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21 de setembro de 2010
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04:07

Em debate morno, discussão de ideias fica de fora

Por
Sul 21
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Em debate morno, discussão de ideias fica de fora
Em debate morno, discussão de ideias fica de fora
Divulgação
Foto: Divulgação

Igor Natusch

Quem estava esperando emoção, discussão de ideias ou mesmo troca de farpas entre os candidatos, vai ter que esperar pela próxima vez. O debate dos candidatos ao governo do RS, promovido pela Rede Record na noite desta segunda-feira (20), foi carente de grandes discussões e ofereceu poucos elementos para quem esteja indeciso sobre seu voto em 3 de outubro. Com pouco tempo para falar e limitados por uma estrutura que dificultava o confronto de ideias, os candidatos acabaram fazendo um debate morno, que pouco acrescentou ao panorama eleitoral do Rio Grande do Sul.

O debate foi mediado pelo jornalista André Haar, e contou com a presença de sete dos nove candidatos ao Piratini. O critério de seleção foi a presença de candidatos ligados a partidos com representação na Câmara. Os convidados foram Aroldo Medina (PRP), Carlos Schneider (PMN), José Fogaça (PMDB), Montserrat Martins (PV), Pedro Ruas (PSOL), Tarso Genro (PT) e Yeda Crusius (PSDB).

O programa, dividido em quatro blocos, reservou dois deles para apresentação e despedida de cada um dos sete candidatos, reservando pouco mais da metade dos 80mins de programa para o debate em si. Com um único bloco dedicado a perguntas e respostas entre os candidatos, restou pouco tempo para debater ideias e modelos de desenvolvimento para o estado. Resultado: um debate pouco aprofundado, com discussões que quase não evoluíam, devido ao pouco tempo disponível para as respostas. Mesmo questões polêmicas, como os recentes escândalos na esfera federal, ficaram sem espaço no programa. O curto espaço para as considerações de cada candidato se evidenciou em outro problema: as constantes interrupções. Muitas perguntas e respostas saíram pela metade, já que a produção do programa desligava os microfones logo após o encerramento do tempo previsto para cada manifestação.

Primeiro e segundo bloco

Após um primeiro bloco dedicado à apresentação dos candidatos, houve uma segunda parte dedicada a perguntas diretas a cada um dos candidatos. Os momentos mais significativos do segundo bloco ficaram a cargo de José Fogaça (PMDB), que prometeu a ampliação do diálogo com o magistério, e Monserrat Martins (PV), que propôs a adoção de um planejamento estratégico para racionalizar o transporte gaúcho. Enquanto Fogaça defendeu a aplicação do Fundopem, estendendo-o para cooperativas ao redor do estado, Tarso Genro (PT) pregou a instituição de um “novo Fundopem”, que combata desigualdades sociais e ofereça seguro cambial para pequenas empresas.

O mais próximo de um confronto no segundo bloco ficou a cargo das respostas de Yeda Crusius (PSDB) e Pedro Ruas (PSOL) no assunto segurança. Yeda comentou sobre iniciativas de seu governo na área, como o aumento de remuneração ao corpo policial e a ampliação de vagas prisionais no estado. Pedro Ruas respondeu à tucana, dizendo que a política de déficit zero de Yeda foi na verdade uma política de “investimento zero”, e que segurança é a soma de emprego, saúde e educação – pontos, segundo Ruas, negligenciados no governo de Yeda.

Terceiro bloco

O debate, até então morno, deu sinais de que poderia esquentar no terceiro bloco. No entanto, o que acabou se vendo foram algumas “tabelinhas” pouco emocionantes entre os candidatos. A mais curiosa foi entre Carlos Schneider (PMN) e Yeda Crusius (PSDB). Em um primeiro momento, Schneider fez uma questão inesperada à Yeda, levantando o assunto do contrabando de vinhos. Em um segundo momento, foi Yeda quem perguntou para Schneider, aproveitando sua réplica para defender a política de investimento de seu governo.

Aroldo Medina (PRP) questionou José Fogaça (PMDB) sobre as pesquisas eleitorais, ao que o candidato peemedebistas respondeu apontando uma “contradição” e uma “defasagem de números” que prejudicariam a credibilidade das mesmas. “Pesquisas são um crime contra a sociedade”, disparou Medina em sua réplica. Fogaça retribuiu, perguntando para Medina sobre segurança – chance para o próprio Fogaça falar sobre o assunto, usando a réplica para defender a presença ostensiva da Brigada Militar como maneira de tranquilizar a sociedade.

Alguns poucos momentos renderam uma discussão mais intensa de ideias. Pedro Ruas (PSOL) questionou o candidato petista sobre a regulamentação da emenda 29, que aumentaria os repasses federais para a saúde nos estados. Tarso Genro (PT) posicionou-se a favor da medida, dizendo que a responsabilidade pelo não avanço da emenda cabe ao Congresso Nacional. Em sua vez de perguntar, Tarso indagou Montserrat Martins (PV) sobre o Simples Gaúcho, plano de incentivo a pequenas e médias empresas que atribuiu ao ex-governador petista Olívio Dutra. Montsserat garantiu que lutará pelo retorno do Simples, além de fazer uma brincadeira com o candidato petista – “tenho certeza que, se pudesse, você votaria na Marina (Silva, candidata do PV à Presidência)”, comentou.

Considerações finais

“Se formos honrados com a maioria dos votos, vamos integrar a Metade Sul no crescimento do RS”, afirmou Tarso Genro (PT) em suas considerações finais. “Com Dilma (Rousseff, candidata do PT à Presidência), vamos estabelecer um laço comum com o governo federal, e os gaúchos e gaúchas sairão da apatia em que se encontram hoje”. Pedro Ruas (PSOL) preferiu ressaltar seu partido como um diferencial que se opõe a “tudo que o eleitor detesta” na política. “O PSOL enfrenta a corrupção, é um partido necessário para todos os cargos públicos do país”, defendeu.

Yeda Crusius (PSDB) afirmou que o RS cresceu mais do que o Brasil nos últimos seis meses, e pediu o apoio do eleitor gaúcho para manter a melhor qualidade de vida do país. José Fogaça (PMDB), por sua vez, disse representar um grande projeto de mudança. “Nosso maior objetivo é cuidar das pessoas, e é isso que eu e o Pompeo de Mattos (PDT) faremos”, garantiu.


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