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2 de novembro de 2010
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23:05

Confrontado por jornalistas, José Dirceu reafirma inocência

Por
Sul 21
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Felipe Prestes

Um dia após Dilma Rousseff se sagrar a primeira mulher eleita para a presidência da República, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT) foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura. Durante a primeira meia hora de programa, Dirceu foi confrontado diversas vezes pela apresentadora Marília Gabriela e pelos jornalistas Augusto Nunes, Paulo Moreira Leite, Guilherme Fiúza e Sérgio Lirio para defender-se sobre o caso que ficou conhecido como mensalão. Dirceu reafirmou sua inocência. “Nesses anos todos, em todas as investigações, inquéritos, processos, CPI’s eu fui absolvido. Inclusive na Justiça Federal eu já fui absolvido na primeira e na segunda instância. Não há nada contra mim”.

Dirceu afirmou ainda que não houve compra de voto de parlamentares, mas caixa 2 para campanhas eleitorais. Dirceu considera que foi pré-julgado e linchado pela imprensa e políticos de oposição. E criticou o uso eleitoral de sua imagem pela campanha de José Serra à presidência. “Eu sou inocente. Eu não posso aceitar o que o José Serra fez comigo. Ele me apresentou para o país como se eu fosse chefe de quadrilha. (…) Me linchou, como grande parte da imprensa me pré-julgou. O que faz grande parte da sociedade brasileira acreditar nisso”.

O ex-ministro relatou que a campanha petista entrou com um pedido de resposta para defendê-lo, que foi negado pela Justiça Eleitoral. “Infelizmente a Justiça Eleitoral mudou seu entendimento e disse que quem não é candidato não pode ter direito de resposta. Isso é um absurdo. Como não vou ter direito de resposta se o Serra me apresenta de maneira covarde?” José Dirceu afirmou também que as críticas que recebeu da campanha do tucano, fizeram com que Serra perdesse votos. “Não deu nenhum voto. Aliás, ele perdeu voto da juventude brasileira, da inteligência do país com esse tipo de campanha. Obscurantista, a exploração religiosa. Ele tinha (votos dessas camadas). Ele perdeu. É só olhar o resultado eleitoral”.

Dirceu criticou também o discurso dado por José Serra ao reconhecer a derrota. “Discurso do Serra foi pequeno. Me surpreendeu pela agressividade dele. Pelo ressentimento, inclusive interno, no partido dele. (…) Acho que ele não foi generoso com  a nossa vitória, nem com a eleição da Dilma Rousseff e nem com o país, porque foi o povo que deu a vitória a ela”.

O ex-ministro, que hoje faz parte da direção nacional do PT, negou “atuar nos bastidores” da política, e disse que trabalhou abertamente para ajudar a eleger a candidata petista. “Percorri o país, defendi o nome dela (de Dilma) desde fevereiro de 2009. Trabalhei para as alianças, principalmente com PMDB, PSB, PC do B e PDT. Pelos palanques estaduais que lhe deram a vitória, alguns deles foram fundamentais”, relatou.

Dirceu reafirmou também que não terá nenhuma participação no próximo governo, e explicou que precisa primeiro se defender no STF, pelas acusações que sofreu no caso conhecido como mensalão. “Primeiro (antes de participar do governo) eu tenho que prestar contas à Justiça, já que estou sendo acusado no STF de ser chefe de quadrilha e de corrupção. Não é pouca coisa”. O ex-ministro disse que deseja que o STF realize seu julgamento o mais rápido possível.

O petista defendeu a necessidade da Reforma Política para acabar com problemas como o caixa 2 de campanha. Relatou que o governo enviou projeto, que foi rejeitado pelo Congresso, o que atribuiu a uma articulação feita pelo PSDB. “O PT e o governo apresentaram uma reforma política, ela foi derrotada. O PSDB articulou com PP, PTB e PR e derrotou financiamento público de campanha, voto em lista, fidelidade partidária e outras medidas em 2009”.


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