Julgamento Lula
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21 de janeiro de 2018
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16:17

Pela 2ª vez na história, UNE muda sede para Porto Alegre para defender a democracia

Por
Luís Gomes
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UNE anuncia decisão pela defesa da democracia | Foto: Vermelho

Da Redação

Em nota publicada nas redes sociais neste sábado (20), a União Nacional dos Estudantes do Brasil (UNE) anunciou que está mudando temporariamente a sua sede para Porto Alegre em razão do julgamento do ex-presidente Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, marcado para a próxima quarta-feira (24) em Porto Alegre. Esta é a segunda vez na história que a entidade faz a transferência simbólica de sua sede, que fica em São Paulo, sendo a primeira também para a capital gaúcha, em 1961, quando convocou os estudantes do país a participarem da campanha pela legalidade e da defesa da democracia.

“Acreditamos que os estudantes brasileiros precisam estar aonde existe luta e resistência pela democracia e pelos nossos direitos. Convocamos, pois, os estudantes de canto a canto do país para somarem-se às próximas lutas em Porto Alegre e em todo o Brasil, que serão decisivas para os rumos da democracia”, diz a nota.

A UNE também lembra que medidas tomadas pelos poderes municipais, como a aprovação da “Lei Antivandalismo” pela Câmara Municipal de Porto Alegre e o pedido do prefeito Nelson Marchezan para que o Exército e a Força Nacional atuassem no dia do julgamento, evidenciam a perseguição aos movimentos sociais e populares, o que contribuiu para que a entidade adotasse essa medida.

“No dia 24 Porto Alegre, que é sede do tribunal onde acontecerá o julgamento de Lula, será palco de grandes manifestações de resistência. A história nos mostra que em 1961 a capital gaúcha também foi palco de grandes lutas na campanha pela legalidade, para garantir que João Goulart fosse empossado presidente”, diz a UNE.

Confira a íntegra da nota:

MUDANÇA DA CASA DO PODER JOVEM
A casa dos estudantes é onde tem luta!

Diante da realidade social e política conturbada que o Brasil vive hoje, o Estado Democrático de Direito vem sofrendo retaliações, modificações e ameaças. O Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal, tem usado dos seus poderes de forma arbitrária e abusiva, se sobrepondo à democracia. Estas instituições se tornaram instrumentos não da garantia das leis, mas da negação delas, sendo amparados pelo apoio e espetacularização dos oligopólios midiáticos.

A hipertrofia do Poder Judiciário – com destaque para a Operação Lava Jato – tem sido braço fundamental para a continuidade do golpe em curso no nosso país. Fica cada vez mais evidente como a condução das operações dessas instituições tem como alvo os alicerces da democracia, partidos políticos, movimentos sociais e lideranças políticas.
Nesse cenário, no dia 24 de janeiro a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que fica em Porto Alegre, julgará o recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a sentença do juiz Sérgio Moro. Esse é um processo marcado por perseguições e decisões parciais, sem provas consistentes, sem fundamento jurídico e fruto de tratamento seletivo.

Com apenas 30 anos de uma frágil democracia, nosso país já sofre uma nova ruptura quando a presidenta Dilma Rousseff foi afastada da Presidência da República sem crime de responsabilidade, por uma articulação de setores da elite, do parlamento, da mídia e do judiciário. O que está em jogo no país neste momento não é apenas a condenação de Lula, mas o desdobramento do golpe, um verdadeiro ataque ao estado democrático de direito. E isso não é novo na história de nosso país, ainda que com suas particularidades, o que se tenta fazer hoje em muitos aspectos se assemelha à tentativa de golpe de 1961 quando os militares tentaram impedir que João Goulart tomasse posse com a renúncia de Jânio Quadros, ao fim e ao cabo se trata da tentativa de retirar lideranças políticas da disputa do poder por meios não democráticos ou constitucionais.

Agora no caso de Lula, também querem condená-lo sem provas, com o intuito de impedir o seu direito de ser candidato. Portanto, se ousarem condená-lo provarão o caráter político de todo este processo. Se há corrupção e improbidades, que se façam as investigações cabíveis, mas em consonância com o Estado de Direito. Sendo assim, as entidades estudantis, UNE e UBES, reafirmam sua posição em defesa do direito de Lula ser candidato.

No dia 24 Porto Alegre, que é sede do tribunal onde acontecerá o julgamento de Lula, será palco de grandes manifestações de resistência. A história nos mostra que em 1961 a capital gaúcha também foi palco de grandes lutas na campanha pela legalidade, para garantir que João Goulart fosse empossado presidente. Na ocasião, a UNE transferiu a sua sede para Porto Alegre, convocando os estudantes do Brasil à se somarem nessa luta em defesa da democracia.

Vale ressaltar que a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou nos últimos dias a “Lei Anitivandalismo” (chamada assim pelo governo), que abre brechas para que a guarda municipal possa coibir manifestações. Além disso, o prefeito da capital, Nelson Marchezan, solicitou o Exército e a Força Nacional para atuarem no dia 24 do julgamento e reprimir manifestações. Ações como essas, evidenciam a perseguição aos movimentos sociais e populares.

Diante de todos esses acontecimentos, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), tomam novamente a decisão de transferir simbolicamente a sua sede para Porto Alegre. Acreditamos que os estudantes brasileiros precisam estar aonde existe luta e resistência pela democracia e pelos nossos direitos. Convocamos, pois, os estudantes de canto a canto do país para somarem-se às próximas lutas em Porto Alegre e em todo o Brasil, que serão decisivas para os rumos da democracia.

A história nos mostra que em 1961 a capital gaúcha também foi palco de grandes lutas na campanha pela legalidade, para garantir que João Goulart fosse empossado presidente. Na ocasião, a UNE transferiu a sua sede para Porto Alegre, convocando os estudantes do Brasil à se somarem nessa luta em defesa da democracia.


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