Igor Natusch
Um dos candidatos a vice na corrida presidencial passou sem muito alarde por Porto Alegre nessa segunda-feira (13). Hamilton Assis (PSOL), vice na chapa de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) à Presidência da República, cumpriu agenda no RS, e concedeu entrevista ao Sul21 pouco antes de deixar o estado. A aparição de Hamilton acabou tendo pouca visibilidade, e não apenas pela polarização das candidaturas na corrida pelo Planalto. Originalmente agendada para o dia 16, a visita foi remarcada em cima da hora, e pegou de surpresa até mesmo pessoas ligadas ao partido.
Boa parte da agenda de Hamilton Assis em Porto Alegre foi dedicada à visita de duas comunidades quilombolas na região metropolitana – a da Chácara das Rosas, em Canoas, e a Família Silva, no bairro Três Figueiras, em Porto Alegre. Ele lamentou a situação que presenciou nesses dois lugares. “Esses quilombolas enfrentam uma situação perversa de desigualdade racial”, denunciou. “Mesmo morando em terrenos que são reconhecidamente seus, eles são tratados como indesejáveis. Estão cercados, criminalizados e sem acesso a moradia digna. É uma situação terrível, e que é totalmente ignorada pelo poder público”, acusa.
Além da visita aos quilombos, Hamilton participou de almoço no Acampamento Farroupilha e do lançamento do Comitê de Negros e Negras do PSOL do Rio Grande do Sul. A inauguração do comitê ocorreu na sede do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência do RS (Sindisprev-RS).
“Plínio é menosprezado”, diz Hamilton
O candidato a vice comemorou o que considerou um desempenho “espetacular” de Plínio de Arruda Sampaio no debate dos presidenciáveis, exibido pela Rede TV! no último domingo (12). “Sou até suspeito para falar, mas o Plínio é sem dúvida o único que faz diferença nos debates. Não sei como as participações dele não repercutem ainda mais”, diz Hamilton.
Para o vice, os veículos de imprensa tendem a menosprezar a candidatura de Plínio, sem tratá-la com a seriedade que dedicam a outros candidatos ao Planalto. “Há uma tendência de tratar o Plínio como uma figura exótica, além de a gente perceber um preconceito a pessoas mais velhas também”, afirma Hamilton. “Mas qualquer um que preste atenção no que ele diz vai perceber que ele é um homem corajoso, cheio de qualidades políticas e com o vigor necessário para promover grandes mudanças no Brasil”, garante.
“Disputamos sempre para ganhar”
Embora admita que o resultado das aparições de Plínio pode não ser imediato, Hamilton Assis nega que o PSOL tenha planos de médio prazo. “Disputamos todas as eleições para ganhar, seja para presidente, governador, senado ou Câmara”, assegura. Mas não nega as limitações impostas à candidatura: “Há um bombardeio midiático a favor de alguns candidatos. Isso cria uma situação desfavorável para qualquer um que traga uma proposta diferente desse consenso, que a mídia abraçou como projeto para o Brasil”.
Hamilton Assis não poupa palavras ao falar dos três principais adversários de sua candidatura – Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). “Não há divergência profunda entre os três candidatos, nem mesmo quanto aos objetivos de cada um”, dispara. E defende as propostas de seu partido como as melhores para o país. “Para quem busca diferença, o caminho está nos partidos de esquerda. E o PSOL tem recebido muita simpatia da população. Claro que a mídia de modo geral não nos dá espaço, porque estaria criando uma cobra para mordê-la, como se diz por aí. Mas acreditamos na nossa proposta, e o apoio que temos recebido nos encoraja a seguir sempre em frente”, conclui.
