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10 de junho de 2018
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14:32

Congresso dos Povos denuncia criminalização de lideranças sociais na Colômbia

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Sul 21
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Congresso dos Povos denuncia criminalização de lideranças sociais na Colômbia
Congresso dos Povos denuncia criminalização de lideranças sociais na Colômbia
Julián Andrés Gil Reyes é secretário técnico e membro da comissão internacional do Congresso dos Povos / Foto: Reprodução

Da Redação*

A organização social e política colombiana Congresso dos Povos (em espanhol, Congreso de los Pueblos) divulgou nota oficial denunciando a detenção de um dos seus líderes, Julián Andrés Gil Reyes, na tarde do último dia 6 de junho, em frente à sede da entidade, em Bogotá. Julián Andrés é secretário técnico e membro da comissão internacional do Congresso dos Povos. Segundo a organização, ele foi abordado, enquanto saia do escritório e “foi conduzido ao Comando da Polícia de Cundinamarca”, que fica aproximadamente a três horas de Bogotá.

Ainda de acordo com nota do movimento, “Julián detectou estranhos monitoramentos de sujeitos civis, em dias anteriores, fazendo registros fotográficos e monitorando as atividades da sede do Congresso dos Povos, onde ele trabalha e desenvolve suas atividades políticas”.

Fabian Laverde Doncel, da Comissão de Direitos Humanos do Congresso dos Povos, afirmou ao Brasil de Fato que ainda não se conhecem as provas que a Procuradoria Geral (órgão responsável pela formulação de acusações; na Colômbia é denominado Fiscalía General de la Nación), possa ter que justifiquem a captura do militante. De acordo com Laverde, que também é pesquisador criminalístico e jurídico, a ordem de captura partiu da Procuradoria Geral e foi cumprida pela Polícia Judicial da Polícia Nacional de Colômbia, conhecida como Dijin.

“Nós entendemos que esta detenção ocorre em um marco de perseguição do movimento social, que não é a primeira vez que ocorre e que seguramente seguirá com mais detenções e golpes como esse. Como defensores de direitos humanos, nós temos clareza de que estamos enfrentando, no pior dos caso, com a morte de líderes sociais, sem que nada aconteça nas investigações desses casos. Na Colômbia, já foram mais de 400 líderes sociais assassinados de 2016 até o momento”, denunciou Laverde.

A organização Congresso dos Povos está exigindo das autoridades, em especial da Procuradoria-Geral, que “ofereça todas as garantias processuais, constitucionais e legais ao cidadão Julián Andrés Gil Reyes, e que pare de maneira imediata a perseguição contra líderes sociais na Colômbia”. “Denunciamos estas detenções irregulares como uma estratégia de judicialização e criminalização do Estado colombiano para desmantelar as organizações sociais e impedir o direito constitucional ao protesto e ao desenvolvimento dos princípios democráticos”, diz ainda a entidade. Confira a íntegra da nota:

Criminalização das lideranças sociais – Denúncia pública

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos Do Congresso dos Povos de Colômbia denuncia diante da cidadania colombiana, as autoridades de controle e proteção de direitos humanos, as organizações sociais e à comunidade nacional e internacional, a delicada situação de perseguição que se adianta contra nossa organização social e política, agravada pelos fatos que a continuação expressamos:

Aproximadamente as 14:15 do dia de hoje, quarta-feira 6 de Junho de 2018, foi detido na cidade de Bogotá DC, nosso companheiro e colaborador Julian Andrés Gil Reyes, quem tem funções como secretario técnico e membro da comissão internacional do Congresso dos Povos (Congreso de los Pueblos).

Julián, detectou estranhos seguimentos de sujeitos vestidos com roupas de civis, desde dias anteriores, fazendo registros fotográficos e monitoramento das atividades da sede do Congresso dos Povos onde ele trabalha e desenvolve suas atividades laborais e políticas.

Quando se dispôs a sair da sede, justo na entrada, foi abordado por cinco sujeitos de roupas civis e dois uniformados ao parecer da Polícia Nacional, que o introduziram no veículo Sedan de Marca Renault, de cor azul cinzento ao comando da policia de Cundinamarca, localizado em Bogotá na avenida as Américas com carreira 33.

Exigimos às autoridades, em especial à Fiscalía Geral da Nação oferecer todas as garantias processuais, constitucionais e legais ao cidadão colombiano Julián Andrés Gil Reyes e parar de maneira imediata com a perseguição contra as lideranças sociais na Colômbia.

Denunciamos estas detenções irregulares como uma estratégia de judicialização e criminalização do Estado colombiano para desarticular e impedir o constitucional direito ao protesto e ao desenvolvimento dos princípios democráticos.

*Com informações do Brasil de Fato.


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