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7 de agosto de 2018
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17:26

Municipários ocupam a Prefeitura de Porto Alegre para exigir negociação salarial

Por
Sul 21
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Municipários ocuparam o Paço Municipal por volta das 11h da terça-feira (07). Foto: Giovana Fleck/Sul21

Giovana Fleck 

Por volta do meio-dia da terça-feira (07), professores da rede municipal de ensino tomaram o piso do Salão Nobre do Paço Municipal. Ocuparam toda a extensão da sala com um pedaço comprido de papel, além de cartazes e faixas. “Ajuda aí, ajuda aí”, diziam, distribuindo pincéis e tintas. Com a tinta ainda úmida, o maior deles foi erguido e lançado para o lado de fora da janela central. “Fora, Marchezan Jr.!” foi a frase pendurada na entrada principal da Prefeitura.

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No dia 12 de julho, os municipários de Porto Alegre declararam greve geral. A decisão foi tomada em assembleia após forte repressão da Brigada Militar e da Guarda Municipal, quando a categoria tentou acessar o plenário da Câmara de Vereadores para acompanhar a votação do pacote de projetos da gestão Nelson Marchezan Júnior (PSDB). A paralisação chegou a ser suspensa durante o recesso da Câmara, mas foi retomada no dia 31 de julho. De acordo com o diretor-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), desde o início da mobilização, a Prefeitura não respondeu a nenhuma solicitação para negociar as demandas dos trabalhadores. Por isso, o sindicato convocou uma ato na frente do Paço Municipal.

Municipários pintaram cartazes no Paço Municipal. Foto: Giovana Fleck/Sul21

“Nós solicitamos, ali na portaria, uma reunião com alguém do gabinete [do prefeito], pedindo para que nos recebessem para negociar”, conta Terres. Como resposta à solicitação, o diretor conta que a Guarda Municipal teria fechado as portas da prefeitura. “Aí a categoria acabou ocupando o prédio.” Segundo Terres, a diretoria do sindicato comunicou, novamente, a intenção da categoria de se reunir com representantes da Prefeitura para o chefe da Guarda Municipal.

Os trabalhadores reivindicam o pagamento corrigido de seus salários a partir da revisão da data-base da categoria. “Já são duas reposições da inflação que ele não paga. É dever constitucional do prefeito conversar com os servidores”, diz Terres. Para ele, o silêncio do Executivo representa que a gestão municipal está sendo feita “de costas para a cidade”.

Jorge Bettiol, funcionário da Secretaria Municipal de Governança, aponta que exigir espaço para negociação é necessário dentro de um contexto de ausência de perspectivas da categoria. “Os salários foram parcelados novamente, votaram a questão da previdência complementar… Isso é uma resposta. É a consequência das ações desta gestão.”

Servidores colocaram o cartaz com a frase “Fora Marchezan Jr.” do lado de fora da janela principal da Prefeitura. Foto: Giovana Fleck/Sul21

Perla dos Santos é professora da rede municipal. Trabalhando há sete anos em Porto Alegre, ela diz que passou a conviver com o assédio em sua rotina de trabalho nos últimos dois anos. “Há um desmonte na educação. Nós não temos condições dignas de trabalho. Mas quando tentamos denunciar, somos perseguidos. Os casos de assédio estão aumentando demais. Nós, servidores, estamos adoecendo e nada muda. Esse governo não para para conversar.”

Do lado de fora da Prefeitura, o caminhão de som permanecia transmitindo falas dos servidores que pediam pela abertura de diálogo. Os cordões de contenção, comumente amarrados no entorno da porta principal pela Guarda Municipal, não foram utilizados. As escadarias estavam tomadas pela bateria do sindicado e por municipários que entoavam gritos como: “Nenhum direito a menos!”. Um grupo de cerca de sete guardas municipais se mantinha reunido em um dos cantos do salão de entrada da Prefeitura.

Uma comissão de segurança foi formada com a informação de que o prefeito havia emitido um ofício para o secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, solicitando o envio da Brigada Militar para conter a ocupação. Em nota, a Prefeitura chama a ação de “invasão” e afirma que o prefeito estava em agenda externa, enquanto o vice-prefeito, Gustavo Paim, não pode sair de seu gabinete. A nota diz que “a prefeitura sempre esteve aberta ao diálogo com os servidores municipais”, e caracteriza o Simpa como um sindicato “conhecido por atos de baderna”.“Qualquer ato de violência contra os municipários será responsabilidade do Marchezan. Isso é uma consequência da política adotada por sua gestão”, afirma Terres.

“Qualquer ato de violência contra os municipários será responsabilidade do Marchezan. Isso é uma consequência da política adotada por sua gestão”, afirma Terres. Foto: Giovana Fleck/Sul21

Confira a nota da Prefeitura sobre a ocupação:

Nota Oficial sobre invasão à Prefeitura de Porto Alegre

Em mais um ato de truculência, a direção do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), acompanhada por manifestantes em greve ligados à entidade, invadiram na manhã desta terça-feira, 7, as dependências do Paço Municipal. A ação ocorreu às 11h, pela porta principal, na Praça Montevideo, que estava aberta para o atendimento ao público, com monitoramento da Guarda Municipal.

Uma vez nas dependências da prefeitura, o grupo dirigiu-se ao segundo andar, forçando as portas dos gabinetes do prefeito e do vice-prefeito. O prefeito Nelson Marchezan Júnior estava em agenda externa, enquanto o vice-prefeito, Gustavo Paim, ficou fechado em seu gabinete, durante a invasão. Com utilização de mesas como barricadas, os servidores conseguiram evitar o acesso às salas. Os manifestantes concentraram-se nas escadarias e no Salão Nobre.

Tão logo ocorreu a invasão, a Guarda Municipal acionou a Brigada Militar (BM) solicitando reforço no esquema de segurança que funcionava desde a manhã em virtude da manifestação dos municipários. O comando da BM pediu um ofício do prefeito solicitando a ação da corporação. O documento foi enviado imediatamente e a ação autorizada pelo secretário de Segurança Públicas do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer.

O governo municipal considera a invasão um ato autoritário e um desrespeito flagrante à população de Porto Alegre. A prefeitura sempre esteve aberta ao diálogo com os servidores municipais. Todavia, ações como esta tiram a legitimidade de um sindicato que é conhecido por atos de baderna. A direção do Simpa – composta por militantes partidários – atua com base em interesses políticos, ideológicos e particulares. Pregam o caos, desrespeitam o patrimônio público e agem contra a maioria dos servidores.

Esperamos que a Brigada Militar identifique os invasores do Paço Municipal e desocupe o local, preservando a segurança de todas as pessoas.

Confira mais fotos:

Foto: Giovana Fleck/Sul21
Foto: Giovana Fleck/Sul21
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Foto: Giovana Fleck/Sul21
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