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18 de novembro de 2010
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18:14

Enem pode ser realizado em duas edições em 2011

Por
Sul 21
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Rachel Duarte

A aplicação de duas edições do Exame Nacional do Ensino Médio com a garantia de validade da nota mais alta por até três anos foi uma das alternativas encontradas pelo Ministério da Educação (MEC) para amenizar a presença de estudantes em um mesmo dia de prova. O Brasil é o único país a aplicar um exame nacional tão abrangente como o Enem em um único dia, o que ocasiona há dois anos problemas estruturais. Este ano, a aplicação apresentou um erro de impressão em um lote das provas, o que levou a discussão para o campo jurídico.

Segundo informações da assessoria de imprensa do MEC, a aplicação dupla do Enem 2011 tem previsão para acontecer no final dos meses de abril e outubro. A medida será poderá ser adotada enquanto o governo federal trabalha na elaboração de um banco de questões para tornar a realização do Enem digital. A estimativa é de que serão necessários quatro ou cinco anos para formulação das 150 mil questões. Com este sistema,  o aluno poderá fazer a prova do lugar que estiver, pelo computador e sair com o resultado impresso na hora que realizar a prova. A informatização da aplicação do Enem irá eliminar a relação de impressões por meio de gráficas e diminuir a incidência de estudantes em uma mesa data de prova.

Para o presidente da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES), Thalisson Silva, o MEC tem está avançando rapidamente para evitar os problemas como os ocorridos em 2009 e 2010. “Em 2009 a prova foi roubada da gráfica da Folha e neste ano houve o erro na impressão e as respostas foram rápidas”, avalia. Segundo Thalisson, as medidas adotadas este ano para a realização dos futuros exames servem como uma espécie de vacina contra as críticas sobre a credibilidade do Enem. “Porque hoje, no caso de qualquer problema que o estudante tenha, ele tem que esperar até o próximo ano e isso gera um peso psicológico, abrindo margem para aqueles insatisfeitos tentarem desconstituir o Enem”, acredita.

O diretor do Curso preparatório de vestibular Fleming, Jorge Ignácio Szewkies, concorda que houve resposta por parte do MEC no caso do Enem e compara com outras provas feitas no Brasil, que também geram problemas. “A aplicação de concursos públicos também ocasiona incidentes. Isso é comum em provas globais que exigem uma logística maior”, ressalta. O diretor defende a realização do Enem e avalia o conteúdo das provas como de excelente qualidade. “As questões são multidisciplinares e possibilitam o estudante a pensar e não apenas reproduzir conteúdos decorados”, fala.

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Foto: Divulgação

Acesso sem vestibular

O Brasil é dos poucos países de grandes dimensões que ainda tem processos seletivos à educação superior nos moldes do vestibular. Pelo modelo, os alunos são obrigados a pagar taxas elevadas de inscrição, deslocar-se pelo país para fazer provas, caso queiram ingressar em instituições fora da cidade onde moram, e usar a nota para apenas uma universidade. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em sua nova configuração, foi elaborado para acabar com o modelo do vestibular.

Atualmente são 83 instituições de ensino superior e universidades federais que já utilizam o Enem como parte da nota ou método único para ingresso acadêmico. A tendência é ampliar cada vez mais e democratizar de vez o ingresso dos jovens nas universidades. Segundo a visão do MEC, o caminho do Enem é mais democrático, traz uma mobilidade acadêmica desejável e permite que o estudante bem informado não precise fazer cursinho.

Para o presidente da Uges, Thalisson Silva, a extinção do vestibular é positiva. Thalisson argumenta que no Rio Grande do Sul a Unipampa e a Universidade Federal de Pelotas já utilizam o Enem como método único de ingresso. “Isso resolve a violência que são os vestibulares para os jovens. Pois o vestibular é uma prova para quem tem condições de se preparar além do conhecimento adquirido no Ensino Médio; os estudantes que trabalham não têm tempo para se preparar”, exemplifica.


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