Da Redação
Depois de manter agências paralisadas por duas horas na manhã da quarta-feira (22), bancários realizaram, no Centro de Porto Alegre, uma caminhada de repúdio à proposta apresentada na terça-feira pela Fenaban na oitava rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários. Representante da categoria no Rio Grande do Sul, o SindBancários-RS considera insuficiente a proposta de aumento real de 0,5% (reivindicam 5% de aumento real) e reclamam de retirada de direitos, como a proposta de retirar a integralidade da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de bancárias em licença-maternidade.
A concentração para a caminhada começou às 16h30, na Praça da Alfândega, entre as agências do Banrisul e da Caixa. A caminhada partiu às 17h30, passando pelas ruas Caldas Jr., Siqueira Campos, General Câmara, 7 de Setembro e avenida Borges de Medeiros até a Esquina Democrática, onde chegou por volta das 18h.
Secretário-geral do SindBancários, Luciano Fetzner diz este ano a Campanha Nacional dos Bancários começou mais cedo para buscar garantias de renovação do acordo coletivo anterior, com validade por dois anos (2017 e 2018) enquanto um novo não é assinado. “A reforma trabalhista foi um golpe nos direitos de todos os trabalhadores. Esta é a nossa primeira campanha sob a reforma trabalhista. A proposta apresentada pelos banqueiros da Fenaban, em São Paulo, atenta até contra direitos conquistados pela nossa luta por mulheres em licença-maternidade”, detalhou.
A Fenaban e o Comando Nacional dos Bancários voltam a se reunir nesta quinta-feira, a partir das 10h, em São Paulo, para seguir os debates das cláusulas apresentadas. Na reunião da terça-feira, o Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na mesa de negociação e chamou a categoria a realizar paralisações em agências e locais de trabalho até o meio-dia de quarta. Em paralelo, nesta quarta também ocorre, a partir das 14h, uma mesa de negociação entre o Comando Nacional dos Banrisulenses e representantes da diretoria do Banrisul.
Bancários rejeitam proposta
Os bancários questionam a proposta feita pela Fenaban especialmente dentro de um contexto em que os cinco maiores bancos (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander), somente no primeiro semestre deste ano, já ganharam R$ 42 bilhões ou quase 18% mais que em 2017. Criticam também o fato de as empresas estarem tentando impor alterações e exclusões de diversas cláusulas da atual Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, que leva a cortes de direitos dos trabalhadores, como o fim da integralidade da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) das bancárias em licença-maternidade e de afastados por doença ou acidente quando do retorno.
Em assembleias realizadas no último dia 7, a categoria decidiu que não aceitará proposta que traga cortes de direitos e tampouco que não proporcione aumento real para a categoria.
Veja resumo da proposta dos bancos:
– Retirada do salário substituto (cláusula 5ª);
– Fim da PLR integral para bancárias em licença-maternidade e afastados por acidente ou doença (esses trabalhadores receberiam PLR proporcional ao período trabalhado);
– Querem compensar, caso percam na Justiça, as horas extras pagas como gratificação de função conforme a cláusula 11ª da CCT. Esse item não vale para os bancos públicos, que têm Plano de Cargos e Salários (PCS). A proposta foi rejeitada e o Comando quer negociar PCS para todos;
– Alteração da cláusula do vale-transporte, rejeitada porque ficaria pior do que a lei (cláusula 21ª);
– Fim da cláusula que proíbe a divulgação de ranking individual (cláusula 37ª);
– Retirada da cláusula que previa adicional de insalubridade e periculosidade porque está na lei (cláusula 10ª);
– Querem flexibilizar o horário de almoço de 15 minutos para 30 minutos na jornada de seis horas (exceto para teleatendimento e telemarketing);
– Fim do vale-cultura (cláusula 69). Comando quer que permaneça para que o direito esteja garantido caso do governo retome o programa;
– Retirada da cláusula que garantia a homologação de rescisão contratual nos sindicatos;
– Aqui um avanço: garante o parcelamento do adiantamento de férias em três vezes, a pedido do empregado;
– Outro avanço: mantém o direito do hipersuficiente à CCT (quem ganha mais de R$ 11.291,60;
– Mantém o direito ao adiantamento emergencial para quem tem recurso ao INSS por 90 dias. Os bancários querem 120 dias.