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27 de janeiro de 2018
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23:12

Festa celebra produção de sementes crioulas no RS

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Sul 21
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Festa celebra produção de sementes crioulas no RS
Festa celebra produção de sementes crioulas no RS
Festa terá uma feira de produtos orgânicos e agroecológicos e a mostra das sementes crioulas. (Divulgação)

 Marcos Corbari (*)

A relação do camponês com a natureza está em destaque nesse final de semana. De modo especial, para os integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores, que realizam na Linha Tesoura, interior do município de Seberi, no norte do estado, a quarta edição de sua Festa da Semente Crioula. Ao mesmo tempo em que se renova o desafio de respeitar o ciclo natural da vida, produzindo alimento sem a interferência agressiva de insumos químicos no plantio ou venenos no manejo, o campesinato tem especial atenção para a preservação de uma prática passada de geração a geração, desde tempos imemoriais: a produção de suas próprias sementes.

– Nós partimos de um princípio norteador que é o respeito ao ciclo natural da vida, reforçando o vínculo do camponês com a terra que serve de berço aos seus cultivos -, explica a bióloga Débora Varoli, dirigente do MPA que participa da comissão organizadora do evento. “As sementes crioulas são cultivadas e selecionadas ano após ano por nossas famílias, elas atendem às nossas necessidades e estão adaptadas às condições de cada região e aos nossos sistemas de produção”, acrescenta. Varoli destaca de modo especial a participação dos coletivos de mulheres ligados ao campesinato, frisando o papel que elas costumam exercer nas pequenas propriedades associado à produção do alimento e a preservação das sementes.

Os festejos começam no amanhecer com a alvorada dos trabalhadores, que vieram de diversas regionais do movimento para apoiar a realização da atividade. A partir das 9 horas inicia uma feira de produtos orgânicos e agroecológicos e a mostra das sementes crioulas, para a qual todos os visitantes são convidados a trazer suas próprias matrizes para expor e compartilhar com os demais. Ao meio dia será servido almoço com cardápio típico camponês, utilizando exclusivamente alimentos produzidos pelos camponeses da base do movimento, cultivados sem veneno. Na parte da tarde, haverá rodas de conversa sobre sementes crioulas, produção agroecológica, partilha das sementes em exposição e festejos populares.

Para Marcos Joni Oliveira, presidente da Cooperbio (cooperativa camponesa que sedia a festa), “o evento tem o objetivo de fortalecer a cultura da partilha da semente crioula, valorizando os saberes populares e o processo natural de seleção empreendido pelas gerações de pequenos agricultores ao longo de séculos de cultivo”. Oliveira destaca ainda a necessidade de reforçar a mensagem da agroecologia, buscando demonstrar com experimentos e pesquisas realizadas pelos profissionais e técnicos vinculados ao campesinato. “É possível produzir alimentos de primeira qualidade, com ótimos índices de produtividade através dos sistemas propostos pela agroecologia, ou seja, sem a inserção no cultivo ou no manejo, de produtos nocivos à saúde do agricultor e também do consumidor final, como venenos e fertilizantes químicos”, completa.

Está confirmada a presença dos freis franciscanos Sérgio Gorgen (autor do livro “Trincheiras da Resistência Camponesa” e de outra dezena de obras em que registra a história de lutas do povo camponês) e Wilson Zanatta (autor de “Ervas Medicinais”, “Tenha uma Farmácia em Casa” e “O poder curativo da Guaçatonga”). Também estarão na festa os jovens que integram a caravana de ativismo cultural Clodomir de Moraes, que recentemente percorreu parte do nordeste brasileiro e pela primeira vez vem ao sul do país.

(*) Jornalista/Rede Soberania


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