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27 de outubro de 2017
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15:42

Trabalhadores abraçam Carris contra privatização e sucateamento da companhia

Por
Luís Gomes
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Trabalhadores da Carris protestam contra sucateamento da empresa | Foto: Maia Rubim/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Sob a sombra da privatização propagada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), centenas de trabalhadores da empresa Carris, apoiados por representantes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e de outras entidades, realizaram na manhã desta sexta-feira (27) um abraço coletivo à companhia, em defesa de sua manutenção como patrimônio público e de seus trabalhadores.

Motorista da Carris, Alceu Weber destaca que o abraço não é um ato isolado, mas construído em assembleia da categoria para denunciar o processo de sucateamento que a companhia vem sofrendo no governo Marchezan. Segundo Weber, a Prefeitura vinha se recusando a renovar contratos com fornecedores, o que faz com que muitos ônibus estejam sem condições de funcionar.

Dos 352 veículos da frota da companhia, 88 estavam paralisados por problemas contratuais nesta quinta-feira, diz Alceu. A maior parte deles, 69, seriam os ônibus articulados, popularmente chamados de “minhocão”, da empresas Volvo. Haveria também problemas de contrato para o fornecimento de motores de ônibus da Volkswagen.

Segundo Alceu, a falta de ônibus para circulação, problema que ele outros trabalhadores atribuem apenas a má gestão, ajuda a explicar os prejuízos que a Carris sofre, especialmente porque os minhocões são os ônibus com maior capacidade de transporte de passageiros e, consequentemente, de arrecadação. “Só no último mês, setembro, a Carris perdeu 19% de passageiros em relação ao ano passado, isso equivale a mais de dois dias com a frota completamente parada. A empresa deixou de arrecadar mais de R$ 1,8 milhão, o que é a folha completa de um mês”, diz.

O ato também fez parte do calendário de mobilizações do Simpa, que entrou nesta sexta-feira (27) em seu 23º dia de greve contra o parcelamento de salários e os projetos encaminhados por Marchezan à Câmara que poderão representar perdas salariais para a categoria. “A gente foi fazer um abraço porque a Carris tem hoje mais de 40 CCs, inclusive tem uma secretária lá, pasmem, que ganha mais de R$ 8 mil, enquanto os motoristas e cobradores ganham um salário irrisório. É incrível que todas as empresas privadas dão lucro, não vejo nenhum empresário largando a teta, tão há mais de 50 anos com as empresas, ganhando muito lucro, só a Carris que não consegue ter lucro, isso é incrível”, diz Jonas Reis, diretor do Simpa.

Servidores municipais ligados ao Simpa participaram do ato em defesa da Carris nesta manhã | Foto: Maia Rubim/Sul21

Jonas e Alceu destacam que a proposta de privatização da Carris, já defendida em público pelo prefeito Marchezan, tem por trás o objetivo de entregar as linhas transversais e lucrativas operadas pela Carris para a iniciativa privada. “Como é que pode a má gestão da Carris ser responsável pela condução errada da empresa e ninguém fazer nada, o Ministério Público não fazer nada, não entrar para dentro e entender? É só comparar, a Carris tem as linhas transversais que arrecadam muita passagem e a tarifa é igual, e aí o prefeito vai para a TV e a rádio dizer que a Carris dá prejuízo e as empresas [privadas] dão lucro, isso é engraçado, a gente não entende essa matemática, é uma matemática diferente, de outro planeta, que a gente até quer que o Marchezan explique, deve ser um novo conceito de matemática dentro do empresariado, que a empresa privada dá lucro e a empresa pública não dá. Não dá porque não tem gestão”, afirma.

Alceu diz que, nesta sexta, recebeu a informação de que alguns contratos com fornecedores serão renovados ainda hoje, o que ele atribui à pressão dos trabalhadores junto aos órgãos de controle para cobrar da Prefeitura um posicionamento. Em agosto, o Ministério Público de Contas (MPC) pediu auditoria nas contas da Carris e a apuração sobre o sucateamento da frota, a falta de investimentos na estrutura da empresa e dos prejuízos acumulados, entre outros itens.

Além dos trabalhadores da Carris e do Simpa, participaram do ato representações de centrais sindicais, do Cpers, os vereadores Roberto Robaina (PSOL), Fernanda Melchionna (PSOL), Sofia Cavedon (PT), Aldacir Oliboni (PT), entre outros.

Confira mais fotos: 

Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21
Foto: Maia Rubim/Sul21
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Foto: Maia Rubim/Sul21
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