Luís Eduardo Gomes
Representantes de movimentos de luta por moradia como o MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) realizaram na manhã desta sexta-feira (30) um ato diante do Tribunal de Justiça para protestar contra as operações de reintegração de posse autorizadas pelo poder judiciário gaúcho. A ação faz parte da mobilização da Greve Geral convocada por centrais sindicais contra as reformas trabalhista e da Previdência.
Acompanhados de sindicalistas, desde por volta das 9h, um grupo de representantes dos movimentos gritaram palavras de ordem contra o poder judiciário e contra os despejos, o mais recente deles realizado na ocupação Lanceiros Negros, que ocupou um prédio do governo do Estado no Centro de Porto Alegre entre novembro de 2015 e o último dia 14, quando a Brigada Militar realizou uma violenta ação de reintegração de posse. Posteriormente, partiram em caminhada pela Av. Borges de Medeiros em direção ao Palácio Piratini e pelo prédio que abrigou a ocupação.
Famílias da ocupação participaram do ato. “A gente fez diante do TJ para relembrar a importância que decisões erradas e injustas de juízes e desembargadores têm sobre as ocupações”, diz Nana Sanches, coordenadora do MLB, que organizava a ocupação Lanceiros Negros.
Segundo Ceniriani Vargas da Silva, da coordenação do MNLM, os movimentos também estão lançado a campanha “Despejo Zero” para pedir que o governo do Estado e o judiciário suspendam a realização de despejos e abram negociações com as comunidades de áreas ocupadas. “Estamos questionando quem autoriza o uso da força policial, que é a justiça, para pedir que isso não se repita”, disse.
Depois da Lanceiros, os movimentos temem que as próximas comunidades a serem despejadas possam ser a Boa Esperança, que ocupam um terreno pertencente a UFRGS na zona leste, e Saraí, no Centro de Porto Alegre. Esta última tinha conseguido que o governo Tarso Genro, em 2014, emitisse um decreto ordenando a desapropriação do prédio. No entanto, o governo de José Ivo Sartori não deu continuidade ao processo e se recusa a pagar aos proprietários do prédio a indenização referente à desapropriação. Uma reunião está agendada no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) e os movimentos temem que, nesta ocasião, seja autorizada a reintegração de posse.
O ato também passou pelo prédio da Saraí. A ideia dos movimentos é se unir ao ato convocado pelas centrais sindicais para o início da tarde no Centro.