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1 de dezembro de 2012
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19:10

FSMPL: Ativistas debatem autonomia dos movimentos sociais

Por
Sul 21
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Painel “Resistência popular e o apoio dos movimentos sociais” fez parte das atividades do último dia de Fórum | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Natália Otto

Os desafios encontrados pelos movimentos sociais pró-Palestina e as possibilidades de resistência dentro da sociedade civil foram o tema de uma das conferências do último dia do Fórum Social Mundial da Palestina Livre, neste sábado (1), no Salão de Festas da UFRGS. O painel “Resistência popular e o apoio dos movimentos sociais” reuniu palestrantes da Índia, da Palestina, da África do Sul e do Brasil.

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O indiano Fayoz Mahdi, membro do comitê organizador do FSMPL, compartilhou com o público suas experiências com movimentos de solidariedade na índia. “O mais importante é que nós, dos países do sul do globo, descubramos novas maneiras de manifestar nossa solidariedade pelos Palestinos e outros povos oprimidos”, afirmou.

Mahdi manifestou a necessidade de autonomia dos movimentos sociais. “Apesar das vitórias no campo legal, como a recente alteração do status da Palestina na ONU, a sociedade civil precisa manter sua independência”, aconselhou. “Os governos estão aqui em um dia e, no outro, não estão mais. Temos que manter as classes dominantes sempre sob suspeita”.

A questão da autonomia dos movimentos de solidariedade aos Palestinos também foi abordada com profundidade pelo palestino Taha Rifae, representante dos agricultores da Palestina. Em sua fala, ele ressaltou a necessidade de autonomia financeira dos movimentos sociais.

“Se nos apoiamos sempre no dinheiro de caridade estrangeira, não temos mais poder de decidir nossas políticas sozinhos”, afirmou. “Alguns países e entidades não nos dão dinheiro por bondade, e sim para controlar nossa vida e nossas decisões”, alertou o ativista. “Esse tipo de dinheiro não é inocente e temos que ter em mente que ele nunca vem de graça”.

Ronnie Kasrils: “Brasi, pare de vender armas para Israel” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

O ex-ministro do governo de Nelson Madela, Ronnie Kasrils, começou sua fala afirmando que é preciso “procurar constantemente os pontos fracos dos sionistas”. Kasrils contou que Israel foi aliada dos racistas durante o apartheid da África do Sul e que, juntos, os dois países ergueram suas indústrias bélicas.

“Os empresários e mesmo alguns camaradas de governo diziam que não podíamos romper com Israel, pois o comércio de armas gerava muitos empregos”, contou. “Mas os sindicatos se organizaram e disseram que preferiam para perder seus empregos a armar Israel”, falou, arrancando aplausos do público.

“E vejam que os sionistas eram influentes na África do Sul, como são na Argentina e aqui no Brasil”, ressaltou, reafirmando a possibilidade de mudança. “Mas eu peço ao Brasil: pare de vender armas à Israel. Somos membros do BRICS, devemos ser pacifistas”, pediu.

A ativista Muna Namura ainda falou sobre a resistência das mulheres palestinas e a palestrante Abdalah Aburmaraw pediu pelo fim dos checkpoints entre cidades e vilarejos palestinos e israelenses.


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