Da Redação
Amanhã, terça-feira (18), quando oficialmente será empossado como novo presidente do Grêmio, Fábio Koff deverá tocar em alguns pontos problemáticos da construção do Estádio da Arena, inaugurado no último dia 8 pelo atual presidente Paulo Odone.
Em entrevista concedida ao jornal Zero Hora neste domingo (16), Koff mostrou-se contrariado com a negociação feita por seu antecessor no cargo, a qual impõe ao clube 20 anos de vinculação, segundo ele, deficitária à construtora OAS. De acordo com Koff, o déficit mensal do clube será de R$ 5 milhões. “No balanço do Grêmio, a contribuição da Arena, dentro de um orçamento para 2013 de R$ 260 milhões, não chega a R$ 10 milhões”, denunciou ele. “Cabe ao Grêmio pagar a Arena. Ela não é nossa. Vamos passar 20 anos pagando”, disse, chocando muitos gremistas. “Nós estamos comprando espaço na Arena. Pagamos R$ 20 milhões para cumprir compromissos com os associados”.
No negócio, que Koff define como ruinoso, a OAS ainda recebeu o Estádio Olímpico para ser implodido e dar lugar a empreendimentos imobiliários em uma área nobre e valorizada, que vai lhe assegurar generosos dividendos.
Koff observa que, no negócio, sequer a marca do clube foi considerada em sua dimensão institucional. Conforme o novo presidente, a marca — que representa metade da população gaúcha — é estimada por empresas de consultoria em mais de R$ 500 milhões.
Também a prefeitura de Porto Alegre não exigiu da OAS quaisquer contrapartidas para obras do entorno da região do bairro Humaitá. O bairro será impactado não só pela imensa edificação do estádio de futebol mas, sobretudo, pelas construções de torres residenciais, empreendimentos comerciais, shopping e hotel, multiplicando a densidade ocupacional de novos moradores e trabalhadores dos locais e as necessidades de obras de saneamento, drenagem, pavimentação, regularização fundiária, habitação e mobilidade urbana.
“A prefeitura renunciou as suas funções públicas”, considerou o deputado estadual Adão Villaverde (PT) que, juntamente com o deputado federal Paulo Ferreira (PT), encontrou Koff para um almoço no último final de semana.
Ao lado de outro futuro dirigente, Renato Moreira, que já comandou os departamentos de futebol e jurídico do Grêmio, Koff sondou os parlamentares petistas acerca da possibilidade de ajuda do governador Tarso Genro e até da presidenta Dilma, que poderia sancionar emendas de parlamentares que incluiriam o estádio.
“Tratamos de projetos para o entorno do estádio, de obras de infraestrutura e de toda a relação com as comunidades do chamado 4º distrito”, disse Villaverde.
Pedro Ruas pede tombamento do Olímpico
Com sentimento semelhante ao pregado pelo escritor e jornalista Flávio Tavares (que defende o aspecto histórico-cultural do Olímpico e denuncia o horror que a implosão acarretará ao meio ambiente de toda região metropolitana), o vereador Pedro Ruas (PSol) quer que o Olímpico seja tombado e até entrou com projeto de lei nesta segunda-feira (17), na Câmara Municipal.