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20 de março de 2019
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17:24

Chefes de cozinha e representantes de prefeituras conhecem produção orgânica do MST

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Sul 21
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Primeiro dia de visitação na semana da 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológio. (Foto: Maiara Rauber)

Por Maiara Rauber
Da Página do MST

Na semana da 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra do Rio Grande do Sul promoveu uma visita em assentamentos da Reforma Agrária, na região Metropolitana de Porto Alegre. A convite do MST, chefes de cozinha e algumas prefeituras que adquirem o alimento cultivado pelas famílias assentadas, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), compartilharam de uma agenda de dois dias, além de participarem do evento na sexta-feira (15) em Nova Santa Rita, também na região Metropolitana da capital. O objetivo da visitação foi apresentar a produção de arroz e sucos orgânicos, além de leite em pó.

A agenda reuniu representantes das prefeituras de Itaboraí, Itaguaí, Campinas e São Paulo, do estado de São Paulo, e Ilha Bela e Maricá, do Rio de Janeiro. A programação iniciou na manhã da quarta-feira (13). Primeiramente foi apresentado o processo de criação do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico e expostas as variedades de arroz que são produzidas pelos Sem Terra. À tarde, os nutricionistas e coordenadores de alimentação realizaram visitas aos assentados, conheceram as unidades de armazenagem e a indústria de beneficiamento da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), em Nova Santa Rita. Na quinta-feira (14), o itinerário levou-os a conhecer os sucos orgânicos da Cooperativa Monte Vêneto, em Cotiporã, na Serra Gaúcha.

O sabor do orgânico Sem Terra não está só no Sul

O MST fornece leite em pó e arroz orgânico para 64 escolas de Maricá, no Rio de Janeiro, as quais alimentam aproximadamente 25 mil alunos. Para Loureci Soares, nutricionista do município, a visitação foi importante para conhecer os locais da produção e todo o seu processo, desde a lavoura até embalagem dos produtos. “O alimento fica mais saboroso depois que aprendemos como ele é produzido, depois de conhecermos a história de quem produz”, revela.

Outro ponto destacado pela nutricionista é a preocupação diante da grande gama de agrotóxicos que é consumida no Brasil. “Faz muito mal à saúde dos nossos alunos e também da população. Só que a gente tem que começar na escola a conscientizar e a servir o melhor”, pontua.

Profissionais conheceram a produção de arroz orgânico do MST. (Foto: Maiara Rauber)

Livia Esperança, coordenadora de alimentos escolares da prefeitura de São Paulo, também visitou os assentamentos. O arroz e o suco de uva orgânicos da Reforma Agrária são destinados a 2.460 escolas municipais da capital paulista, para aproximadamente 500 mil alunos. Disponibilizar comida saudável na rede pública de educação é um ato de democratizar o acesso para o estudante, de acordo com Livia. “Nós prezamos pela qualidade, acreditamos que o alimento orgânico é fundamental e tem que estar presente nos cardápios escolares”, reforça.

Carmen Virginia, chefe de cozinha de Pernambuco, falou sobre o valor da democratização do alimento saudável. “A gente fica cada vez mais preocupado com o que está comendo, porque a comida tanto faz bem, quanto também mata. Então é importante nos preocuparmos com o outro também”, relata. Carmen ainda decorre sobre o papel do MST em relação ao alimento saudável. “O MST também tem essa função de quebrar essa barreira, de transpor, de mostrar que a comida saudável é acessível para todos”, conclui.

Democratização da alimentação saudável

Uma forma de defender a produção agroecológica dos assentamentos é dar argumentação aos que defendem o alimento saudável. De acordo com Carlos Pansera, do setor de produção da Cooperativa Terra Livre, proporcionar o conhecimento de todo o processo do cultivo orgânico aos chefes de cozinha e representantes das prefeituras é um passo importante para o Movimento. “A presença dessas pessoas, tendo o contato com a realidade e a materialidade da produção dos assentamentos, reforça ainda mais a perspectiva da defesa do Pnae, da nutrição e da alimentação escolar com base na produção das áreas de Reforma Agrária e na agricultura familiar”, frisa.

Nelson Luiz Krupinski, do setor comercial da Terra Livre e produtor de arroz orgânico, destaca a importância de mostrar aos visitantes todos os processos que envolvem o cultivo sem veneno. “Mostramos pra eles tudo o que a gente faz de bom, de prático, de verdadeiro. É muito importante trazer essas pessoas que estão lá no dia a dia construindo a alimentação escolar para conhecer o trabalho da cooperativa, de quem opera as ações de venda e dos agricultores”, destaca. Krupinski ainda ressalta o papel da Reforma Agrária no processo de inclusão de alimentos saudáveis na sociedade. “Produzimos orgânicos para nós, Sem Terra, mas também para quem está no entorno, para a comunidade e para os pobres”, conclui.


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