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12 de outubro de 2012
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16:51

Manifestantes voltam ao Largo para protestar contra violência policial em POA

Por
Sul 21
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Samir Oliveira

Ato de quinta-feira foi o que reuniu mais gente até o momento | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Centenas de pessoas se reuniram na noite desta quinta-feira (11) no Largo Glênio Peres para protestar contra a violẽncia policial em Porto Alegre. A manifestação foi convocada pelas redes sociais e integrou a série de atos batizados de Defesa Pública da Alegria – que tiveram início na quinta-feira passada, quando um protesto contra a privatização dos espaços públicos terminou em confronto com a Brigada Militar (BM).

Na ocasião, centenas de jovens foram agredidos física e verbalmente pelos policiais, que protegiam o mascote da Copa do Mundo, um boneco gigante de um tatu-bola. Chegou a ser dito pela Brigada Militar e por parte da mídia que o tatu teria sido depredado, mas nesta semana ficou comprovado que ele apenas tinha sido esvaziado e está em plenas condições de ser utilizado novamente.

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Após a repressão sofrida na quinta-feira passada, os manifestantes voltaram à frente da prefeitura na sexta-feira, quando o ato contou com a participação da ouvidora de Segurança Pública do estado, Patrícia Couto. Nesta quinta-feira, ela também se fez presente na manifestação.

Manifestantes desceram a avenida Borges de Medeiros até o Largo Glênio Peres | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Assim como no último protesto, os manifestantes chegaram a dialogar com a Brigada Militar antes do ato. O comandante do policiamento da Capital, coronel Alfeu Freitas, garantiu que os policiais iriam acompanhar os jovens apenas para garantir a segurança da manifestação. Além da ouvidora de Segurança Pública, também estavam presentes no protesto as vereadoras Fernanda Melchionna (PSOL) e Sofia Cavedon (PT).

Muitos usaram uma máscara do mascote da Copa do Mundo | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Logo na chegada da concentração, na Esquina Democrática, já era possível avistar um enorme cartaz com os dizeres: “Quem nos protege da polícia?”. Os manifestantes portavam diversas faixas com frases que reforçavam o caráter pacífico do ato e a revolta contra a ação da Brigada Militar e até mesmo contra a cobertura que parte da mídia dedicou aos protestos da semana passada.

“Não confunda a resistência do oprimido com a violência do opressor”, dizia um cartaz. Outra faixa criticava um comentarista do Grupo RBS que chegou a chamar os manifestantes de terroristas: “Cala a boca Lasier”. A frase chegou a ser repetida pelos jovens, junto com “Fora Fortunati e viva a arte”.

Ato ocorreu sem incidentes com a Brigada Militar

O protesto desta quinta-feira seguiu a dinâmica das outras duas manifestações e contou com um “microfone aberto” conectado a um carro de som, onde qualquer um podia fazer um pronunciamento. Assim como das outras vezes, o equipamento foi financiado pelos próprios manifestantes, que foram deixando moedinhas no local até reunir os R$ 130 necessários para pagar pelo amplificador.

Pronunciamentos e cartazes mostraram críticas a cobertura da imprensa sobre os protestos | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Apesar de o ato contar com pessoas filiadas a partidos políticos, nenhuma bandeira com símbolos partidários foi erguida no local. E os discursos no microfone, não raramente, incluíam ataques ao sistema político de uma forma geral.

“Não precisamos de Estado nem de representantes”, disse um manifestante. Outro aproveitou o momento para afirmar que um ato como aquele era uma forma de fazer política. “Também fazemos política quando ocupamos o espaço público, não somente quando depositamos um voto na urna”, comentou.

Início da concentração ocorreu na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Muitos jovens se mostraram inconformados com a forma que os protestos vêm sendo tratados em parte da mídia. “Não somos vândalos ou vagabundos, somos estudantes e trabalhadores. Vagabundagem é ir para a rua lutar por um mundo melhor ou é ficar em casa sentado na frente da televisão?”, criticou uma manifestante.

E não faltou quem apostasse no bom humor, já que o clima no Largo Glênio Peres era de festa, com diversas pessoas portando instrumentos musicais e confraternizando em círculos com amigos. “Quero perguntar para aquele cara fardado que me chamou de filho da puta na semana passada: cara, tu conhece a minha mãe?”, indagou um manifestante.

A Brigada Militar acompanhou atentamente a manifestação, mas não houve incidentes. Regimentos estavam espalhados de forma dispersa pelo centro e agentes do serviço de inteligência – o P2 – estavam a paisana na manifestação. Alguns policiais fardados também tiraram fotos durante o protesto.

Mascote da Copa do Mundo não voltará para o Largo

Brigada Militar tirou fotos dos manifestantes | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Apesar de o mascote da Copa do Mundo estar em condições de ser colocado novamente no Largo Glênio Peres, a prefeitura já informou que isso não acontecerá. Na manhã desta quinta-feira (11), o prefeito José Fortunati (PDT) garantiu que a cidade não receberia mais o boneco e disse que “não serão atitudes de vandalismo que acabarão com a Copa do Mundo”.

Nesta quinta, a Coca-Cola, que patrocina o evento esportivo, divulgou uma nota também afirmando que não eixibirá mais o boneco na Capital gaúcha. O mascote fazia parte de uma ação de marketing da empresa, que realizou diversas obras no Largo Glênio Peres.

Leia aqui a íntegra da nota divulgada pela Coca-Cola

A instalação do inflável do mascote da Copa do Mundo FIFA 2014TM teve
como objetivo dar visibilidade e criar familiaridade da população de Porto
Alegre com o tatu bola, um animal da nossa fauna, escolhido pela FIFA como
símbolo do evento para todo o mundo. Em função dos fatos ocorridos, a Coca-
Cola informa que esta ação específica não retornará ao Largo Glênio Peres,
mas a cidade continua sendo uma das praças prioritárias da Companhia em
suas ações de engajamento com o espírito festivo deste que é o maior evento
esportivo do mundo.


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