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30 de julho de 2018
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19:30

Trabalhadores suspensos por protestar contra demissões na TAP fazem greve de fome no Salgado Filho

Por
Luís Gomes
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Trabalhadores suspensos pela TAP ME iniciaram greve de fome nesta segunda-feira | Foto: Divulgação

Luís Eduardo Gomes

Um grupo de oito trabalhadores da TAP Manutenção e Engenharia (TAP ME) iniciou às 7h desta segunda-feira (30) uma greve de fome para protestar contra as demissões da categoria e pela situação que se encontram. Esses oito fazem parte de um grupo de 10 trabalhadores (outros dois estão em recuperação de cirurgias) que foram suspensos, sem remuneração, no último dia 13 de julho pela direção da empresa após realizarem um protesto no aeroporto Salgado Filho justamente contra as demissões em massa.

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A TAP ME, braço de engenharia e manutenção da companhia aérea portuguesa, iniciou em 2017 um processo de reestruturação que já resultou na demissão de mais de quinhentos trabalhadores e pode levar ao fechamento das operações da empresa em Porto Alegre. O mecânico de aeronaves Paulo Roberto Schutz, um dos trabalhadores suspensos pela empresa, destaca que o grupo já entrou com um processo judicial para tentar reverter o que considera ser uma “retaliação” da empresa. Segundo ele, o protesto tem por objetivo, além de chamar a situação da sociedade para a situação, pressionar o poder judiciário a se posicionar sobre o caso. “A gente iniciou esse ato para ver se a gente consegue fazer uma pressão no judiciário, porque são 10 trabalhadores e famílias que estão sem salários”, disse.

Ele conta que a intenção do grupo é permanecer até que a empresa se posicione, o que não aconteceu até agora, pois diz que não há comunicação entre as parte desde a suspensão por tempo indeterminado, ou que o judiciário se posicione. Contudo, ele acredita que, como terças e quartas são os dias em que a TAP tem voos internacionais saindo de Porto Alegre, a empresa “não vai deixar” que eles permaneçam no local. Eles permanecem junto ao portão de acesso do Terminal 1 do Aeroporto Salgado Filho, justamente onde está o embarque para voos internacionais. Os trabalhadores estão revezando-se entre cadeiras de praia, ficando sentados no chão ou de pé, para esticar as pernas. Ao longo do dia, eles têm recebido o apoio de outros sindicatos e lideranças vinculadas à central CSP-Conlutas e de políticos.

Dirigente da central, a ex-presidente do Cpers Rejane Oliveira destaca afirma que a decisão da TAP de suspender os trabalhadores consiste em uma prática anti-sindical que deve ser denunciada. “Hoje, nos juntamos ao jejum na linha de que nenhum tabalhador vai sofer porque luta, porque levantou a voz contra o desemprego. Ninguém vai causar essa demissão em massa de forma ilesa. Nós vamos denuncuar e tomar as medidas necessárias. Isso que a TAP fez é um ato político e uma prática anti-sindical que nós não vamos tolerar”, disse.

O deputado estadual Pedro Ruas (PSOL), que já denunciou a situação das demissões em massa em sessão da Assembleia Legislativa, acusa a TAP ME de estar “destruindo o que sobrou” da Varig — a TAP ME comprou a operação da antiga Varig Engenharia e Manutenção (VEM) em Porto Alegre –, o que fazia do aeroporto Salgado Filho um dos mais importantes centros de manutenção de aeronaves da América Latina.


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