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22 de dezembro de 2010
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03:27

Ibsen Pinheiro é novo presidente do PMDB RS. João Alberto, de Torres, será secretário-geral

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Sul 21
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Igor Natusch

As reuniões foram longas, as conversas intensas, mas o PMDB gaúcho finalmente conseguiu definir a sua executiva para 2011. Ibsen Pinheiro, nome que oscilou nas últimas semanas entre provável e descartável, é o novo presidente estadual da sigla. Ibsen, identificado com as lideranças parlamentares, foi indicado pela chapa Unir Para Renovar, que fez 61% das cadeiras no novo diretório estadual, eleito domingo (19). Apesar de algumas resistências dentro do partido, o consenso foi de que o deputado federal, que não concorreu à reeleição, seria um nome capaz de conciliar interesses e evitar maiores desgastes dentro da sigla.

Os peemedebistas alinhados com Marco Alba, que na eleição do fim de semana conquistaram quase 40% do novo diretório estadual, podem não ter ficado com a presidência, mas saíram satisfeitos da reunião ocorrida na noite de terça-feira (21). Além de garantir uma das vice-presidências – a cargo do atual presidente da Associação de Prefeitos, Clair Kuhn – os prefeitos e vereadores que formaram a chapa Renovar Faz Bem deterão um posto estratégico na hierarquia partidária: a secretaria geral, que ficará a cargo do prefeito de Torres, João Alberto Machado.

Além da presidência, os integrantes do bloco identificado com as principais lideranças estaduais tiveram direito a dois dos três vice-presidentes. O primeiro posto foi preenchido por Maria Helena Sartori, deputada estadual eleita. O outro, em princípio, seria ocupado por Giovani Feltes. Porém, o deputado acabou não aceitando o posto, que foi dado então ao deputado federal Darcísio Perondi.

Bruno Alencastro/Sul21
Foto: Bruno Alencastro/Sul21

O nome de Ibsen Pinheiro chegou a estar praticamente descartado no domingo (19), logo após a eleição do novo diretório. Em conversas nos bastidores, membros da Chapa 2 deixavam claro que não viam em Ibsen um nome capaz de promover renovação no PMDB gaúcho. No entanto, o deputado federal não terá mandato em vigor a partir de 2011, o que contemplava uma das aspirações do grupo ligado a Marco Alba. Além disso, a nova executiva terá apenas um ano de vigência, sendo substituída em 2011 pelo voto direto de todos os filiados, o que faz da escolha de Ibsen uma decisão menos drástica do que poderia parecer a princípio.

Depois de várias conversas, concluiu-se que um nome com a vivência de Ibsen Pinheiro seria capaz de administrar o período de transição necessário para o novo modelo de eleição. A opção acabou superando outros nomes, como o de Eliseu Padilha, que enfrentava resistências e preferiu focar-se em um projeto nacional. A partir daí, e com a garantia dos parlamentares de que a Chapa 2 poderia indicar o secretário-geral, a costura em torno de Ibsen foi sendo realizada. “Concluímos que, dos nomes discutidos, o deputado Ibsen seria o de melhor trânsito entre as correntes”, admitiu o deputado estadual Gilberto Capoani, identificado com a chapa Unir Para Renovar.

Nomes foram encaminhados durante a tarde

Depois de uma longa série de encontros e telefonemas, que tomaram conta da tarde de terça-feira (21), a ideia dos envolvidos era chegar para a reunião do novo diretório, às 19h, já com uma composição bem encaminhada. À medida que os políticos iam chegando ao diretório metropolitano do partido, era possível perceber a confiança no rosto da maioria, sinal de que as discussões tinham evoluído de forma positiva. “Está tudo muito bem encaminhado, a decisão vai sair”, animava-se o presidente da Associação de Prefeitos do PMDB, Clair Tomé Kuhn.

Bruno Alencastro/Sul21
Foto: Bruno Alencastro/Sul21

Marco Alba, Gilberto Capoani e demais nomes identificados com a Renovar Faz Bem chegaram ao diretório metropolitano pouco antes das 19h30. Rumaram para uma sala menor, no primeiro andar do diretório, enquanto os identificados com a Chapa 1 (Unir Para Renovar) debatiam intensamente no andar de cima do pequeno edifício. A expectativa de todos era por uma posição sobre a proposta da Chapa 2, que queria garantir a secretaria geral para si. Alguns nomes foram sendo descartados em meio às discussões – entre eles, o de Alceu Moreira, que teria sido cogitado para uma das vice-presidências antes de ser barrado pelos apoiadores de Alba e Capoani. O deputado federal eleito saiu do diretório muito antes da decisão final sobre a nova executiva, demonstrando irritação.

Outros nomes, tidos como candidatos à presidência do PMDB gaúcho em determinado momento, acabaram passando quase incógnitos pela sede municipal da sigla. Entre eles, José Fogaça, ex-prefeito de Porto Alegre e candidato derrotado na eleição estadual deste ano. Apesar de receber a atenção dos jornalistas, Fogaça passou quase anônimo em direção à escada que divide os dois andares do prédio, sem a companhia de seus correligionários.

Por volta das 20h, o quadro começou a ganhar contornos definitivos. Membros das duas correntes reuniram-se no galpão crioulo do edifício, para discutir os últimos detalhes antes do anúncio do novo diretório. Já fechados em torno de Ibsen Pinheiro e João Alberto Machado, novo secretário-geral , buscavam agora aparar as arestas, definindo nomes para outros cargos de menor visibilidade. Com a lista fechada, voltaram ao salão nobre, onde a nominata foi aclamada.

Alguns nomes, porém, demonstraram desagrado, como o secretário-geral do PMDB de Porto Alegre, André Carús. Indicado para um dos assentos no Conselho Fiscal, Carús reclamou da decisão em sua conta no Twitter, dizendo que o PMDB/RS “mudou para pior” e que renunciará ao cargo durante a quarta-feira (22). “Fui colocado sem ser consultado”, disparou.

“Leitura correta”

Tetê Beloni / PMDB
Foto: Tetê Beloni / PMDB

“A unificação está feita”, disse o novo presidente do PMDB gaúcho, Ibsen Pinheiro, em entrevista após o encontro. Para ele, aquela tinha sido “a última reunião separada” da sigla, dando início a um período de “reconstrução política” do partido. “Foi um processo eleitoral muito proveitoso. O engajamento dos membros da Chapa 2 resultou em uma leitura correta da nossa situação partidária. Agora, cabe a nós juntar todas as forças, e buscar caminhos que mudem a situação na qual o partido se encontra”, afirmou.

Além de reforçar a necessidade do PMDB estadual tomar posições claras quanto ao governo estadual e o direcionamento nacional da sigla, Ibsen Pinheiro destacou a reaproximação entre base e executiva como processo fundamental para acabar com a “acomodação” do PMDB gaúcho. “Unidade é a parte mais fácil, que nós já alcançamos. Permanecer unidos é o mais difícil, e para consolidar essa união precisamos de uma boa formulação e de presença física junto às bases”.

João Alberto Machado, novo secretário-geral do PMDB gaúcho, é um nome que deve ter papel fundamental nesse processo. Prefeito de Torres, João Alberto é um dos articuladores de primeira hora do movimento que gerou a Renovar Faz Bem, tendo participado de várias reuniões no interior do estado, antes mesmo do alinhamento com Marco Alba. Sua postura combativa acabou dando ascendência a ele dentro da corrente, o que o credenciou como indicado para ocupar a secretaria geral. “Agora, é hora de andar muito, pelo estado todo. É o único modo de reconstruirmos a unidade”, disse João Alberto.

Marco Alba, que encampou as reclamações de prefeitos e vereadores e fez com que a pauta de reivindicações da Chapa 2 fosse aceita integralmente pelas lideranças peemedebistas, declarou-se “muito satisfeito” com o resultado final da composição. “O partido precisava dessa sacudida. Fizemos uma boa votação, mas não podíamos sair exigindo coisas, seria contradizer o que pregamos durante toda a eleição do diretório”, alegou. “A partir daí, fomos construindo uma convergência em torno da secretaria geral. Estamos confiantes de que, na executiva que foi construída conjuntamente, as nossas ideias terão espaço para acontecer”.

A nominata completa do novo diretório estadual pode ser conferida aqui.


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