Giovana Fleck
Entrando no 35º mês de parcelamento do salário dos servidores, o governo do Estado do Rio Grande do Sul anunciou, na quarta-feira (31), que pela primeira vez iria atrasar o repasse sindical por mais de um mês. De acordo com o Cpers e a Ugeirm, que representam professores e policiais civis, respectivamente, desde julho as contribuições sindicais dos servidores já haviam sido depositadas com atrasos – sempre no último dia do mês vigente.
Agora, a Secretaria da Fazenda deverá quitar as consignações de setembro apenas no dia 9 de novembro. “É um problema seríssimo. Estamos tendo dificuldades extremas para manter todos os direitos dos nossos funcionários nesse mês, pagar as contas e manter o sindicato funcionando”, definiu a presidente do Cpers (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul), Helenir Aguiar Schürer.
Ao lado de Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm – sindicato que reúne escrivães, inspetores e investigadores da Polícia Civil gaúcha – Helenir ressaltou que o governo Sartori está se “apropriando de um dinheiro que não lhe pertence”. “Logo após as eleições, o dinheiro sumiu. Não nos cabe especular onde foi parar, por isso precisamos de respostas”, aponta Ortiz.
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Os sindicalistas afirmam que consultaram o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para pedir um levantamento sobre o crescimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O Departamento registrou aumento acumulado de 4% na arrecadação do imposto de janeiro a agosto de 2018. Isso representa um crescimento de 1,14% acima da inflação. “No entanto, não há divulgação sobre o valor do ICMS em setembro. Qual a razão para a transparência não ter sido aplicada, justamente, neste mês?”, questiona Helenir. “Eu não quero acreditar que seja vingança pela não-reeleição. Quero desafiar o governo a, imediatamente, divulgar os dados.”
A presidente ressalta que, nos últimos anos de governo Sartori, os professores têm sido “desrespeitados e desvalorizados”. Ortiz complementa dizendo que: “Assim como na educação, a segurança só contou com investimentos midiáticos – e nada grandiosos.”
De acordo com Helenir, o Cpers conta com um repasse mensal de cerca de R$ 1.980.000, tendo cerca de 80 mil filiados. Já a Ugeirm, que cobra R$ 47 de seus cinco mil filiados, deveria receber R$ 235 mil. “É uma contribuição optativa. Ou seja, o governo está se apropriando de uma parte do salário do servidor que deveria ser destinada para a promoção dos direitos deles. Essa é a única fonte de renda de um sindicato. Ao não repassar, atam nossas mãos”, define Ortiz.
As entidades sindicais deverão se reunir com seus setores jurídicos na tarde desta quinta-feira (1º) para avaliar quais medidas são cabíveis para cobrar o pagamento dos repasses. “Só o que aumentou no governo Sartori foi a criminalidade e o ICMS”, encerra Ortiz. “Que moral tem o governador para atacar os sonegadores quando ele sonega?”, completa.