Rachel Duarte
O primeiro teste da via e da rede aérea da Linha I da Trensurb, entre as cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo, no Vale do Rio dos Sinos, foi realizada hoje (26), com a presença do ministro das Cidas, Márcio Fortes (PP) que esteve, também, em Esteio. Promovido pela empresa Trensurb e pelo Consórcio Nova Via, responsável pela obra, o teste foi um presente para as duas cidades que, há 16 anos, esperavam ser contempladas pelo metrô, que facilitará a mobilidade na região.
A viagem experimental aconteceu a partir das 11 horas, saindo da última estação do sistema atual, a São Leopoldo, até a estação Liberdade, a primeira da linha nova, em Novo Hamburgo. Entre as duas, estará a estação Rio dos Sinos. O trajeto durou cerca de 10 minutos. Conforme o metrô avançava, era recebido com acenos da comunidade local. Crianças, que aguardavam ao final da linha, do lado de fora da estação, gritavam o nome de Lula, imaginando que o presidente desembarcaria na plataforma.
A comitiva que acompanhou Márcio Fortes era integrada pelos prefeitos dos dois municípios – Ary Vanazzi, de São Leopoldo, e Tarcísio Zimmermann, de Novo Hamburgo -, diretores da Trensurb, deputados e vereadores. O carro utilizado para a viagem teste estava tão lotado que as autoridades puderam vivenciar o dia-a-dia do trabalhador, que utiliza o metrô em horário de pico.
Ao final do percurso, Fortes concedeu uma entrevista coletiva. Garantiu que está sendo pensada a compra de novos vagões e a criação de uma nova estação, a Fenac, entre as estações Liberdade e Novo Hamburgo, atendendo a um pedido do legislativo hamburguense. “Vamos analisar a possibilidade de construir uma nova estação, paralela ao andamento da obra de expansão já iniciada, para não ter que fazer uma nova obra, ao concluir os trabalhos. E isso inclui esperar as definições da nova administração federal para, então, definir os valores que poderão ser alocados”, disse.
Sobre a possibilidade de permanecer no ministério das Cidades, num possível governo da petista Dilma Rousseff, e qual será o contingente herdado pela próxima gestão federal, Márcio Fortes desconversou. “Esta pergunta não deve ser feita para mim. (risos) E a expansão da Trensurb é obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e obra do PAC é obra garantida. Os recursos do PAC são bloqueados. Então, não são contingenciados. Por isso pudemos executá-lo na época da crise econômica mundial”, disse.
Pauta eleitoreira?
Sobre a visita de dois ministros – dele e do da Saúde, José Gomes Temporão – ao estado, no prazo de dois dias, às vésperas da eleição presidencial, Márcio Fortes negou que elas sejam eleitoreiras. “Quem diz isso não sabe compreender a importância da obra”, afirmou o ministro da Cidades, referindo-se à nova linha do metrô. Ele disse que visita assiduamente o RS, porque preside o Conselho de Administração da Trensurb.
Márcio Fortes lembrou que a obra começou em fevereiro deste ano, com prazo previsto de um ano e meio para a entrega. O trabalho, segundo o ministro,está dentro do prazo de execução. “Devemos ter o funcionamento comercial das novas linhas em março de 2011. Portanto, estes testes são necessários e normais. Convidei inclusive a governadora para estar aqui conosco”, afirmou.
O presidente da Trensurb, Marco Arildo, também reforçou os argumentos sobre a normalidade da agenda desta manhã. “Nós estamos até atrasados. Já deveríamos ter feito estes testes em setembro, mas, com o problema da remoção das famílias, tardamos. Assim que o corpo técnico me liberar, vamos abrir as novas estações para os usuários testarem”, falou.
Mesmo sem ter pretensão eleitoral, a viagem foi uma oportunidade para o ministro Márcio Fortes responder ao discurso do candidato tucano à presidência, José Serra. No final da semana passada, deslocando-se de tem para Canoas, Serra prometeu construir trens dentro de Porto Alegre. “Com o PAC 2 (lançado em maio deste ano), prevemos R$ 18 bilhões para obras viárias e de mobilidade, que incluem modais como DLTs (Bondinhos), BRTs (metrô de superfície) e os metrôs. Estaremos chamando em breve as cartas consultas para verificar o modelo de metrô de superfície que virá para Porto Alegre e outras capitais brasileiras”, garantiu o ministro. Fortes também fez questão de salientar a dedicação atual do governo federal para com a Trensub no RS. “Estamos modernizando a trenagem dos vagões, substituindo trens mecânicos por trens eletrônicos, investindo em segurança e na celeridade das viagens, além de estarmos com uma nova estação Mercado, no Centro”.
Mais de 60% concluídos
A expansão da Linha 1 da Trensurb até Novo Hamburgo ultrapassou, no mês de setembro, a marca de 60% de sua execução. A 1ª etapa da obra, que será entregue no início de 2011, começa no final do trecho junto à estação São Leopoldo e termina na Estação Liberdade, localizada logo após a divisa dos municípios de São Leopoldo e Novo Hamburgo (Arroio Gauchinho). Compreende 4,9 quilômetros de via elevada, duas estações, uma ponte metroviária e uma ponte ferroviária e está dividida em cinco trechos.
O projeto de expansão da Linha 1 da Trensurb de São Leopoldo a Novo Hamburgo prevê, ao final da obra, mais 9,3 quilômetros de extensão, com todo o trecho em via elevada e quatro novas estações. São elas: Rio dos Sinos, em São Leopoldo, e Liberdade, Fenac e Novo Hamburgo, localizadas no município de Novo Hamburgo. Segundo o ministro das Cidades, Márcio Fortes, a obra da Trensurb tem investimento de R$ 652 milhões para construção dos 9,3 quilômetros.
Com a ampliação das linhas, o transporte de metrô no Rio Grande do Sul passará a atender em 30 mil novos usuários. A média atual é de 180 mil passageiros/dia. O planejamento para o transporte ampliado até Novo Hamburgo, utilizando a mesma frota, está sendo feito. A estimativa da Trensurb é de aumentar em, no máximo, dois minutos o tempo de espera pelos trens em horário de pico.
Segundo o presidente da Trensurb, Marco Arildo, o ministro das Cidades garantiu a compra de seis novos carros, mas, não para a primeira etapa da extensão. Ele estima aumentar 50% da capacidade de transporte de usuários, em carros novos e com ar condicionado e estacionamento nas novas estações, mas, para a segunda etapa. “Nós fizemos um estudo e apresentamos ao ministro (Fortes), sobre o desenvolvimento econômico na região com a expansão do metrô. Em três anos, teremos mais de 150 mil novos prédios nas proximidades das estações, entre estabelecimentos comerciais e residencias. Pretendemos estar, daqui a dez anos, transportando 350 mil pessoas por dia”, projeta.
O que já está concluído:
Elevado: 72,73%
Ponte ferroviária: 93,79%
Ponte rodoviária: 93,71%
Estação Rio dos Sinos: 74,5%
Estação Liberdade: 78,99%
Sistemas: 51,38%
Remanejamento de moradias: 189 casas construídas e entregues (100%)
Total: 64,04%
Realocação das famílias
O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, recordou que a expansão da Trensurb respeitou a vida dos moradores que vivem entre o rio dos Sinos e a nova estação, diferente do feito em épocas anteriores. “Quando o trem foi expandido até Sapucaia, não se teve a mesma preocupação. Agora, estamos realocando estas famílias em uma área com toda a infraestrutura necessária. Até escolas nós pensamos”, falou.
As 650 pessoas removidas vão para um terreno de mais de 17 hectares, em casas geminadas, de 42 metros quadrados cada. A maioria terá dois pisos, mas algumas terão somente um piso, adaptadas para cadeirantes e idosos. O projeto também prevê infraestrutura de água, luz e esgoto. Além disso, haverá pontos comerciais, centro comunitário, duas elevatórias do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae), escolas de ensino fundamental e infantil, posto de saúde, parque, praça, cancha poliesportiva coberta, central de reciclagem e um prédio para a sede da Associação Meninos e Meninas de Progresso, atualmente localizada na linha de passagem dos trilhos no bairro Rio dos Sinos.
Para isso, a garantia da Secretaria Nacional de Habitação foi de R$ 60 mil e bolsa aluguel para o período temporário de algumas famílias.
Esteio
O ministro Márcio Fortes esteve também em Esteio, onde inaugurou, ao lado do prefeito Gilmar Rinaldi (PT), a nova passarela, que liga a Vila Pedreira à BR-116. “Começamos a reivindicar essa obra depois que três crianças morreram aqui, em um acidente. É excelente essa ação pois agora teremos mais segurança para nossa comunidade”, afirmou o líder comunitário do bairro Novo Esteio, Ênio Florêncio da Silva.
Mais tarde foi assinada a ordem de serviço para o início das obras da Avenida Beira-Arroio, considerada a “mais importante obra da história de Esteio”, pelo prefeito Rinaldi.
