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6 de janeiro de 2011
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20:58

Ipea: famílias brasileiras mais otimistas têm renda entre cinco e dez salários mínimos

Por
Sul 21
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Igor Natusch

O brasileiro segue acreditando no futuro do Brasil, mas está ligeiramente menos otimista. Em linhas gerais, é essa a conclusão da análise dos dados da quinta edição do Índice de Expectativa das Famílias (IEF), divulgado nesta quinta-feira (6) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O objetivo do índice é medir o otimismo das famílias brasileiras em relação à situação econômica do país. No mês de dezembro, o índice oscilou para 64,6 pontos, exatamente um ponto abaixo do mês anterior, que era de 65,6. Como o indicador aponta otimismo a partir dos 60 pontos, é possível dizer que, mesmo com a flutuação, a população brasileira segue confiante com relação a seu futuro. As famílias mais otimistas, segundo o estudo, têm ensino médio completo e renda mental entre cinco e dez salários mínimos.

Na escala proposta pelo IEF, percentuais de até 20 pontos apontam muito pessimismo; de 20 a 40 , pessimismo; de 40 a 60, neutralidade; de 60 a 80, otimismo; e de 80 a 100, muito otimismo. O levantamento foi conduzido por meio de entrevistas domiciliares, envolvendo 3.810 pessoas em 214 municípios das cinco regiões do Brasil.

Segundo os dados apresentados hoje (6), a oscilação para baixo verificou-se em todas as regiões do Brasil, com exceção do Sudeste, onde houve crescimento (de 64,73 para 64,97). Mesmo flutuando para baixo, a região Centro-Oeste segue a mais otimista do país, com 70,94 pontos, contra 70,65 do levantamento anterior. Logo atrás vem a região Sul (que tinha 69,45 pontos e agora tem 68,53), seguida do Sudeste. Os percentuais de otimismo menos significativos são os do Nordeste (caiu de 64,67 para 61,82 pontos) e o da região Norte (passou de 64,25 para 60,54). Embora as duas quedas tenham sido acentuadas, nenhum dos índices está aquém da margem de otimismo estabelecida pela pesquisa. “Ao contrário das outras regiões, Norte e Nordeste sempre apresentaram queda. A diferença é que, nessa edição, foi um pouco mais intensa”, explica Sandro Sacchet de Carvalho, técnico em planejamento e pesquisa do Ipea.

Otimismo deve continuar

Sacchet recomenda cautela na análise dos índices. “Não acredito que seja possível tratar essa oscilação como uma queda propriamente dita”, disse o cientista econômico do Ipea ao Sul21. Segundo ele, a flutuação é pequena e está dentro das margens de erro do levantamento. “É preciso comparar com novos índices, aguardar os próximos meses para ter base para comparação. A tendência, nas edições anteriores, era de crescimento. Precisamos de mais tempo para verificar se essa tendência está mudando de fato”, argumenta.

Sandro Sacchet explica que, na primeira edição do IEF, em agosto de 2010, a região Sul era a segunda menos otimista do país, superando apenas o Sudeste. Com a queda dos índices no Norte e Nordeste, o Sul acabou ganhando posições – o que, combinado com o aumento do otimismo na região, fez com que o Sul ficasse no segundo lugar no Brasil, atrás apenas do Centro-Oeste.

O maior grau de confiança na economia do Brasil foi registrado entre famílias com rendimento de cinco a dez salários mínimos e com ensino médio completo. Em contraste, o estudo mostra uma diminuição da confiança em famílias que ganham até um salário mínimo — percentual que, atualmente, está em 55%. Na faixa de 1 a 2 salários, o otimismo está em 59,7%. Entre aquelas que ganham de 2 a 4 salários mínimos, 63,7% manifestou otimismo. Na faixa entre 4 e 5 salários, 60,5% se mostram otimistas, e entre 5 a 10 salários mínimos, 65,8% confiam em melhorias na sua situação econômica. Nas famílias que ganham mais de 10 salários mínimos, 61,5% estão otimistas.

O levantamento do Ipea mediu também, entre outros fatores, a confiança da população brasileira em mudanças positivas a curto e longo prazo. A pesquisa aponta que 60,4% das famílias acreditam que o Brasil passará por bons momentos nos próximos 12 meses. Trata-se de um índice 3,6 pontos abaixo do registrado em novembro de 2010. Quando a pergunta amplia o período para cinco anos, 57,5% das famílias mantêm a confiança. As margens de pessimismo nos casos propostos ficam em 20%, para os próximos cinco meses, e 16,6%, para o período que vai até 2015.

Poder aquisitivo

Quando o assunto é a situação financeira, 77% das famílias brasileiras acreditam, segundo o Ipea, estar com um poder aquisitivo maior do que o apresentado no mesmo período do ano passado. E a confiança é em uma situação ainda melhor em 2011, já que 81% dos entrevistados acreditam que terão melhorias em sua condição financeira durante o ano. O otimismo financeiro, no entanto, não se reflete necessariamente em uma maior disposição de ir às compras. Segundo o IEF, 54,3% das famílias acham que o momento é bom para adquirir bens de consumo duráveis, enquanto 41,2% discordam, achando melhor esperar um pouco mais. Nesse sentido, 50,4% das famílias do Brasil estariam livres de dívidas, enquanto 78,6% dos entrevistados acreditam que estão em situação estável nos empregos que ocupam atualmente.

Outros dados do IEF tratam especificamente do potencial de endividamento das famílias brasileiras. O percentual de famílias que se declaram muito endividadas é de 8,4%, número considerado baixo pelo Ipea. A dívida média das famílias que lutam contra as contas atrasadas é de R$ 4.601,98 — uma queda de 1,71% em relação ao valor de novembro, que era de R$ 4,680, 23. Entre os endividados, 20% dizem estar com até metade da renda mensal comprometida, enquanto 22% afirmam que mais da metade de seus salários vai imediatamente para os carnês de cobrança.

Para o cientista econômico Sandro Sacchet, do Ipea, tratam-se de percentuais, de modo geral, positivos. “Pela primeira vez desde o começo das medições, temos mais da metade das famílias declarando não ter nenhuma dívida a pagar. Paralelamente, podemos constatar uma queda na proporção de famílias endividadas. A tendência, pelo que os dados nos mostram, é de que haja uma manutenção do otimismo junto à população”.


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