Movimentos
|
4 de abril de 2019
|
14:27

FURG realiza Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária

Por
Sul 21
[email protected]
Programação dos próximos dias da Jura na FURG, em São Lourenço. (Divulgação)

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura) chega pela segunda vez ao Campus São Lourenço do Sul da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), na região Sul gaúcha. O evento iniciou nessa segunda-feira (1º) e segue com uma série de atividades, distribuídas em sete encontros, até o dia 28 de maio.

Conforme Graziela da Rosa, professora do Curso de Licenciatura em Educação do Campo e coordenadora local da Jura, a intenção é marcar o período conhecido como Abril Vermelho e discutir diversos temas relacionados à Reforma Agrária na universidade. A atividade tem a participação de povos tradicionais, indígenas, Sem Terra, agricultores camponeses e familiares, pescadores, quilombolas e pomeranos. “Nosso objetivo é aprender com esses sujeitos, dar visibilidade aos povos que estudam com a gente. Precisamos aprender com eles, porque senão não é educação do campo”, aponta.

A educadora acrescenta que, apesar de ser voltada a estudantes do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, a programação é aberta à comunidade em geral. No primeiro dia teve debate sobre a inserção da temática indígena em salas de aula, documentário sobre povos indígenas e diálogos com Guaranis M’bya e Kaingangs. Na terça-feira (2), a Jura tratou de “Re (Existências), expulsões e perseguições do povo tradicional Cigano”.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participa do evento na próxima terça-feira (9), quando Roberta Coimbra, assentada e integrante do Setor de Produção, dará uma aula sobre “Direitos humanos, a Pedagogia da Terra e Educação do Campo em Movimento”. “Vamos tratar da situação do Brasil, com um olhar para a Reforma Agrária, a produção agrícola e a educação do campo. A aula vai trazer o histórico do MST, os espaços que construímos e os cursos que conquistamos. A ideia é abrir um debate com os estudantes, tirar dúvidas e construir um diálogo que seja enriquecedor e bom para todo mundo”, adianta.

Jura debateu como incluir a temática indígena em sala de aula. (Foto Graziela da Rosa)

Até o dia 28 de maio, várias lideranças da região, além de pesquisadores que trabalham com povos tradicionais e de diversas instituições, se somarão às discussões. Elas tratam de temas como os “Conflitos ambientais da pesca artesanal”, o “Povo pomerano e a sua luta pela terra”, e “Povos tradicionais quilombolas e educação: uma discussão necessária”.

Edição da resistência

São Lourenço do Sul foi fundado há 135 anos. O município, que está localizado a 200 quilômetros de Porto Alegre, a Capital do Rio Grande do Sul, possui dez povos tradicionais, número significativo para a realidade local, que carrega um histórico de colonialismo e escravidão, mas também de diversidade de população. Nesse contexto, a primeira edição da Jura no Campus São Lourenço do Sul da FURG aconteceu em 2016.

Evento propiciou vivência com o povo Cigano. (Foto Graziela da Rosa)

Graziela lembra que recebeu ameaças das forças reacionárias da região por organizar a atividade. “Existe uma resistência por parte da sociedade que não entende o significado das palavras Reforma Agrária. Na primeira edição da Jura eu fui ameaçada. Disseram que se o evento acontecesse, mandariam vir 200 homens armados de Bagé. Há esse tipo de ameaça quando a gente se propõe a dialogar com a comunidade a história, as lutas e a resistência desses povos tradicionais e da luta pela terra”, finaliza a professora.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora