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12 de novembro de 2010
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17:00

Márcio Biolchi: “Não devemos deixar todo o projeto a cargo de um só nome”

Por
Sul 21
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Marco Quintana/Sul21
Foto:Marco Quintana/Sul21

Igor Natusch

As eleições de 2010 lançaram o PMDB gaúcho em um verdadeiro turbilhão. Derrotado nas urnas, tomado por um racha entre parlamentares e municípios, órfão da liderança quase onipresente de Pedro Simon, resta aos peemedebistas uma profunda autoanálise e uma correção de rota. Márcio Biolchi (PMDB), deputado estadual reeleito com mais de 63 mil votos, tem a responsabilidade de conduzir a legenda em meio à tempestade. Ele assumiu de forma interina a presidência estadual do PMDB. Além de credenciado pelas urnas, Biolchi personifica a esperança de renovação dentro do partido. Com apenas 31 anos, está prestes a assumir o terceiro mandato na Assembleia, onde chegou a ser líder do governo Yeda Crusius (PSDB).

A conversa com o Sul21 tratou da sucessão de Pedro Simon e das discussões que tomam conta do ambiente interno da legenda. “O resultado dessa eleição não foi positivo para o PMDB”, admite Biolchi, que vê a elaboração de um projeto político como etapa fundamental na reabilitação estadual do partido. Mais importante do que preparar o PMDB para uma eleição, diz Márcio Biolchi, é desconstituir as dificuldades que lançaram sombras sobre o diretório estadual. Ao assumir a posição das urnas, o partido prepara uma “oposição responsável” para o próximo mandato. Analisa o passado recente, mas com a mente focada já nas eleições municipais de 2012.

Sul21 – Mesmo que ainda seja um deputado bastante jovem (31 anos), o senhor acabou de ser reeleito para o terceiro mandato consecutivo na Assembleia. Como avalia essa reeleição? Que desafios ela traz?
Márcio Biolchi
– Acredito que a gente conseguiu fazer com que as pessoas percebessem a nossa proposta. Foi a minha quarta eleição (foi também vereador em Carazinho), e essa experiência vai trazendo maturidade, um foco maior na atuação política. Eu entendo que um deputado não precise ter uma bandeira exclusiva, que deixe de fora outras áreas como saúde, educação e segurança. Como gestor público, creio que é preciso ter comprometimento, para que o poder público seja capaz de mudar a concepção que a sociedade tem dele hoje em dia, através de provas concretas. Precisamos de um estado eficiente, que gere resultado, que atenda as demandas sociais e cumpra seus deveres perante à sociedade, em todas as áreas. Esse tem sido talvez o carro-chefe do nosso mandato, é um norte que eu e toda a minha equipe usamos como balizador para nossas decisões. Não é uma receita complexa, a que a gente colocou nessa eleição. É uma receita simples, aproveitando a experiência das eleições anteriores e agindo de forma organizada.

Sul21 – O número de votos também aumentou (foram 63.932 em 2010, contra 49.268 de 2006)…
MB
– O resultado da eleição pode ter sido bom pelo número de votos, mas a eleição não é um prêmio: é um compromisso e uma responsabilidade. Então, vejo isso (a votação) com gratidão, mas não com o entusiasmo de quem sai com uma vitória. Eu acredito, isso sim, que tenho uma função a ser realizada – até porque a eleição se dá para períodos que virão, e não para os que passaram. Claro que os mandatos anteriores referendam, mas fica o recado de que a população quer que o trabalho continue na mesma intensidade, e também que o fosso que distancia o político da sociedade diminua.

Sul21 – Ainda que o senhor tenha sido reeleito, o senhor é um deputado jovem. A sua permanência na Assembleia demonstra, de certa forma, uma vontade da população em ver a política brasileira se renovar?
MB
– Acho que há um caminho natural para isso, no Brasil. Está ocorrendo uma renovação nas instituições, uma horizontalização das estruturas, digamos assim. Não é mais aquela coisa tão distante. Hoje, o acesso a informações, a comunicação entre a esfera política e a sociedade é uma coisa real. Há essa tendência, e o político precisa compreender, se adaptar e trabalhar nessa direção, senão acabará sendo excluído.

“Pelo fato de ter 31 anos, acho que ainda personifico essa expectativa de fazer política de uma maneira diferente”

Marco Quintana/Sul21
Foto:Marco Quintana/Sul21

Sul21 – Mas a quantidade de nomes abaixo dos 36 anos, na Assembleia, é significativa. Isso não é um indício de que, mais do que renovação de ideias, as pessoas querem renovação de pessoas também?
MB –
Acredito que sim. Nós tivemos a eleição de muita gente nova na Assembleia, alguns já com passagem aqui dentro, outros que estão entrando agora. Mas, na verdade, acho que não é algo que se restringe a essa eleição, especificamente. Esse mix de cabeças mais experientes com outras pessoas de mentalidade renovada, que é o que teremos na Assembleia, é algo que vem se repetindo a cada quatro anos. É um processo natural, às vezes mais acentuado talvez. E que demonstra que a política tem sempre que se atualizar. Não adianta eu ficar aqui defendendo apenas as bandeiras tradicionais, as que criaram o meu partido ou que fizeram história na política. O político tem que ser capaz de atender as demandas atuais também. Quando tu és um político novo, chega com uma cabeça mais arejada e tem essa tendência de trazer um conteúdo mais atualizado. Acho que essa parcela de renovação tem essa função. Apesar de estar indo para o terceiro mandato, eu me incluo (nessa renovação). Não vejo nenhuma dificuldade em justificar minhas posições, ou manter o meu trabalho acessível para o eleitor. Isso faz parte do meu cotidiano desde cedo. Pelo fato de ter 31 anos, acho que ainda personifico essa expectativa de fazer política de uma maneira diferente. Franca, aberta, justificada e responsável – termos que não podem apenas ser bonitos, mas que precisam ser praticados também.

Sul21 – E a renovação dentro do PMDB? O partido teve dificuldades nessa eleição. A mudança precisa ser estimulada dentro da sigla?
MB
– Acho que o resultado dessa eleição não foi positivo para o PMDB. Pode ter sido agradável para algumas pessoas… Mas também não é um resultado que exija algum tipo de sacrifício pessoal, uma atitude do tipo “perdemos por causa de fulano ou beltrano”. Isso tem origem em uma série de fatores, não em apenas um. Acredito que o maior problema tenha sido o posicionamento do partido. Deixamos de ser um partido renovador, ou talvez deixamos de ser percebidos desta forma, apesar de isso estar acontecendo no ambiente interno. Talvez as nossas causas também tenham deixado de ser percebidas pela sociedade da forma que gostaríamos. Acho que essa mea culpa, esse diagnóstico sem achar culpados, pode servir como combustível e nos impulsionar para frente. É o que estamos tentando fazer.

Sul21 – E como viabilizar essa renovação?
MB
– Nós temos agora, no final do ano, o processo de escolha de um novo diretório, de uma nova executiva. Um processo que estamos trabalhando acima de nomes. Não podemos personificar todo um projeto em cima de um só nome. Esse projeto precisa ser construído a várias mãos. O resultado da eleição, onde muitos (políticos do PMDB gaúcho) não foram eleitos, pode nos ajudar a trazer para a cúpula do partido, para os fóruns de discussão partidária, pessoas que até então não tomavam parte nesses processos. Noto que isso já começou a acontecer. Já se passaram 40 dias da eleição, já é bem visível dentro do PMDB essa ebulição interna, discutindo o partido e discutindo propostas. Temos que dar continuidade a isso, sem deixar cair, sem sentir demais o impacto dessa derrota. Precisamos tirar proveito disso, e tirar desse capital humano um projeto político que possamos executar. Um dos grandes desafios da política é ser percebida pelas pessoas, e essa é uma barreira que precisamos transpor. Sem isso, não vai haver milagre.

“Erramos na apresentação do projeto, em não tomarmos posições que deveríamos ter tomado no decorrer da campanha”

Sul21 – A saída do senador Pedro Simon da presidência estadual acabou ocorrendo em um momento que já era turbulento, com a derrota no primeiro turno da eleição para o RS. Como está sendo ser o presidente interino da sigla, em uma situação tão delicada?
MB
– Olha, talvez a saída do senador Simon tenha sido mais um gesto de reação ao resultado da eleição do que a responsabilização de alguém. Na verdade, o Simon é uma das pessoas que ajudou muito para que as nossas grandes vitórias fossem conquistadas. Com a saída dele da presidência, nós não tínhamos um líder natural para preencher esse espaço. Isso talvez tenha proporcionado que vários tenham se envolvido nesse assunto, e permitido que seja feito na prática o que pretendemos, que é ativar o partido como organismo político e renovar o entrosamento que deixamos de ter em alguns momentos. Além de permitir uma cumplicidade positiva e propositiva, ou seja, a compreensão da necessidade de estarmos unidos e trabalhando juntos. Isso que tinha se perdido internamente, por mais que não seja diretamente visível no resultado eleitoral, para quem vive os dois lados da moeda é muito claro. Até porque tu tens candidaturas que são resultantes dessa discussão interna, deputados que surgem dessa movimentação interna. Então, o posicionamento da nossa chapa foi problemático. E a gente percebe que não era problema de um candidato, e sim da maneira como se construiu essa candidatura. Nós não erramos no nome.

Sul21 – Onde o PMDB errou, então?
MB
– Erramos na apresentação do projeto, em não tomarmos posições que deveríamos ter tomado no decorrer da campanha. Mas essa dificuldade está conseguindo ser o grande unificador dentro do PMDB. De tal modo que nós estamos tendo, nessas últimas semanas, uma vida partidária muito mais intensa do que nos últimos anos. É claro que isso não pode ser apenas uma reação sazonal, tem que ser um posicionamento que vá durar por todo o exercício de mandato de um presidente comprometido com o diretório que vai ser formado até o dia 16 de dezembro, que será a data da nossa convenção.

“Nós também tivemos uma dificuldade de comunicação com o eleitorado, na medida em que não tivemos um candidato próprio para a Presidência da República”

Jefferson Bernardes / Palácio Piratini
Foto: Jefferson Bernardes / Palácio Piratini

Sul21 – Algumas pessoas do partido conversaram conosco e reclamaram da campanha, alegando que ela foi muito confusa, não apresentou as propostas da coligação e, por isso, não conseguiu se posicionar de forma clara para o eleitor. O senhor concorda com essa avaliação?
MB
– Concordo. Acho que a culpa não é exclusiva de alguém ou de algum departamento da campanha. Essas dificuldades tiveram origem há muito tempo atrás. Ficamos muitos anos em uma sequência de ganhar uma eleição e perder outra, ganhar uma, perder outra. Desta vez, nós perdemos uma, perdemos a outra e não ganhamos a seguinte. Então, o ciclo foi interrompido. E mais: perdemos a eleição em um turno só. Outro fator: tiramos um quadro que era prefeito da capital e fizemos dele candidato. Corremos um grande risco. Ou seja, as perdas não foram apenas no dia da eleição. Talvez a candidatura valesse mais para o PMDB do que valiam as outras candidaturas para os outros partidos, por conta desses riscos que o PMDB assumiu. Na nossa concepção, claro que nossa proposta era a melhor, senão não teríamos lançado candidato. Mas, entre a proposta e o eleitor, tem uma distância a ser percorrida. E essa distância não se percorre em três meses…

Nós também tivemos uma dificuldade de comunicação com o eleitorado, na medida em que não tivemos um candidato próprio para a Presidência da República, e não conseguimos definir um posicionamento com relação à chapa majoritária no primeiro turno. Tivemos dificuldades quando não conseguimos fazer as coligações que desejávamos com alguns partidos. Tivemos dificuldades na composição de candidaturas proporcionais, em especial para deputado federal… E temos que dar mérito também para quem ganhou a eleição. Não foi uma vitória construída apenas em cima das falhas de alguém, mas também com os méritos da organização da campanha do Tarso (Genro, PT). Então, acho que não dá para procurar a causa apenas dentro do PMDB, existe vida e causas fora do partido. É uma disputa, e nós fomos preteridos nessa disputa. Temos que nos preparar para que possamos ganhar no futuro.

Sul21 – E quanto à distância entre as lideranças estaduais e as bases do PMDB? Há críticas nesse sentido, já que os parlamentares, em sua maioria, tomaram uma posição (de apoiar Serra) e os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores optaram por outra (defender a candidatura de Dilma e Michel Temer). Há uma dificuldade de diálogo entre essas duas esferas? Se há, como corrigir isso?
MB
– Acho que essa pergunta tem mais de uma resposta. Isso (separação entre parlamentares e prefeituras) existe, mas não apenas no PMDB, e sim em toda a política brasileira. No momento em que nós permitimos as coligações, e descolamos as campanhas estaduais e nacionais das municipais, todos os partidos acabam sofrendo as consequências disso. No PMDB é mais visível, porque é um partido grande. Essa diferença de realidade política entre o diretório estadual e os diretórios municipais existe em todos os partidos. No próprio PT, por exemplo. Há 12 anos, quando ganhou a eleição para governador (com Olívio Dutra), a Frente Popular se repetia no estado e em vários municípios, começando por Porto Alegre. Hoje, nós vemos municípios nos quais o PT faz coligação com o PP e até mesmo com o DEM, aqui mesmo no Rio Grande do Sul. Então, essa esquizofrenia existe por conta do modelo político brasileiro e, se alguns critérios não mudarem, vai continuar existindo, porque está se enfraquecendo essa relação entre a vida partidária municipal e estadual. Especialmente na campanha estadual essa relação se fragiliza muito. Quando tu tens candidatura do partido (na chapa majoritária), isso se resolve, porque há um alinhamento natural na legenda. Agora, como no caso do PMDB gaúcho, tu tens um partido grande, sem ter uma candidatura própria na cabeça (eleição presidencial)… Além de uma grande dificuldade de relacionamento com o diretório nacional, que participou da chapa da Dilma. Ou seja, tínhamos todos os ingredientes para realmente não conseguir fechar um posicionamento único, unânime e natural. E foi exatamente isso que aconteceu.

“O que a gente precisa mesmo é de um projeto. E a melhor maneira de eu demonstrar essa convicção é justamente não sendo candidato”

Sul21 – Esse período de reflexão, essas conversas que envolvem a construção de um novo diretório estadual, estão ajudando o PMDB gaúcho a reencontrar seu rumo?
MB
– Acredito que sim, porque a nossa ideia não é preparar o partido apenas para a eleição (do novo presidente). A ideia é fazer com que a gente realmente consiga desconstituir todas essas dificuldades que a gente viveu, equacionar esses pontos que consideramos negativos para nossa vida partidária e que tiveram reflexos nessa eleição. Essa é uma discussão que vai se dar não apenas até a escolha do diretório ou da nova executiva. Ela inicia agora, vai ser adotada pelo novo diretório e executiva e será executada no decorrer dos próximos anos. No próximo ciclo, nós temos essa eleição para prefeito e vereadores. Então, é natural que o partido, no mesmo sentido em que quer fazer essa agenda na relação do estadual com o nacional, olhe também para os prefeitos. É um momento relevante, que traz reflexos em todas as outras eleições. Acho que a gente vai ter que manter esse equilíbrio, e melhorar esse posicionamento não só com o PMDB nacional, mas também com as realidades municipais. Isso vai dar trabalho, e tem que ser feito por todos. Não vai ficar a cargo apenas do presidente do partido.

Sul21 – Se o convidassem, o senhor permaneceria na presidência estadual do partido?
MB
– Foi condição para que eu ficasse como presidente, nesse período de transição, que eu não seria candidato na eleição (para a presidência do PMDB gaúcho). Eu não tenho essa pretensão. Tenho disposição para colaborar, ajudar, de ser um canal de interlocução para que se tome essa decisão. É o meu papel, como deputado e dirigente partidário. Mas, penso que nós podemos ter o nome (do futuro presidente) como um elemento secundário nessa discussão. O que a gente precisa mesmo é de um projeto. E a melhor maneira de eu demonstrar essa convicção é justamente não sendo candidato. Se o nome fosse importante, talvez eu não estivesse abrindo mão da candidatura. Mas o projeto é o importante, então quero olhar para o projeto. O nome do presidente a gente escolhe depois.

Divulgação
Foto: Divulgação

Sul21 – Além de perder a eleição para o Piratini, o PMDB também ficou sem a prefeitura de Porto Alegre, já que José Fogaça renunciou para concorrer. Agora, o PDT, partido que participou tanto da coligação municipal quanto da estadual, está prestes a entrar no governo de Tarso Genro. Como o PMDB está encarando isso? Já existe algum plano para reconquistar o governo da capital em 2012?
MB –
Nesse momento, nossas discussões são outras. Sobre candidaturas, ainda estamos tratando da eleição que passou. Particularmente, não tenho percebido, dentro do partido, essa discussão mais objetiva sobre Porto Alegre, por exemplo. Mas é claro que temos uma preocupação com as eleições municipais. Temos um partido que é extremamente grande dentro do estado, e detém muitas prefeituras. Abrimos mão de Porto Alegre, mas o projeto se mantém, através do prefeito (José) Fortunati (PDT). O PMDB mantém seu apoio, e o projeto que venceu nas urnas segue no governo da capital. Mas temos outras prefeituras relevantes, como Caxias do Sul, Santa Maria, Rio Grande e outras. A eleição municipal, para o PMDB, é uma eleição que corre no estado inteiro, vai muito além da Região Metropolitana. A eleição municipal, como meta para todo o estado, é um item que já está presente. Ainda não chegamos ao ponto de especificar nossas conversas em algumas cidades. Estamos olhando a reestruturação da legenda, mas levando em conta que, em pouco mais de um ano, temos eleições para prefeito. Mas em uma perspectiva geral, sem fechar o foco em alguns municípios. É um ingrediente que está presente.

Sul21 – Durante oito anos, o senhor fez parte da situação na Assembleia, seja no governo do peemedebista Germano Rigotto, seja como integrante da base de Yeda Crusius. Agora, passa a ser do bloco de oposição. Como será lidar com essa mudança? Qual é o futuro do PMDB gaúcho?
MB
– Vejo que temos que manter a coerência e respeitar o resultado das urnas. Nós tínhamos um candidato a governador, que não venceu, mas elegemos uma bancada significativa, não só pela quantidade, mas pelos políticos que a compõe. São pessoas experientes aqui dentro (na Assembleia). Mas a eleição passou. Nós não temos que ficar torcendo para que as coisas deem errado. Acho que o que precisamos levar em conta, do ponto de vista da bancada do PMDB, é a nossa responsabilidade com o estado. Perdemos uma eleição no primeiro turno de 2006 (quando Germano Rigotto não chegou ao segundo turno), no segundo turno demos apoio à governadora Yeda, e demos sustentação a ela aqui na Assembleia. E não foi para ganhar espaço no governo, porque nosso espaço, na verdade, até diminuiu. Nossa relação com o governo não foi movida por fisiologismo ou pragmatismo, é uma relação conceitual. Esses mesmos princípios que nortearam nosso trabalho nesses oito anos em que atuei como deputado, sinto que estarão presentes nos próximos quatro anos.

Sul21 – Desta vez, porém, o PMDB estará no bloco de oposição…
MB
– Não estamos aqui para tentar desestabilizar, dificultar a governabilidade. O governador Tarso é do PT, mas foi eleito pelo povo gaúcho. Será governador do estado e, portanto, será governador de todos nós. Claro que, no mesmo momento em que teremos a responsabilidade de ajudar no que for bom para o Rio Grande do Sul, vamos ter a autonomia de poder exercer o processo fiscalizatório de forma ampla e livre. Não estamos aí para fazer um processo de intervenção no governo ou para gerar problemas. Como deputado que atuou oito anos na base do governo, inclusive como líder do governo na Assembleia, sempre manifestei a importância de uma oposição responsável. Aquelas palavras que eu disse, quando era líder do governo, continuam valendo agora. O próprio termo “oposição” eu já considero um pouco açodado… Mas é um papel que eu considero muito importante que seja exercido, porque não dá, em situação alguma, para termos uma Assembleia faixa branca. Não é bom para a democracia. O governador Tarso está fazendo os convites, compondo seu governo com os partidos que concordam em apoiá-lo, mas também terá que conversar com os partidos de oposição. Essa é uma realidade que eu comprovei inúmeras vezes, na prática, e que se manterá naturalmente.


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