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23 de agosto de 2018
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13:53

Bancários mantêm mobilização com possibilidade de greve

Por
Luís Gomes
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Bancários estão em campanha salarial e em negociações com a Fenaban | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Giovana Fleck

Pelo segundo dia consecutivo, agências bancárias no Centro de Porto Alegre fecharam as portas na manhã desta quinta-feira (23) como parte da mobilização dos bancários em defesa de uma melhor proposta dos bancos no âmbito de sua campanha salarial. Eles consideram insuficiente a proposta de aumento real de 0,5% (reivindicam 5% de aumento real) e reclamam de retirada de direitos, como a proposta de retirar a integralidade da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de bancárias em licença-maternidade. De acordo com o SindBancários-RS, que representa a categoria na Região Metropolitana, a ideia é manter algumas agências fechadas até o meio-dia. Também nesta manhã, acontece uma nova mesa de negociações entre a Fenaban e o Comando Nacional dos Bancários, em São Paulo.

Enquanto aguardava pelo início da negociação com a Febaban, o presidente do SindiBancários, Everton Gimenis, conversou com o Sul21. Segundo Gimenis, a reunião em São Paulo é uma das últimas oportunidades da Federação para apresentar uma revisão de suas propostas que acolha as demandas da categoria. “O que eles apresentaram é uma pegadinha. Por trás disso, querem retirar direitos. Nós queremos um aumento real sem a retirada do que já conquistamos. Esperamos que eles evoluam na proposta hoje. Se não tivermos uma nova proposta, vamos entrar em greve”, afirma o presidente.

Algumas agências que aderiram à paralisação permanecerão fechadas até o meio dia desta quinta-feira (23). De acordo com Gimenis, o SindiBancários permanecerá realizando atividades de conscientização com a categoria para prepará-los caso entrem em estado de greve.

Os bancários questionam a proposta feita pela Fenaban especialmente dentro de um contexto em que os cinco maiores bancos (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander), somente no primeiro semestre deste ano, já ganharam R$ 42 bilhões ou quase 18% mais que em 2017. Criticam também o fato de as empresas estarem tentando impor alterações e exclusões de diversas cláusulas da atual Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, que leva a cortes de direitos dos trabalhadores, como o fim da integralidade da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) das bancárias em licença-maternidade e de afastados por doença ou acidente quando do retorno.

Mobilização atingiu algumas agências no Centro de Porto Alegre nesta quinta | Foto: Joana Berwanger/Sul21

Confira um resumo da proposta dos bancos:

– Retirada do salário substituto (cláusula 5ª);

– Fim da PLR integral para bancárias em licença-maternidade e afastados por acidente ou doença (esses trabalhadores receberiam PLR proporcional ao período trabalhado);

– Possibilidade de compensar, caso percam na Justiça, as horas extras pagas como gratificação de função conforme a cláusula 11ª da CCT. Esse item não vale para os bancos públicos, que têm Plano de Cargos e Salários (PCS);

– Alteração da cláusula do vale-transporte, rejeitada porque ficaria pior do que a lei (cláusula 21ª);

– Fim da cláusula que proíbe a divulgação de ranking individual (cláusula 37ª);

– Retirada da cláusula que previa adicional de insalubridade e periculosidade porque está na lei (cláusula 10ª);

– Flexibilização do horário de almoço de 15 minutos para 30 minutos na jornada de seis horas (exceto para teleatendimento e telemarketing);

– Fim do vale-cultura (cláusula 69);

– Retirada da cláusula que garantia a homologação de rescisão contratual nos sindicatos;

– Garante o parcelamento do adiantamento de férias em três vezes, a pedido do empregado;

– Mantém o direito do hipersuficiente à CCT (quem ganha mais de R$ 11.291,60;

– Mantém o direito ao adiantamento emergencial para quem tem recurso ao INSS por 90 dias. Os bancários querem 120 dias.


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