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22 de setembro de 2010
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18:19

Atos divergentes saem às ruas em nome da democracia

Por
Sul 21
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Atos divergentes saem às ruas em nome da democracia
Atos divergentes saem às ruas em nome da democracia
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Capa da edição do dia 05/09/2010 do jornal Folha de São Paulo | Imagem: Reprodução

Felipe Prestes, Igor Natusch e Milton Ribeiro

A cidade de São Paulo tem sido, nesta semana, o epicentro das eleições presidenciais. Na capital paulista, a nova onda de denúncias contra o governo federal e as respostas do presidente Lula – que tem acusado os grandes veículos de imprensa de se comportarem como partidos políticos – tomaram as ruas. Nesta quarta-feira (22) um grupo de intelectuais, juristas e artistas assinou um “Manifesto pela Democracia”, lido ao meio-dia, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Entre outras críticas ao governo federal e a Lula, o manifesto afirma que “inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático”. De outro lado, entidades sindicais, movimentos sociais e partidos políticos realizam ato público em desagravo que vai ao encontro das declarações de Lula. O “Ato público contra a imprensa golpista” ocorrerá nesta quinta-feira (23), às 19h, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

“Manifesto em Defesa Da Democracia”

Logo após a leitura na Faculdade de Direito, o “Manifesto em Defesa da Democracia” foi reproduzido em alguns dos principais veículos de imprensa do país. Entre os signatários estão nomes como o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Velloso; o poeta Ferreira Gullar; o embaixador Celso Lafer; e o religioso brasileiro Paulo Evaristo Arns. O objetivo do manifesto, segundo seus participantes, é “brecar a marcha para o autoritarismo” adotada pelo governo federal, que estaria estimulando e financiando ações de “grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa”.

“Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, OS inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático”, acusa o manifesto. O documento apresenta várias críticas ao presidente Lula, em especial ao modo como o presidente estaria promovendo o “uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político”. As recentes acusações de corrupção no governo também estão presentes no manifesto. “É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos. É constrangedor também que ele (Lula) não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos”, diz a nota.

O Manifesto pela Democracia propõe “uma firme mobilização” em favor da preservação dos valores constitucionais e da liberdade de imprensa. “É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo”, declaram os signatários. “É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo. Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos”, encerra o documento.

O cientista político José Arthur Gianotti, um dos que assinou o Manifesto pela Democracia, acredita que “estamos diante de abusos sistemáticos da legalidade”, o que seria “sinal de que vem trovoada por aí”. Gianotti exemplificou como um destes abusos o fato de o presidente Lula ter declarado que órgãos de imprensa agem como partidos políticos e de o presidente do Senado José Sarney ter dito que a imprensa era um quarto poder. Para Gianotti, esses políticos demonstram estar “desacostumados” com vozes contrárias às suas atitudes. Gianotti citou ainda o fato de Lula ter sido “multado várias vezes pela Justiça Eleitoral”. “O presidente é quem deve zelar pelo cumprimento da Constituição”, afirmou.

O cientista político elogia o trabalho que veículos de imprensa vêm fazendo, com várias reportagens que denunciam irregularidades no governo federal. “A quantidade de denúncias que estamos vendo é um trabalho meritório da imprensa, é essencial para a democracia. Se ela estiver abusando, quem deve avaliar isso é o Judiciário”.

“Ato público contra a imprensa golpista”

O ato público contra a “imprensa golpista” é encabeçado pelo Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, grupo que aglutina comunicadores ligados a mídias alternativas. Entre os participantes, estão representantes dos partidos políticos PT, PC do B, PSB e PDT. Também devem estar presentes integrantes das centrais sindicais CUT, Força Sindical, CTB e CGTB, além do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Um dos organizadores do evento, o fundador do Movimento dos Sem Mídia (MSM) Eduardo Guimarães afirma que veículos da imprensa tomam posição no pleito presidencial sem declará-lo: “há uma clara tentativa de influir no processo eleitoral”. Guimarães diz que alguns desses veículos “têm uma trajetória de participação em golpes de estado”. “O Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo colaboraram com a Ditadura Militar”.

Eduardo Guimarães salienta que veículos que têm concessão pública, como emissoras de rádio e televisão, não podem, por lei, manifestar apoio a qualquer candidato. “Há veículos que têm concessão pública e que está fazendo campanha para José Serra”. Na sua opinião de Guimarães, mesmo os veículos impressos têm que agir com responsabilidade durante as eleições. “Vamos pedir oficialmente, no ato público, respeito à população. Pediremos um processo eleitoral limpo”.


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