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5 de março de 2015
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18:44

Mais de 300 camponeses do MST ocupam prédio da CTNBio

Por
Sul 21
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Cerca de 1.000 mulheres do MST ocuparam a empresa Suzano, em Itapetininga, em SP

Do MST e da Agência Brasil

Cerca de 300 camponeses organizados pela Via Campesina ocuparam, na tarde desta quinta-feira (5), a reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Na pauta, a liberação de três novas variedades de plantas transgênicas no Brasil: o milho resistente ao 2,4-D e haloxifape além do eucalipto transgênico. A reunião foi interrompida e a votação adiada para a primeira quinzena de abril. Na manhã desta quinta, outras mil mulheres do MST dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ocuparam a empresa FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda., da Suzano Papel e Celulose, no município de Itapetininga, em São Paulo.

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O local da ocupação em Itapetininga é onde estão sendo desenvolvidos os testes com o eucalipto transgênico, conhecido como H421. Na ocasião, as Sem Terra destruíram as mudas dos eucaliptos transgênicos. A ação, que faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, pretende denunciar os males que uma possível liberação de eucalipto transgênico, a ser votado na CTNBio, pode causar ao meio ambiente.

De acordo com Atiliana Brunetto, integrante da direção nacional do MST, o histórico das decisões da Comissão atenta à legislação brasileira e à Convenção da Biodiversidade do qual o Brasil é signatário. “O princípio da precaução é sempre ignorado pela CTNBio. A grande maioria de seus integrantes se colocam em favor dos interesses empresariais das grandes multinacionais, em detrimento das consequências ambientais, sociais e de saúde pública”, observa.

Para Brunetto, todo transgênico aprovado significa mais agrotóxicos na agricultura, já que os pacotes aprovados para comercialização sempre incluem um tipo de veneno agrícola.

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“O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009. Uma pesquisa recente da Universidade de Brasília concluiu que, na hipótese mais otimista, 30% dos alimentos consumidos pelos brasileiros são impróprios para o consumo somente por conta de contaminação por agrotóxicos”, completou.

No caso do eucalipto, o pedido de liberação do transgênico é da Suzano, empresa de papel e celulose. “Se aprovado pela comissão esse pedido, o eucalipto reduziria sua rotação de seis/sete anos para, apenas, quatro anos. O gasto de água será maior que os 25 a 30 litros/dia de por cada eucalipto plantado que se utiliza hoje. Estamos, novamente, chamando atenção para o perigo dos desertos verdes”, afirmou Catiane Cinelli, integrante do Movimento de Mulheres Camponesas.

A Guarda Municipal confirmou o chamado pela ocupação, mas não tinha detalhes sobre a ocorrência.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a FuturaGene, Suzano Celulose, CTNBio, mas não teve retorno até a publicação da matéria.


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