Felipe Prestes
O governador eleito de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) desembarcou no Rio Grande do Sul, nesta segunda-feira (25), para cumprir agenda em Porto Alegre e Santa Maria. Na Capital, concedeu entrevistas a meios de comunicação, pela manhã, e visitou a governadora Yeda Crusius (PSDB) no Palácio Piratini, no início da tarde. Em entrevista coletiva no Piratini, Alckmin defendeu a candidatura à presidência da República de José Serra (PSDB) com os mesmos argumentos utilizados pelo próprio candidato. Disse que Serra irá fortalecer estatais, defendeu a privatização da telefonia e ressaltou a experiência do candidato tucano.
Em seguida, Alckmin rumou para Santa Maria, onde deve se encontrar com o prefeito Cezar Schirmer (PMDB) e participar de ato pró-Serra no comitê suprapartidário da candidatura (Rua General Neto, 185, Centro). Às 18h, o tucano deve retornar para São Paulo.
A visita de Geraldo Alckmin à governadora teve atraso de quase duas horas. Estava marcada para o meio-dia, mas os dois colegas de partido chegaram ao Palácio Piratini pouco antes das 14h. Yeda recebeu o governador eleito de São Paulo na ala residencial do Palácio, acompanhado de apoiadores de Serra no estado, como os deputados Osmar Terra e Darcísio Perondi, do PMDB, Germano Bonow, do Democratas, e Cláudio Diaz, do PSDB.
A governadora presenteou o paulista com um livro sobre a história do célebre político gaúcho Oswaldo Aranha e o convidou para a inauguração de um busto do ex-governador e ex-diplomata, que ocorrerá na quarta-feira (27), no Palácio. Ouviu do colega que será muito difícil ele estar presente.
Alckmin tem percorrido o país, nos últimos dias de campanha, para auxiliar José Serra. De sexta-feira (22) para hoje (25), esteve no Rio de Janeiro, interior de São Paulo, e em estados das regiões Norte e Centro-Oeste. Depois da agenda de hoje no Rio Grande do Sul, deve se concentrar na Região Metropolitana de São Paulo.
Após o encontro com Crusius, ainda no Palácio Piratini, concedeu entrevista coletiva na qual revelou otimismo na vitória de José Serra. “O Serra deve crescer aqui (no RS). Ganhou, no primeiro turno, no Paraná e em Santa Catarina. No Centro-Oeste, está muito bem, no Norte está crescendo. No Nordeste pode diminuir muito a diferença. No Rio de Janeiro e em Minas Gerais também”, acredita.
Geraldo Alckmin acredita que os dois debates que ainda serão realizados – hoje na Rede Record, e sexta-feira, na Rede Globo – podem ter bastante importância na definição dos eleitores. Ele não antecipou os temas nos quais José Serra poderá se fixar, nestes debates, para tentar ganhar o voto do eleitor. Mas aposta na preparação e na experiência do candidato, enumerando inclusive todos os cargos que José Serra ocupou na vida política.
Ajuste das contas
Geraldo Alckmin teceu elogios à administração da tucana Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Comparou o ajuste das contas do estado com o que Mário Covas teria feito em São Paulo. “Yeda fez um trabalho extraordinário, como o Mário Covas em São Paulo, de ajuste das contas do estado. E, por outro lado, recuperando investimentos”.
Após o elogio, Alckmin titubeou ao ser perguntado se as propostas de José Serra, de aumento do salário mínimo e reajuste da aposentadoria, eram coerentes com a bandeira tucana de ajuste fiscal. Depois de pensar por uns segundos, explicou: “Governar é escolher. Pode-se fazer economia em áreas onde há desperdício”. O tucano aproveitou para criticar a valorização do real e as altas taxas de juros do país. Lembrou que “estados exportadores” como Rio Grande do Sul e São Paulo são prejudicados pela alta da moeda brasileira.
Outra pauta que Alckmin considera importante para o Rio Grande do Sul, em especial para a Região Metropolitana, é a questão do transporte. Alckmin revelou que antes de José Serra visitar pela última vez o estado disse para o colega não se esquecer de “reforçar a ponte (sobre o Guaíba) e a melhora do trem”.
Alckmin defendeu ainda o candidato do seu partido no que se refere ao tema das privatizações. Garantiu que José Serra, caso eleito presidente, irá “fortalecer” estatais como a Petrobras. Disse ainda que considera que as privatizações feitas no Governo FHC foram “importantes” e rebateu as suposições dos petistas de que um novo governo tucano realizaria privatizações. “É um pouco o PT querendo fazer o discurso do medo”.
De olho em Schirmer
Na última sexta-feira (22), o vice de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB), visitou Santa Maria e foi recepcionado pelo prefeito da cidade e colega de partido Cezar Schirmer. A visita ao prefeito da sexta maior cidade do estado despertou preocupação entre os apoiadores de José Serra. Primeiro foi o próprio Serra, também na sexta-feira, que, durante entrevista em um grupo de comunicação, pediu para que uma repórter de Santa Maria levasse um abraço seu para o prefeito.
Hoje, após a coletiva de Alckmin, Yeda Crusius revelou que pediu ao governador eleito de São Paulo que fale sobre as benfeitorias da administração estadual tucana em Santa Maria. “Eu o avisei para perguntar para o Cezar Schirmer sobre todos os investimentos do Rio Grande do Sul em Santa Maria”, disse a governadora.
