilvrando Araújo, já havia informado que os clubes poderiam ser investigados caso negociassem diretamente com as emissoras de TV, sem obedecer as regras de concorrência e antitruste.

O departamento jurídico do Clube dos 13, junto com uma comissão especial de clubes, decidiu que a concorrência seria realizada em envelope fechado. A maior proposta ficaria com os direitos de transmissão em TV aberta. Tal decisão que não agradou a Rede Globo, que tem os direitos do futebol brasileiro desde que eles começaram a ser negociados. Usando o argumento de antiguidade, de experiência neste tipo de cobertura, da qualidade do seu equipamento, de seus profissionais e da ampla rede de emissoras pelo país,  a Globo tentou buscar vantagens na negociação. Não conseguindo e ameaçada pela Rede Record, que afirmava que cobriria qualquer proposta, chegando a falar em R$ 1 bilhão por ano (a Globo paga, pelo campeonato de 2011, R$ 300 milhões), a Rede Globo desistiu da concorrência, alegando que não teria condições de enfrentar este tipo de “briga”. Imediatamente anunciou que negociaria diretamente com os clubes. E já fez isto com sete deles, incluíndo o Grêmio e o Corinthians.

A Record anunciou proposta de R$ 100 milhões por ano para Corinthians e Flamengo e valores menores, escalonado, para os demais clubes. Até agora não conseguiu a adesão de ninguém. Segundo informações da coluna de Mônica Bergamo, desta sexta-feira, na Folha de São Paulo, a emissora do bispo Edir Macedo ofereceu ao Internacional R$ 60 milhões por ano, mesmo valor oferecido para o Atlético Mineiro que fez contraproposta de R$ 70 milhões, a qual teria sido aceita pela emissora paulista. A Record atacaria os quatro clubes da oposição: São Paulo, que receberia mais de R$ 100 milhões; Internacional, R$ 70 milhões; Atlético-MG, R$ 70 milhões e Atlético-PR, R$ 50 milhões.

A decisão da Globo desagradou ao Clube dos 13 que reagiu com a assinatura de contrato com a RedeTV!, a única empresa a apresentar proposta no dia 11 de março. O presidente da entidade, Fábio Koff, enviou ao CADE o contrato para que este o analise e, ao mesmo tempo, solicitou uma reunião para a próxima semana em Brasília. Fontes ligadas ao CADE dizem que “as informações que estão sendo noticiadas entre Globo e clubes não respeita o acordo assinado no ano passado”. Se isto se confirmar, os clubes que assinaram com a Globo, a própria emissora de tevê e também o Clube dos 13 — por não ter realizado a licitação — poderão ser multados e os contratos anulados.

Futebol brasileiro pode ficar semelhante à Espanha

A disputa pelo dinheiro da venda dos direitos de TV pode atrasar o fim da atual temporada do Campeonato Espanhol. E já criou um racha entre os clubes do país. A Liga de Futebol Profissional (LFP), que organiza as duas primeiras divisões nacionais, quer adiar os jogos da próxima rodada da 1ª divisão, nos dias 1º e 2 de abril. A entidade não concorda com a lei que determina que uma partida por rodada seja transmitida, gratuitamente, em TV aberta. A decisão sobre a realização ou não da greve acontece na próxima terça-feira.

Na verdade, a greve proposta pela LFP tem três motivos específicos. Os clubes querem restringir o uso da imagem do futebol nacional em veículos jornalísticos, exigem uma participação na lei que destina ao esporte uma parte da arrecadação local das loterias e querem acabar com a regra que permite a TV pública a exibição gratuita de uma partida do campeonato da primeira divisão por rodada. Atualmente o jogo transmitido é o de sábado, às 22 horas.

Segundo o diário esportivo “AS”, especialistas afirmam que a arrecadação dos clubes subiria dos atuais 600 milhões de euros por ano ( R$,1,5 bilhão) para 800 milhões de euros (R$1,8 bilhão) se não tivesse este jogo em TV aberta que é transmitido sem pagamento de direitos. No entanto, a maioria dos clubes não quer o adiamento da rodada.

Líder do movimento de resistência à decisão da LFP, o Sevilha aproveitou o “racha” para colocar na mesa a discussão sobre os direitos e os valores de transmissão do campeonato espanhol. O presidente do Sevilha, José María del Nido, disse que “é uma vergonha que a liga espanhola tenha a divisão mais desigual do continente europeu com grandes vantagens financeiras oferecidas para Real Madrid e Barcelona.” Os times negociaram individualmente seus jogos com a TV. Barcelona e Real receberam três vezes mais que Valência e Atlético de Madrid colocados na segunda faixa. Já o Sevilha recebe seis vezes menos que os dois primeiros e quer renegociar seus valores.

Com informações da Folha de S.Paulo e Máquina do Esporte


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora