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16 de maio de 2016
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16:42

Comitê em Defesa da Democracia lança nota de repúdio à violência da BM em manifestações

Por
Sul 21
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Comitê em Defesa da Democracia lança nota de repúdio à violência da BM em manifestações
Comitê em Defesa da Democracia lança nota de repúdio à violência da BM em manifestações
13/05/2016 - PORTO ALEGRE, RS - Grupo realiza ato contra Temer. Brigada militar dispersa ato com bombas. Foto: Joana Berwanger/Sul21
13/05/2016 – PORTO ALEGRE, RS – Grupo realiza ato contra Temer. Brigada militar dispersa ato com bombas. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Da Redação

O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito lançou uma nota de repúdio aos acontecimentos da última semana, em que a Brigada Militar repreendeu jovens estudantes durante as manifestações contra o PMDB e contra o governo interino de Michel Temer. Em um trecho, o comitê afirma que a BM ”usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que atingiu também passageiros de ônibus, moradores e trabalhadores do comércio local, criando-se um conflito que resultou em jovens levados a hospital e Delegacia de Polícia”.

Confira a íntegra da nota:

O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito vem a público repudiar a ação repressiva da Brigada Militar do Rio Grande do Sul às manifestações de jovens estudantes, realizadas nos dias 12 e 13 de maio em Porto Alegre.

Desde 2013, vêm ocorrendo manifestações em inúmeras cidades do Brasil, inclusive em Porto Alegre, de diferentes setores da população e com diferentes visões políticas, levando suas reivindicações às ruas.

Na maior parte dessas manifestações, realizadas durante o governo da presidente Dilma Rousseff, houve garantia da segurança pública e ampla cobertura da grande mídia, principalmente das manifestações contrárias ao governo federal.

Nos dias 12 e 13 de maio, jovens foram às ruas em Porto Alegre manifestar sua discordância em relação ao governo federal interino que, entre outras medidas, nomeou para o Ministério da Educação um membro de um partido contrário às cotas nas universidades, além de outras conquistas importantes para a ampliação do acesso a esse nível de ensino, e, ainda, eliminou o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação e reintegrou o Ministério da Cultura ao Ministério da Educação, como fora outrora, quando ainda não existia a ampla rede de atividades e profissionais dedicados a esta área.

Frente a essas manifestações de jovens, a Brigada Militar agiu de forma repressiva, com desmedida violência.

Em sua ação de força, a Brigada usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que atingiu também passageiros de ônibus, moradores e trabalhadores do comércio local, criando-se um conflito que resultou em jovens levados a hospital e Delegacia de Polícia.

Nessas ações participaram soldados a cavalo, a pé e em viaturas e foi dispensado um tratamento truculento a manifestantes, captado em fotos expostas nas redes sociais, e, segundo relatos de participantes, foram utilizados também gás de pimenta e armas de choque taser. Mudou, portanto, claramente, a atitude dos agentes de segurança frente a manifestações públicas realizadas nas ruas, após a posse do governo federal interino.

O PMDB, herdeiro da sigla do antigo MDB – partido que lutou contra a violenta repressão da ditadura militar -, utilizará no país o mesmo tipo de ação que outrora combateu, para calar os movimentos sociais que hoje se opõem às suas iniciativas como governo federal interino?

A sociedade brasileira, hoje, está dividida frente aos caminhos a trilhar como Nação e é absolutamente necessário garantir a democracia e a liberdade de manifestação das diferenças, para que elas sejam resolvidas por meio do diálogo, da palavra e não do conflito violento e da força.

Contrários ao uso da violência na manifestação das diferentes posições existentes em nossa sociedade, consideramos que é fundamental e urgente que o Governador do Estado do Rio Grande do Sul, a quem a Brigada Militar deve obediência, exerça sua autoridade para impedir o uso indevido da força por essa corporação nas atividades de manutenção da ordem pública, garantindo o livre direito de manifestação a todos.


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