Noticias|Últimas Notícias>Política
|
6 de outubro de 2010
|
18:08

Tarso quer aumentar arrecadação sem subir os impostos

Por
Sul 21
[email protected]
Tarso quer aumentar arrecadação sem subir os impostos
Tarso quer aumentar arrecadação sem subir os impostos
Wilson Dias/ABr
Tarso: impostos de micro e pequenas empresas serão desonerados / Foto: Wilson Dias/ABr

Rachel Duarte

O governador eleito no Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), reforçou alguns compromissos firmados em campanha e que fazem parte de seu programa de governo, durante conversa de 92 minutos com os jornalistas do grupo RBS. Ele participou, na manhã desta quarta-feira, 6, do painel RBS, transmitido pela TV Com. Ele também respondeu a perguntas enviadas pelos gaúchos à emissora.

Tarso reiterou que a definição do seu secretariado e a transição com o governo Yeda Crusius (PSDB) ocorrerá em novembro. Sobre um possível constrangimento com o partido de oposição e a herança do governo ser da tucana, Tarso enfatizou que espera uma transição de nível e tranquila como já se comprometeu em fazer. Ele garantiu continuidade em contratos e projetos em andamento, bem como as políticas adotadas pelo governo atual e que forem de interesse coletivo, mas salientou que irá contar com o modelo e o apoio do ex-governador Olívio Dutra. “Todos os governos tem algo de positivo. E aprender com os erros do outro também é importante. Certamente os erros, que não foram poucos do governo atual, nós não iremos cometer”, afirmou.

Sobre uma participação de Olívio Dutra na composição do governo, Tarso desconversou dizendo que ia depender do Olívio, mas que teria sido ele o primeiro quadro que conversou depois de eleito.

Olívio disse ainda na terça-feira (5) ao Sul21, que para contribuir com o governo não precisava necessariamente ter um cargo, que é o que ele já vinha fazendo. “Minha contribuição não será diferente do que já vem sendo. O trabalho com as forças sociais e políticas que queremos para governar bem não estão condicionadas neste ou naquele cargo. Quero contribuir, sim, com a experiência que acumulei, mas nem quero ter cargo ou mandato para ter responsabilidade política”, disse.

Critérios para o secretariado

Quanto aos critérios para a montagem do governo, Tarso Genro disse que a preferência será por especialistas ou profissionais afins com as áreas. “Têm que ter afinidade intelectual com o trabalho pelo qual serão responsáveis e a pretensão de ficarem todos os quatro anos. Não serão cargos para formação de quadros políticos que queiram concorrer a cargos políticos em dois anos”, falou. O futuro governador afirmou ainda que os nomes escolhidos podem ser de pessoas sem vínculos partidários.

Captação de recursos

Perguntado sobre a votação do orçamento do estado, em votação na Assembleia Legislativa, Tarso disse que reforçou as necessidades para a bancada do PT, mas que não irá interferir em nenhum ato institucional da atual gestão estadual. Ele disse ainda que irá aproveitar ao máximo os recursos da União e outras formas de financiamento. “Pretendo aumentar a arrecadação, com agilidade e eficiência na cobrança dos impostos, mas sem aumentá-los, fiscalizando melhor a sonegação. No ano que teremos um crescimento positivo e vamos aproveitar para captar isso e desonerar o estado e investir em outras áreas. Eu vou desonerar os impostos das micro e pequenas empresas para auxiliar na arrecadação do Estado”, assegurou.

Relação federal

Perguntado sobre como será a relação com o governo federal, caso o presidente eleito seja o tucano José Serra, Tarso foi enfático: “Sinceramente, eu não vejo possibilidade de isso acontecer. Mas, o Brasil já avançou muito na democracia, portanto, se isso acontecer, minha relação será a mesma que já tive em outros momentos”, afirmou, lembrando que teve boas relações com partidos de oposição quando ministro da Justiça.

Luciana

O futuro governador do RS brincou com a questão da filha, a deputada federal Luciana Genro (PSol), que não conseguiu a reeleição e está impossibilitada de concorrer a cargo eletivo no estado, em razão do mandato do pai. “Isso é carma de família. Eu fui o 12º mais votado e o PT não tinha legenda para me colocar. Mas, é uma norma correta, que pode contemplar injustiças. A Luciana está sendo barrada por uma lei justa, mas de modo injusto, porque nunca teve uma relação protecionista comigo. Ela sempre foi, inclusive, da oposição ao meu partido. Ela deve buscar recurso judicial, mas o resultado da interpretação da Justiça não tem como saber qual será”, disse Tarso.

Cultura

Perguntado sobre um tema que não apareceu nos debates eleitorais, a Cultura, Tarso disse que a concepção do seu governo será de fomento da produção cultural autônoma do Estado. “Esta é uma área que deve ser auxiliada, pois agrega valor ao Estado e nas relações internacionais. Por exemplo, cito o Festival de Teatro, que se originou no governo Olívio Dutra. E, para comandar esta pasta, vou escolher uma pessoa que dialogue com autonomia com a pluralidade cultural do RS. Aqui temos a tradição gaúcha e uma intelectualidade de alto nível”, afirmou.

Saúde

Tarsou afirmou que a  saúde é uma área prioritária no seu governo. Disse que o ideal é que os doentes possam se tratar no seu próprio município, desonerando a rede pública de Porto Alegre. Como exemplo nacional de sucesso na área, citou as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que tem êxito no Rio de Janeiro no atendimento de urgência e emergência. Tarso também disse que irá fortalecer o Programa de Saúde da Família (PSF) e os hospitais regionais. “Com relações políticas e institucionais conjugadas e harmoniosas, teremos recursos para fazer tudo isso”, falou.

Imprensa

Perguntado sobre como será a relação com a imprensa e se o secretariada terá liberdade para dar entrevistas, Tarso disse que  os secretários terão autonomia, desde que falem da sua própria área e sem criar fatos políticos. “Vou recomendar que só chamem a imprensa quando tiver algo já em execução, para não criar fatos que atrapalham o governo e coloquem o governo em constrangimentos”, disse.

Gabinete de prefeitos

Em seu governo, Tarso disse que terá uma sala de prefeitos com estrutura técnica e tecnológica para que eles possam acessar exemplos de projetos e fontes de financiamento de outros lugares do país e do mundo. “E vou aparecer na sala também para aproximar a relação com os prefeitos sem discriminação partidária”, falou.

Pedágios

A concepção de Tarso sobre o sistema de pedágios “é de que é algo necessário para qualquer lugar do país”.  E justificou: “a malha viária aumentou no país e o orçamento do estado não acompanhou a previsão de recursos, então teremos que manter o sistema de pedágio”, falou. Porém, diferenciou o sistema que pretende elaborar, do que está em vigor. “Temos que pegar o sistema que está em vigor e readequá-lo porque ele é nocivo. O contrato em vigor deverá ser seguido, mas, no ano que vem, vamos rever o melhor para adotarmos. Mas adianto que o pedágio de Farroupilha nós vamos acabar e se os empresários quiserem, já podem nos procurar para negociações”, alertou.

Copa do Mundo

O tema da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, foi perguntado por internautas. Tarso respondeu que a preparação do estado será por meio de investimentos de infraestrutura e segurança. “Usaremos o mesmo modelo de segurança adotado pelo governo federal na época dos jogos Pan Americanos. Esta foi a primeira tarefa que tive quando entrei no Ministério da Justiça. E manteremos um diálogo com o prefeito José Fortunati (PDT), com quem tenho amizade e é sério para questões institucionais”, garantiu.

Saneamento Básico

Sobre o tema do saneamento básico e a relação com as agências reguladoras, Tarso disse que irá aproveitar os recursos do governo federal e irá revisar as contas da Corsan. “Temos que ter também um regime de repartição da água mais abrangente no estado. Água potável tem que chegar no interior do estado”, falou.

Corrupção

Sobre atos de corrupção no governo, Tarso disse que é algo que pode acontecer em qualquer esfera de governo. “Todos os regimes abrigam alguma possibilidade de corrupção. Por isso, nós teremos uma estrutura de transparência para fazer devassa, com avaliações permanentes, junto com a Polícia Federal para acompanhamento prévio antes mesmo da publicação de editais ou das licitações terem ocorrido”, afirmou Tarso.

“Temos também que contar com a imprensa para tornar público qualquer caso. E se isso acontecer, cobraremos do gestor as explicações, que se não forem convincentes ele sai do governo”, garantiu.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora