Últimas Notícias > Geral > Noticias
|
12 de novembro de 2012
|
19:53

Polícia indicia duas pessoas por dano a patrimônio durante protesto em Porto Alegre

Por
Sul 21
[email protected]
Polícia indicia duas pessoas por dano a patrimônio durante protesto em Porto Alegre
Polícia indicia duas pessoas por dano a patrimônio durante protesto em Porto Alegre
Incidentes ocorreram ao final de manifestação do grupo Defesa Pública da Alegria, no dia 04 de outubro | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira

A 17ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre indiciou duas pessoas por danos ao patrimônio público durante o protesto que ocorreu no dia 4 de outubro em frente à prefeitura. O ato, batizado de Defesa Pública da Alegria, criticava a privatização dos espaços públicos da cidade e terminou sendo dispersado pela Brigada Militar após os manifestantes se dirigirem ao Largo Glênio Peres para criticar a presença, no local, de um mascote da Copa do Mundo de 2014 patrocinado pela Coca-Cola.

Na ocasião, os manifestantes acabaram ultrapassando a grade de contenção que envolvia o boneco de um tatu-bola de seis metros de altura – com a anuência da polícia, que apenas observou a atitude. Com a chegada da tropa de choque, os jovens foram retirados à força de dentro do espaço onde estava o mascote e se instaurou um conflito generalizado que duraria pelo menos uma hora e se estenderia para outras ruas do Centro, como a avenida Borges de Medeiros.

Desde então, diversos órgãos do poder público investigam o que realmente ocorreu na noite do dia 4 de outubro. A Ouvidoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública concluiu, em um relatório de 30 páginas, baseado em mais de 50 relatos de manifestantes agredidos pela polícia, que a Brigada Militar iniciou a repressão aos jovens e desencadeou o conflito.

Por outro lado, a investigação em curso na Polícia Civil indica atos de violência por parte dos manifestantes. No dia 5 de outubro o titular da 17ª Delegacia, Hilton Müller, instaurou um inquérito para investigar o caso.

No dia 5 de novembro, o delegado concluiu a parte da investigação que trata das denúncias de danos ao patrimônio público cometidos por manifestantes contra policiais militares. De acordo com o inquérito, dois jovens foram indiciados judicialmente por esse crime.

Viatura danificada teria sido apedrejada por dois manifestantes, segundo inquérito da Polícia Civil | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O delegado não quis revelar o nome dos acusados, que foram indiciados por terem jogado uma pedra sobre uma viatura da Brigada Militar – o que teria danificado o para-brisa do veículo. “Tínhamos um prazo legal de um mês para concluir a investigação sobre esses dois acusados, já que eles sofreram prisão em flagrante”, informa o delegado.

O caso agora tramita na 10ª Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre. Além da investigação da Polícia Civil, ainda está em curso um Inquérito Policial-Militar na BM para apurar a conduta dos brigadianos no protesto.

Delegado espera concluir inquérito até o final do mês

Hilton Müller ainda espera concluir, até o final deste mês, a outra parte da investigação, que trata das denúncias de agressão cometidas por policiais e por manifestantes. “Temos muitos depoimentos de lesões praticadas em manifestantes, em policiais militares e em guardas municipais”, afirma.

O delegado ressalta que seu trabalho, agora, é focado na identificação dos acusados de terem praticado agressões na noite de 4 de outubro. “Temos denúncias de muitas agressões recíprocas. Já ouvimos a maioria das pessoas, mas ainda precisamos tomar alguns depoimentos”, diz Hilton Müller. Ele avisa que pelo menos três policiais e um guarda municipal garantem ter sofrido agressões por parte dos manifestantes.

Boneco da Copa possui apenas manchas de tinta e pode ser reutilizado, conclui investigação policial | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O delegado também diz que já recebeu o relatório da Ouvidoria de Segurança Pública e que “é possível” utilizar o documento para embasar as investigações.

Mascote da Copa do Mundo não foi danificado

O inquérito em curso na Polícia Civil confirma que o mascote da Copa do Mundo de 2014 não foi danificado pelos manifestantes durante o protesto do dia 4 de outubro, conforme noticiado em primeira mão pelo Sul21. Diferentemente do que foi veiculado em boa parte da imprensa na época, o tatu-bola foi apenas desinflado e estaria em plenas condições de ser utilizado novamente.

“No dia 5 de outubro recebemos o boneco, o examinamos e encaminhamos à empresa responsável. Eles nos retornaram informando que não tinham feito outros exames, então temos como algo definitivo que o boneco não foi danificado. Ele possuía apenas algumas marcas de tinta, que não tínhamos como comprovar se foram feitas antes ou depois do protesto”, afirma o delegado Hilton Müller.

O exame no mascote foi feito por técnicos da Polícia Civil, já que o delegado não achou necessário solicitar uma perícia ao Instituto Geral de Perícias do estado (IGP). Hilton Müller também não considera a possibilidade de realizar esse pedido atualmente. “Já passou do prazo”, afirma.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora