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4 de outubro de 2012
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04:08

Fortunati pede mobilização na reta final: “não vamos cantar vitória”

Por
Sul 21
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"Temos que continuar trabalhando, com muita humildade", disse Fortunati a militantes durante comício | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Igor Natusch

Perto do fim de sua fala no comício desta quarta-feira (3), o atual prefeito de Porto Alegre e candidato à reeleição José Fortunati (PDT) reproduziu, em palavras bastante claras, o pensamento arraigado na coligação que lidera todas as pesquisas e vê próxima a vitória eleitoral ainda no primeiro turno. “Ainda faltam quinta, sexta e sábado antes da votação”, disse ele, durante o ato no Largo Glênio Peres. “Não podemos cantar vitória em hipótese alguma. Temos que continuar trabalhando, com muita humildade, minuto a minuto, hora a hora”. Um mantra repetido por quase todas as lideranças presentes: mesmo com a confortável vantagem, é preciso manter a mobilização para não sofrer nenhuma surpresa em 7 de outubro.

Germano Rigotto chamou a si mesmo de "exemplo vivo" de que campanha não pode cair de intensidade na reta final | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Falando logo antes de Fortunati, o candidato a vice Sebastião Melo (PMDB) foi tão ou ainda mais cauteloso. “Estamos culminando uma caminhada extraordinária, mas a corrida ainda não terminou. O que importa é que vamos vencer, tanto faz se no primeiro ou no segundo turno”, discursou, buscando manter a militância alerta para uma campanha “de porta em porta” na reta final.

Ex-governador gaúcho e derrotado de forma surpreendente em 2006, quando liderava a corrida pela reeleição e acabou ficando fora até do segundo turno, Germano Rigotto (PMDB) deu o recado de forma explícita. “Eu sou um exemplo vivo”, disse ao público presente ao Largo, sem reservas. “Em 2002, ganhamos uma eleição impossível. Em 2006, perdemos uma eleição que era dada como ganha. Estamos com essa eleição (de Fortunati) na mão, mas não podemos descuidar. Temos que lutar até as cinco da tarde de domingo”, exortou.

“Baixarias não vão vencer nosso projeto”, diz Sebastião Melo

Sebastião Melo minimizou denúncias contra candidatura: “infelizmente, quando chega a reta final, as baixarias aparecem” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O comício de encerramento da campanha de Fortunati teve tantas cores e presenças ilustres quantos são os partidos integrantes da coligação. Quase que o palanque fica pequeno para tanta gente. Lado a lado, o ex-governador e trabalhista histórico Alceu Collares (PDT) abraçava o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM), em um símbolo do amplo espectro ideológico da aliança que quer reconduzir o atual prefeito ao Paço Municipal. O ex-prefeito José Fogaça (PMDB) também apareceu, sendo muito aplaudido no começo de sua fala. Líderes partidários nacionais como Carlos Lupi (PDT) e Roberto Freire (PPS) dividiram espaço com políticos locais como Ibsen Pinheiro (PMDB), Beto Moesch (PP) e Cassiá Carpes (PTB). O senador Pedro Simon (PMDB) não compareceu por motivos de saúde, mas mandou uma breve carta na qual reforçou a necessidade de um esforço coletivo na reta final.

Além de martelarem na ideia de que nada está ganho antes da apuração, os políticos presentes assumiram outros papéis – o principal deles, atacar as candidaturas de Manuela D’Ávila (PCdoB) e Adão Villaverde (PT). “Infelizmente, quando chega a reta final, as baixarias aparecem”, disse Sebastião Melo, em alusão às recentes denúncias de uso da máquina pública que surgem contra a coligação que apoia Fortunati. “Mas essas baixarias não vencerão nosso projeto vitorioso de cidade. Nossa campanha é conduzida de forma ética, com proposições”, discursou, em meio a aplausos.

"Não vamos deixar uma menininha deslumbrada tomar conta da cidade", disse Cassiá sobre Manuela | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O deputado estadual Cassiá Carpes, do PTB, foi o mais incisivo nas críticas aos adversários. “No governo deles, a 3ª Perimetral estava parada”, acusou, em recado ao PT de Adão Villaverde. “Não vamos deixar o PT voltar. Não vamos deixar uma menininha deslumbrada, que não cumprimenta os ex-colegas de Câmara de Vereadores, tomar conta da nossa cidade”, acrescentou, em ataque direto a Manuela D’Ávila.

Presidente nacional do PPS, Roberto Freire encarregou-se de mencionar o julgamento do mensalão como forma de criticar o PT e Adão Villaverde. “Tiramos o partido do mensalão do poder municipal. O Supremo está condenando todos eles, está fazendo o papel dele lá (em Brasília). Temos que fazer nosso papel aqui”, frisou.

Fortunati: “Nunca desrespeitamos os demais candidatos”

Fortunati: "A vida real mostra uma cidade diferente da que nossos adversários querem retratar" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

José Fortunati surgiu no palco pouco antes das 20h, ao som do jingle de campanha. Em seu discurso, adotou uma postura conciliadora, falando de realizações e prêmios recebidos, construindo para si mesmo a imagem de tocador de obras e de um administrador que não se deixa levar por brigas e ataques pessoais.

“O que marcou nossa trajetória foi um debate preciso e profundo da cidade que todos nós amamos”, acentuou José Fortunati em sua fala, aproveitando o momento para realçar a imagem de candidato acima das picuinhas políticas. “Em momento algum desrespeitamos os demais candidatos. Todos os candidatos e todos os partidos políticos merecem nosso respeito. E vamos continuar agindo assim até o último minuto da campanha”.

O candidato também fez questão de reconhecer que Porto Alegre ainda enfrenta “muitos problemas”, mas qualificou a si mesmo com um “conhecedor profundo” da realidade do município e garantiu que sua administração já atua em todos os temas problemáticos. “A vida real mostra uma cidade diferente da que nossos adversários querem retratar. Mais igual, mais fraterna. Quero continuar esse projeto em nome da população, em especial dos mais carentes”, acentuou.

Antes de encerrar o ato exibindo nos telões o último programa de TV de sua candidatura (“um presente” para o público, segundo o próprio candidato), Fortunati acentuou que, mesmo estando prefeito, só assumiu o posto após a saída de Fogaça em 2010 para concorrer a governador. Nunca foi, portanto, eleito como cabeça de chapa. “Tenho há 30 anos o sonho de ser eleito prefeito de Porto Alegre”, acentuou. “Mas um sonho desses não se sonha sozinho em casa. Tem que ser compartilhado com todos para se transformar em realidade”.


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