Gleisi diz que ‘milícia armada fascista’ tenta impedir caravana de Lula e pede reforço policial

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Luís Gomes
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Presidente do PT, Gleisi Hoffmann, concede entrevista coletiva sobre protestos contra caravana | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Luís Eduardo Gomes

Em coletiva improvisada durante um ato político na comunidade de Nova Santa Marta, em Santa Maria, nesta terça-feira (20), a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, denunciou que a caravana do ex-presidente Lula pelo Rio Grande do Sul está sendo alvo de “milícias armadas de extrema-direita”, que estariam, segundo ela, tentando impedir o direito do ex-presidente e de Dilma Rousseff, que acompanha a caravana, de ir e vir. Ela comunicou que encaminhou um ofício ao Ministério da Segurança Pública e para o governador do Estado, José Ivo Sartori (MDB), pedindo reforço na segurança.

A Caravana de Lula pela Região Sul foi iniciada na segunda (19) com a visita a Bagé, no sul do Estado. Lá, a comitiva de três ônibus foi recebida com um protesto de dezenas de ruralistas, alguns deles munidos com armas de fogo, que tentaram bloquear a visita à Unipampa. Uma pedra atirada pelos manifestantes chegou a atingir o vidro de um dos ônibus da caravana. Nesta terça-feira (20), quando o grupo deixou Santana do Livramento – onde não houve maiores problemas – e se dirigiu para Santa Maria, manifestantes contrários chegaram a bloquear a rodovia de acesso à cidade para impedir a visita de Lula. Quando a comitiva chegou à Universidade de Federal de Santa Maria (UFSM), onde estava marcado um encontro com o reitor Paulo Burmann, manifestantes anti-Lula realizaram um protesto nas proximidades da reitoria, onde um grupo pró-Lula estava reunido para saudar o ex-presidente. Além de xingamentos, os dois lados chegaram, em alguns momentos, a trocar empurrões e agressões, com a situação sendo pacificada somente após intervenção da Brigada Militar.

Também já circulam nas redes sociais, especialmente pelo WhatsApp, mensagens de texto e áudio dizendo que ruralistas estão organizando manifestações para tentar impedir que a caravana passe pelas cidades de São Borja – parada desta quarta (21)  – e por Passo Fundo – prevista para sexta-feira (23).

Em sua fala à imprensa, Gleisi Hoffmann destacou que manifestações contrárias fazem parte da normalidade democrática, mas o que estaria se verificando neste caso, segundo ela, é a utilização da violência para tentar impedir o prosseguimento da caravana.

“Nós estamos denunciando aqui que a caravana pacífica e democrática do presidente Lula tem sido ameaçada e sofrido agressões por parte de milícias armadas de extrema-direita, com características fascistas. Não são manifestações políticas divergentes, o que seria normal na ordem democrática. Não, são realmente manifestações de violência e de enfrentamento que querem cercear o direito de ir e vir de dois ex-presidentes da República, de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, e que tem utilizado práticas violentas no enfrentamento à nossa militância, que está ordeira e pacífica. Inclusive com armas de fogo, com pedras, soco inglês, e fazendo ode à violência”, disse.

Gleisi disse que oficiou os ministérios da Segurança Pública e da Justiça, além do governador Sartori, pedindo reforço na segurança da caravana | Foto: Guilherme Santos/Sul21

A presidente do PT afirmou que o partido entrou em contato com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, com o ministério da Justiça e com o governo Sartori, encaminhando ofícios pedindo o reforço na segurança da caravana. “O governador do Estado disponibilizou policiamento, mas nós tememos, pelo clima que está sendo criado, não ser suficiente para garantir a integridade física de dois ex-presidentes. Por isso, nós estamos denunciando. É muito grave isso, não faz parte do jogo democrático, e nós queremos a responsabilidade do Estado brasileiro pela integridade física de Lula e Dilma e pela garantia de seu direito de ir e vir”, disse. “Hoje, nós tivemos carros apreendidos com rojões, bombas, pedras, isso é muito ruim. Nós estamos numa democracia, queremos fazer a disputa de ideias, de opções políticas, jamais entrar num enfrentamento como esse. Então, é importante isso ficar registrado, essa denúncia ser feita e as medidas serem tomadas”.

Coordenador nacional da caravana, Márcio Macedo reforçou o apelo às autoridades para reforçar a segurança, mas garantiu que ela irá continuar com o mesmo roteiro pelo Rio Grande do Sul e por Santa Catarina e Paraná, estados que serão visitados na sequência. “O que nós vimos aqui não foi oposição política normal do jogo democrático, em locais separados como manda a legislação. Foram milicias armadas, com atividades de guerrilha, tentando impedir que a caravana do presidente Lula pudesse dialogar com o povo do Rio Grande. Mas ela vai continuar e nós estamos responsabilizando e colocando que a segurança do presidente Lula e da presidenta Dilma é obrigação do governo do Estado do RS e do Governo Federal”, disse.

Questionado se foi surpreendido pelo tamanho dos protestos contrários à caravana, o presidente estadual do PT, Pepe Vargas, minimizou o tamanho dos protestos, mas expressou preocupação com a agressividade. “São grupos muito pequenos, que inclusive se repetem. Nós temos áudios gravados que mostram que o mesmo grupo que age em Bagé está se organizando. As faixas são as mesmas. Então, são grupos pequenos, porém muito violentos e fica evidente que há uma coordenação entre eles, o que revela que, de fato, há uma milícia fascista que está se organizando para tentar impedir a caravana”, disse, acrescentando ainda que um carro foi apreendido nesta terça-feira após a polícia encontrar artefatos explosivos em seu interior.


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