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24 de novembro de 2010
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16:16

Lula: “Não farei nada até o fim do governo sem consultar a Dilma”

Por
Sul 21
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Jorge Seadi

Esta manhã de quarta-feira (24) foi uma data histórica para as mídias alternativas e o Governo Federal. O Presidente Lula reuniu nove blogueiros para a primeira entrevista coletiva de um Presidente de República para este tipo de mídia.

Bem humorado, Lula conversou com os blogueiros por mais de 90 minutos tratando de vários assuntos tais como política externa, grande imprensa, igualdade racial, regulamentação da mídia, composição do STF e atuação da Polícia Federal em seus oito anos de governo.

Abaixo, a entrevista completa e, depois, os principais pontos (o áudio começa a 2min20):

A mais importante declaração foi quando o presidente, respondendo sobre a indicação de um ministro para o Supremo Tribunal Federal, disse que “neste restante de governo não farei mais nada sem consultar a Dilma”. E acrescentou que a presidente eleita irá indicar o ministro que terá grandes responsabilidades, como a de “ser o voto de minerva no caso Ficha Limpa, além de votar no processo do Mensalão e decidir sobre o caso Battisti”. Sobre este novo ministro e sobre aqueles que indicou o presidente Lula ressaltou que “devem decidir e votar pelo conhecimento deles”. E acrescentou: “nunca fui daqueles de chamar um candidato à vaga e dizer ‘vou te nomear, mas terás que votar ao meu favor'”. Ao longo de seus dois mandatos, o presidente Lula nomeou sete dos 11 ministros do STF e disse que eles foram escolhidos após várias consultas. Ao responder a uma pergunta sobre se a cara do governo era a cara do Supremo, o presidente respondeu que dava “graças a Deus de que o Supremo não tivesse a cara do governo”.

O presidente Lula elogiou o trabalho da Polícia Federal afirmando que “nunca se investigou tanto neste país como nos oitos anos do meu governo”. E lembrou que a sua própria família foi investigada. Ressaltou que foram feitos grandes investimentos em equipamentos e em pessoal especializado para que a PF fizesse o seu trabalho. Mas o presidente pediu que “primeiro se investigue, obtenha provas e só depois divulgue”. E lembrou que quanto mais se investiga a corrupção, mais ela aparece. A Polícia Federal fez um grande tabalho, vai continuar fazendo, e “vai deixar este país mais transparente”.

O presidente Lula começou sua carreira política no sindicalismo e, por isso, não poderia faltar a pergunta sobre a relação com o trabalhador brasileiro. Nesta âmbito, o presidente conversou sobre dois temas. O primeiro sobre a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. E o presidente, usando sua experiência como líder sindical, disse aos representantes dos principais grupos trabalhistas do país que “fizessem da redução da jornada de trabalho um movimento político”. Pediu que fossem buscar na sociedade o apoio necessário para que este assunto fosse tratado no Congresso. “Como presidente não posso enviar um projeto ou editar uma medida provisória para um assunto como este” e acrescentou que os grupos organizados devem fazer o movimento necessário para que a jornada de trabalho de 40 horas seja implantada. O segundo tema foi o fator previdenciario, uma criação do governo Fernando Henrique Cardoso que prejudica o trabalhador. Lula explicou o motivo pelo qual vetou a tentativa do Congresso em acabar com o fundo dizendo que ” a Previdência não tem como sobreviver se não for com as condições atuais”. Lembrou que fez uma acordo com as lideranças para colocar o reajuste do salário mínimo como algo corriqueiro até 2023 “o que daria ao mínimo um reajuste anual de 10%, mas não foi aprovado pelo Congresso”. E terminou afirmando que o salário mínimo e o fator previdenciário serão temas que terão que ser discutidos no próximo governo.

E o presidente falou também sobre a grande imprensa. Disse que a imprensa deve e precisa ser criticada e que vai deixar para a presidente eleita um esboço de regulamentação da mídia eletrônica. Ao falar sobre os momentos inesquecíveis de seu governo, o presidente Lula começou pelo mais negativo, o mais triste. Este foi o dia do acidente com um avião da TAM que caiu no aeroporto de Congonhas. Depois das primeiras informações, desencontradas, o presidente contou que assistiu pela televisão a cobertura do acidente e que foi responsabilizado pela morte de 200 pessoas. Disse que ouviu coisas que o deixaram magoado. E ao lembrar deste momento, o presidente Lula reforçou a necessidade de haver um órgão regulador, acrescentando que isto existe nos maiores países do mundo.

E o fato positivo de seu governo foi o de que “é possível fazer as coisas no Brasil”. Ressaltou que já se fez muito, mas que muito ainda precisa ser feito. Aproveitou para elogiar a escolha do povo por Dilma Rousseff  afirmando que “ela conhece a máquina e vai fazer muito mais e muito melhor do que foi feito até hoje e ainda será um exemplo extraordiário da capacidade da mulher brasileira”.  E chamou a atenção para os mais novos, afirmando que será um privilégio para os mais novos viver a época atual porque vão “ver e ter um país muito melhor”.

Terminou a entrevista revelando que ficará de quarentena nos próximos quatro meses para só depois voltar a vida política. E colocou alguns objetivos: o primeiro será convencer o seu partido, o PT, da necessidade de se fazer a reforma política no Brasil; o segundo será o de levar para a América Central e África a experiência brasileira em políticas de atendimento ao pequeno agricultor, ao microcrédito e outras ações para o povo; depois vai usar seu tempo para discutir política “trabalhando para que o Brasil não volte atrás”. E prometeu que será mais um blogueiro e um usuário do twitter.

Com informações do blog do Planalto.


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