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10 de dezembro de 2010
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00:40

O peso das prefeituras do PT da Região Metropolitana no governo Tarso

Por
Sul 21
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César Barbosa
Vista aérea da cidade de Canoas | Foto: César Barbosa

Rachel Duarte

A partir das últimas eleições municipais no Rio Grande do Sul, a qual elegeu prefeitos do Partido dos Trabalhadores para as principais cidades da Região Metropolitana, a participação destes municípios passou a ser cada vez maior no cenário político e na consolidação de projetos coletivos para a região. Tal tendência deve acentuar-se com a eleição de Tarso Genro para o Governo do Estado. Representando quase 40% da população gaúcha, a Região Metropolitana de Porto Alegre possibilitou, além de votos para a eleição do futuro governador Tarso Genro (PT) e da futura presidente Dilma Rousseff (PT), experiências de políticas públicas importantes para o estado.

Os principais resultados são vistos nas cidades que desenvolveram governos de ampla coalizão, seguindo a lição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira delas foi São Leopoldo, onde foi eleito, ainda em 2004, o atual prefeito Ary Vanazzi. O trabalho realizado por ele no município teve aprovação de 77,38% da população na eleição seguinte.

A grande aprovação de Vanazzi e sua atuação no consórcio Pró-Sinos (que atua na resolução dos problemas comuns aos municípios banhados pelo Rio dos Sinos) influenciaram na eleição de pelo menos dois prefeitos do PT nas eleições de 2008. Nesta época, elegeram-se para as prefeituras de Canoas, Jairo Jorge; de Esteio, Gilmar Rinaldi; de Sapucaia do Sul, Vilmar Balin e de Novo Hamburgo, Tarcísio Zimmermann. O bloco político do PT predomina na chamada “linha do trem”, como foram batizados estes municípios, devido ao vínculo com a linha da Trensurb.

Um dos exemplos da força desta geografia política foi a descentralização da realização do Fórum Social Mundial de 2010 (FSM), que voltou a acontecer em Porto Alegre e dividiu a programação pela primeira vez com outros municípios. Entre as cidades que acolheram o FSM estiveram as principais prefeituras do PT.

Bruno Alencastro/Sul21
Ary Vanazzi / Foto: Bruno Alencastro/Sul21

Com a eleição de Tarso Genro, a tendência, segundo os entrevistados pelo Sul21, é de que este protagonismo da Região Metropolitana aumente. “Nós já vínhamos com uma atuação conjunta e de boa interlocução com o governo federal. Agora, com o alinhamento do governo estadual que até então estava alheio às nossas demandas, tendemos a ter mais atenção”, prevê Vanazzi.

O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, concorda com a expectativa do prefeito leopoldense e fala que a relação do governo Tarso com as prefeituras tende a ser republicana e de respeito para com a agenda apresentada pelos municípios ainda durante a campanha. “Apresentamos as demandas da região até 2014 para todos os candidatos. E o futuro governador já manifestou interesse em criar o Conselho Metropolitano”, falou.

Marco Quintan/Sul21
Foto: Marco Quintana/Sul21

Jairo Jorge é presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana-Granpal e mobilizou uma reunião com Tarso em novembro para apresentar a proposta de um órgão de gestão compartilhada entre os municípios da grande Porto Alegre. O Conselho Metropolitano está sendo estudado pela equipe de transição e, se for criado, dará ainda mais autonomia para os municípios e uma possibilidade maior de aporte de recursos.

Força de gestão x força política

Se, por um lado, com a troca no comando do Palácio Piratini para um futuro governador petista a possibilidade de uma gestão municipal in loco cresce, o mesmo não é tão provável na disputa política.

Na composição do governo Tarso, por exemplo, percebe-se uma participação maior das prefeituras de Canoas e São Leopoldo, porém principalmente no que toca à experiência de gestão dos quadros e do que na força de influência dos diretórios ou prefeitos.

Canoas

A nova corrente do PT, Diálogo e Renovação, que tem a liderança dos prefeitos de Canoas e Esteio não emplacou nenhum nome no primeiro escalão. As indicações foram de acordo com o resultado de trabalhos consolidados na cidade, como no caso de Canoas, com a aplicação integral do Pronasci – Programa Nacional de Segurança e Cidadania. O executor deste modelo, criado por Tarso quando ministro da Justiça, não por acaso foi seu antigo assessor em Brasília e atual secretário de Segurança Pública e Cidadania de Canoas, Alberto Kopittke.

Secretário de Segurança Pública e Cidadania de Canoas, Alberto Kopittke

Com apenas 28 anos e atuação política fora de Canoas, Kopittke é o quadro de maior peso que vem do governo Jairo Jorge para o estado. “Eu acredito que o resultado do trabalho da segurança em Canoas se deve ao prefeito ter assumido esta agenda como prioritária. Por isso que o resultado apareceu rápido e da maneira como foi. A união de todo o secretariado e da equipe qualificada que montamos na secretaria também contribuiu”, explica.

Primeira cidade fora de uma capital a receber o Pronasci, ainda em outubro de 2009, Canoas conta com 12 projetos em plena execução e investe aproximadamente R$ 9 milhões para redução dos índices de violência no bairro Guajuviras, o chamado Território de Paz. Alberto Kopittke será o coordenador deste mesmo modelo em todo o estado do Rio Grande do Sul a partir de janeiro de 2011. Ele assumirá como coordenador do Programa Estadual de Segurança com Cidadania, a versão estadual do Pronasci. A responsabilidade será alta, já que Tarso anunciou que esta política representará 70% do trabalho da Segurança no seu governo. “Existe uma nova geração dominando os espaços de gestão pública. Isso permite mais celeridade e capacidade de resposta imediata para atender a sociedade”, afirma.

Na avaliação do presidente do PT Canoas, Rubens Pazin, o resultado da política de segurança foi fundamental para elevar o patamar da cidade na disputa política. Ele acredita ainda que o PT de Canoas também soube compreender a coalizão montada por Tarso. A convivência dos integrantes do PT municipal com a indicação de Luiz Carlos Busato (PTB), ex-secretário de Planejamento Urbano e Habitação do ex-prefeito canoense Marcos Ronchetti (PSDB), como secretário de Obras e Irrigação do governo Tarso não é unanimemente aceita, mas acontece de forma respeitosa.

“Aqui nós já tínhamos um governo amplo, com a vice-prefeita Beth Colombo — que é do PP — e outros partidos de centro-esquerda, centro-direita. É assim que vamos credenciando Canoas, o partido e o Jairo”, disse Pazin.

O deputado federal canoense foi indicado pelos petebistas e acatado por Tarso. Com isso, o adversário de Jairo Jorge na eleição de 2008 e vice-prefeito no mandato de Ronchetti, Jurandir Maciel (PTB) ficou com espaço para assumir como deputado estadual na Assembleia Legislativa do RS. “Apesar de termos sido adversários nas eleições municipais, temos hoje uma relação muito forte. Eu trabalhei para eleger Tarso e Dilma pensando no projeto de mudança para a sociedade que eles representam”, disse Maciel.

O futuro deputado petebista não será o único canoense a ocupar cadeira no legislativo gaúcho. Uma das conquistas políticas do prefeito Jairo Jorge nesta eleição foi a vitória do primeiro deputado petista de Canoas na Assembleia Legislativa do RS: o ex-vereador Nelsinho Metalúrgico.

São Leopoldo

Bruno Alencastro/Sul21
Foto: Bruno Alencastro/Sul21

No caso de São Lepoldo, o ex-secretário de Habitação de Ary Vanazzi, Marcel Frison, foi indicado para a mesma pasta no governo Tarso também por mérito de gestão. O que o credenciou foi, muito mais que a força partidária, a consolidação de São Leopoldo como a cidade que mais construiu moradias na região. “Até o final do ano serão 7 mil unidades habitacionais”, diz Marcel.

Outro exemplo citado por Frison que credencia São Leopoldo e o prefeito Ary Vanazzi  foi a conquista dos recursos do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) em 17 dos 22 municípios que apresentaram projetos. “O prefeito viaja para Brasília sempre pensando nos municípios com menor arrecadação e com mais dificuldades financeiras. Isto é uma articulação política estratégica que traz muitos resultados”, fala.

Para o futuro secretário de Habitação e Saneamento, a Região Metropolitana, depois das eleições municipais de 2008, adquiriu nova dinâmica de integração e equação dos problemas, mas não só nas prefeituras do PT. “Durante o segundo mandato do governo Lula ocorreu um aporte de recursos de forma direta aos municípios pelo governo federal. Temos obras grandes que envolvem todos os municípios, por exemplo, que passaram a ser resolvida pelos próprios municípios”, explicou.


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