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1 de janeiro de 2011
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20:32

Dilma recebe faixa presidencial e diz que Brasil precisa “perseguir seus sonhos”

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Sul 21
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Dilma recebeu a faixa presidencial de Lula/ Foto Agência Brasil

Igor Natusch

Depois de cumprir o ritual de posse no Congresso Nacional, a nova presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, dirigiu-se ao Palácio do Planalto, para receber a faixa presidencial e dar posse aos ministros que farão parte de seu governo. Em um discurso de cerca de 20 minutos, dirigiu-se ao povo brasileiro, repetindo a ideia que animou sua fala anterior, no plenário da Câmara: a de que todos devem se unir para que o crescimento do Brasil tenha continuidade.

Na chegada ao Congresso, Dilma foi forçada, pela chuva, a passar pela chapelaria, no andar de baixo, ao invés de ir pela rampa. Na saída, porém, o temporal tinha passado, e a nova presidenta fez questão de encontrar o grande público que a aguardava na Praça dos Três Poderes. Acompanhada de senadores e deputados, Dilma ouviu, no alto da rampa do Congresso, o Hino Nacional, em meio a salvas de canhão. A seguir, desceu a rampa, passando as tropas em revista e saudando a população. Em determinado momento, fez uma pausa e foi até a bandeira brasileira, empunhada por um dos militares presentes. Segurou a ponta da bandeira e deu um beijo no símbolo nacional.

Dilma desfila com a filha Paula ao lado /Foto Agência Brasil

Com a melhora do tempo, Dilma também pôde desfilar em carro aberto no caminho até o Palácio do Planalto. Populares se espremiam junto às grades divisórias, ostentando bandeiras e gritando o nome da nova presidenta. Em outros momentos, era possível ouvir pessoas cantando também o nome do ex-presidente Lula. Ao lado de Dilma, a sua filha Paula. Ao contrário da mãe, que manteve o tempo todo vestido e casaco brancos, Paula trocou o vestido vermelho, que usou no trajeto da Granja do Torto até o Congresso, por um conjunto azul, com detalhes em preto. Em outro veículo, o vice Michel Temer seguia o carro de Dilma, acompanhado da esposa, Marcela.

Vestindo a faixa de presidente, Lula aguardava no alto da rampa do Planalto, acenando para populares e aplaudindo a comitiva que trazia Dilma Rousseff para a transmissão do cargo. Dilma subiu a rampa ao lado de Michel Temer, enquanto Lula aguardava ao lado de sua esposa, Marisa. No primeiro encontro de Dilma e Lula, um afetuoso abraço, seguido de um cumprimento ao público, quando todos, de braços erguidos e mãos dadas, posaram para fotos.

Dilma recebe a faixa de Lula / Foto Agência Brasil

A entrega da faixa foi breve, com muitos sorrisos. Logo após receber a faixa, Dilma ouviu o Hino Nacional. Na hora do discurso, Lula saiu discretamente, deixando as atenções concentradas na nova presidenta.

“Minhas mãos estarão abertas para todos”

“Estou feliz como raras vezes estive na minha vida, pela oportunidade que a história me deu de ser a primeira mulher presidenta do Brasil”. Com essas palavras, Dilma começou seu discurso. A seguir, lembrou as conquistas do governo Lula. “Foi um privilégio ter tido a chance de conviver com o presidente Lula, um governante justo e um líder apaixonado pelo país e por sua gente. Minha emoção pela posse se mistura com a despedida deste grande nome, que está gravado no coração do povo, o lugar mais sagrado desta nação. Saberei honrar esse legado e darei continuidade a essa obra de transformação do Brasil”.

Ela aproveitou também para prestar novas homenagens ao vice de Lula, José Alencar, que luta contra um câncer e não pôde comparecer à transmissão de cargo. “Quero prestar minha homenagem a outro grande brasileiro, que esteve ao nosso lado nesses oito anos: nosso querido vice-presidente José Alencar. Que exemplo de coragem e amor à vida nos dá esse grande homem”.

Dilma discursa no Parlatório ao lado de Michel Temer e sua mulher, Marcela / Foto Agência Brasil

Repetindo o que dissera pouco antes na Câmara Federal, Dilma pediu uma grande mobilização em nome do futuro do país. “Quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados, uma imensa força brota do nosso país, e todos nós avançamos juntos. Cuidarei com muito carinho dos mais frágeis e necessitados. Governarei para todos os brasileiros e brasileiras”. Também reservou palavras conciliadoras para seus opositores no período eleitoral. “Minhas mãos estarão abertas e estendidas para todos, desde nossos aliados de primeira hora até os que não estiveram conosco no período eleitoral. Trabalharei para que todos estejamos unidos”, garantiu.

“Não peço a ninguém que abdique de suas posições”, continuou. “Buscarei apoio e respeitarei a crítica. É o respeito às ideias que move as grandes democracias, como a nossa. Não carrego nenhum tipo de rancor. A hora, agora, é de união”.

“Meu sonho é o mesmo de qualquer cidadão”

Dilma Rousseff voltou a prestar sua homenagem aos companheiros de luta contra a ditadura militar. “Minha geração deu sua juventude, em um período de escuridão imensa, lutando em nome do nosso país. A meus companheiros, que tombaram nessa jornada, presto minha homenagem e a minha comovida lembrança”. A frase gerou uma grande salva de aplausos entre os populares que assistiam ao discurso.

Reforçando a novidade de ser a primeira mulher a governar o Brasil, a nova presidente pediu a todos os brasileiros que não parem de sonhar com um país ainda melhor. Emocionada, Dilma fez uma pausa para tomar água, e enxugou discretamente as lágrimas. “O meu sonho é o mesmo sonho de qualquer cidadão ou cidadã. De que um pai ou uma mãe possa oferecer a seus filhos oportunidades melhores do que tiveram. Esse sonho é o que constrói uma família e que ergue um país. Para governar um país continental, é preciso ter grandes sonhos, e persegui-los”.

“Vou estar ao lado dos que trabalham pelo bem do Brasil. Se todos trabalharmos pelo Brasil, o Brasil nos devolverá nosso esforço em dobro. Tudo que for plantado com mãos carinhosas será colhido com amor e alegria”, declarou. E concluiu pedindo ao povo brasileiro o esforço para construção conjunta de um mundo de paz. “Darei todo meu empenho e dedicação para que as transformações continuem e se expandam. Nosso país tem, hoje, condições de se transformar no melhor país para se viver”.

Entre os convidados internacionais, Hillary Clinton e Hugo Chávez

Após o discurso, Dilma dirigiu-se ao Salão Leste do Palácio do Planalto, onde recebeu os cumprimentos dos líderes internacionais presentes à cerimônia. Entre outros, estavam presentes o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates; o presidente do Uruguai, José Mujica; Mahmoud Abbas, da autoridade palestina; o primeiro-ministro da Bulgária (país onde nasceu o pai de Dilma), Boyco Borissov; a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton; e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A norte-americana e o venezuelano, opostos na política internacional, cumprimentaram Dilma em sequência.

Após os cumprimentos, Dilma foi despedir-se de Lula. De braços dados com Lula, a presidenta desceu a rampa do Planalto, em um gesto de deferência ao seu antecessor. Emocionado, Lula acenou para o público, com Dilma à esquerda e sua esposa, Marisa, ao seu lado direito. Ao contrário do previsto por parte da imprensa, não foi tocado o tema de vitória, tornado clássico pelas corridas de Fórmula-1, ou o antigo jingle da campanha de Lula, “Lula lá”.

Enquanto Lula rumava para São Paulo, Dilma retornou ao interior do Palácio do Planalto para dar posse ao ministério. Na medida em que seus nomes iam sendo anunciados, os integrantes do novo governo dirigiam-se até o púlpito, assinando o ato de posse e recebendo os cumprimentos da presidenta. Um dos primeiros foi Antonio Palocci, empossado chefe da Casa Civil – cargo ocupado com destaque pela própria Dilma durante o governo Lula.

Ao final da cerimônia, Dilma Rousseff se dirigiu ao Itamaraty, onde recepcionará 3 mil convidados com um coquetel. O trajeto entre o Planalto e o Itamaraty também foi feito em carro aberto, já que a chuva ofereceu trégua. Ao lado da presidenta estava sua filha, Paula Araújo. No caminho, o público aplaudia e gritava o nome da nova presidenta brasileira.


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