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10 de setembro de 2015
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17:29

Metalúrgicos da Ford de São Bernardo entram em greve

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Sul 21
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Metalúrgicos da Ford de São Bernardo entram em greve
Metalúrgicos da Ford de São Bernardo entram em greve

Da RBA*

Em assembleia ocorrida na manhã desta quinta-feira (10), os trabalhadores da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado em protesto contra o corte de pessoal. O anúncio de demissões foi feito após o encerramento do prazo de adesão a um Programa de Demissão Voluntária (PDV), que ficou aberto por dois meses e não atingiu a meta pretendida pela empresa.

O coordenador do Comitê Sindical na Ford e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, afirma que ainda não é possível saber o número exato de trabalhadores atingidos: “Os trabalhadores foram comunicados ontem. Uma parte estava na fábrica, cerca de 80, e outra faz parte do grupo que está em layoff e em banco de horas. Eles estão sendo informados que estarão demitidos a partir de 21 de setembro”.

Durante a assembleia, o dirigente reforçou que a decisão não foi negociada com o sindicato e que demitir não é a solução, independente do número de atingidos. “A empresa não nos chamou para negociar, preferiu seguir outro caminho e enfrentará reação. Em 1990 fizemos 50 dias de greve contra a demissão de 100 companheiros. Não importa a quantidade de trabalhadores. Hoje são 200, mas a montadora já informou que terá de reduzir ainda mais a velocidade da linha de produção em janeiro, ou seja, amanhã o excedente pode ser ainda maior. A empresa precisa saber que não vamos admitir demissões. Vamos ficar parados até que ela revogue as demissões e volte a negociar”, afirmou Paraíba.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, ressalta que o anúncio surpreendeu a todos. “Não esperávamos demissões na Ford. Há mais de um ano vínhamos conversando com a fábrica e encontrando alternativas em conjunto para enfrentar o cenário adverso. Reconhecemos as dificuldades, a queda acentuada na produção, no entanto, não era necessária uma atitude dessa natureza. Sempre há espaço para negociação. Se a empresa decidiu conduzir desta forma, haverá reação”, disse.

A Ford tem cerca de 4.300 trabalhadores em sua unidade em São Bernardo do Campo, 160 estão afastados em regime de layoff desde 11 de maio e 59, por meio de banco de horas.

O sindicato reitera que a greve continuará até que a empresa reverta as cerca de 200 demissões anunciadas ontem. “Com essa atitude, a fábrica rasga parte do acordo aprovado em março, que garante estabilidade até março de 2017. Isso mostra o rompimento das negociações com o sindicato. A luta é agora”, enfatizou Paraíba.

A Ford foi procurada para comentar a decisão dos trabalhadores de cruzarem os braços, mas não atendeu à reportagem.

*Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da Agência Brasil


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