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8 de outubro de 2012
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01:07

“É um momento aguardado há muitos anos”, diz Fortunati no discurso da vitória

Por
Sul 21
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Samir Oliveira

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O prefeito José Fortunati (PDT) venceu as eleições de Porto Alegre no primeiro turno com 65% dos votos, ficando à frente de Manuela D’Ávila (PCdoB), que fez 17%, e de Adão Villaverde (PT), que fez 9%. A vitória foi conquistada junto com o PMDB, PP, PTB, DEM, PPS, PRB, PTN e PMN.

No início da campanha, o pedetista estava tecnicamente empatado com Manuela, mas acabou disparando após o início da propaganda eleitoral na televisão. Na reta final da disputa, a vitória em primeiro turno já era dada como certa por todas as pesquisas de intenção de voto. Entretanto, nenhuma pesquisa previu um percentual tão alto de votos ao prefeito e uma derrota tão esmagadora de seus adversários.

Às 17h30 deste domingo (7), o clima já era de vitória no comitê central da coligação Por Amor a Porto Alegre. José Fortunati chegou às 19h15 para transmitir a mensagem da vitória e conceder uma coletiva aos jornalistas presentes.

O discurso foi marcado pela indisfarçável emoção de ter realizado um sonho, como o próprio prefeito admitiu. “É um momento muito aguardado, que cultivo há muitos anos”, disse o pedetista, visivelmente emocionado.

Até esta eleição, José Fortunati nunca havia sido eleito como prefeito. Em 1996, quando era petista, ele chegou à prefeitura como vice de Raul Pont (PT). Mas não pôde disputar a prefeitura em 2000, pois Tarso Genro (PT) resolveu concorrer pelo partido – que tinha a tradição de indicar sempre o vice para disputar a nova eleição. Desde então, Fortunati voltou à prefeitura em 2007 como secretário do Planejamento na gestão de José Fogaça (PMDB) e, em 2008, foi eleito como vice na chapa do peemedebista. Ele só assumiu a titularidade da prefeitura em março de 2010, quando Fogaça deixou o cargo para concorrer ao governo do estado.

O prefeito chegou a comentar as tentativas anteriores de chegar ao Paço Municipal e disse que não guarda mágoas do hoje governador Tarso Genro. “Naquele momento fiquei extremamente machucado, mas hoje são águas passadas. Minha relação com Tarso continuará sendo de respeito e de construção”, garantiu.

Questionado sobre o fraco desempenho de Adão Villaverde nesta eleição, José Fortunati disse que não cabia a ele analisar a derrota do adversário. Mas aproveitou para agradecer os petistas: “Me orgulho de ter recebido muitos votos de militantes filiados ao PT. Quero agradecer aos petistas que confiaram na nossa gestão”, externou.

“Serei prefeito pelos quatro anos”, garante Fortunati

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A vitória esmagadora de José Fortunati fez com que muitos líderes do seu partido cogitassem uma tentativa de alçá-lo ao Palácio Piratini em 2014. Antes mesmo do resultado final destas eleições, o presidente do PDT gaúcho, Romildo Bolzan Júnior, já admitia em entrevistas a intenção de lançar candidatura própria ao governo do estado, citando Fortunati como um possível candidato.

Na coletiva de imprensa concedida neste domingo, o prefeito descartou veementemente qualquer possibilidade de deixar a administração municipal. “Quero deixar muito claro ao povo de Porto Alegre e às lideranças do meu partido que meu único desejo é fazer o melhor mandato. Serei prefeito pelos próximos quatro anos. Já disse aos outros partidos que nem tentem me seduzir com qualquer outra coisa para 2014. Em 2014, quero ser o prefeito da Copa do Mundo”, assegurou.

“Será um novo governo”, antecipa o prefeito

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

José Fortunati disse que a partir de janeiro de 2013 terá início “um novo governo”. “Quero dizer em alto e bom tom que não será apenas um governo de continuidade. Será novo governo. Teremos que repensá-lo e qualificá-lo”, projetou.

O prefeito foi bastante questionado sobre a composição de seu secretariado neste segundo mandato. As respostas foram sempre discretas, evitando citar nomes, mas sabe-se que uma reforma será feita.

No rearranjo de forças, o PP e o PTB devem ganhar mais espaço na administração municipal. Os progressistas vão ampliar a participação porque chegaram a rachar na convenção e decidiram no voto pela aliança com o PDT – já que a ala liderada pela senadora Ana Amélia Lemos defendeu uma coligação com Manuela D’Ávila. E o PTB deverá colher os frutos de ter insistido em lançar o vice na chapa de Fortunati, tendo sido demovido com a promessa de que teria “protagonismo” num futuro mandato.

O prefeito disse que não pautará a escolha dos novos secretários somente pelo critério técnico. “Não é só o critério técnico que conta, como alguns tentam impor como verdade absoluta. Não adianta ter um técnico que não faça mudanças e não assuma posições”, adiantou.

“Postura de Dilma nos ajudou”, agradeceu Fortunati

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A presidente Dilma Rousseff (PT) manteve uma postura de total distanciamento das eleições de Porto Alegre. Berço político de Dilma, a Capital gaúcha teve três candidaturas de partidos que estão na sua base aliada: José Fortunati (PDT), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Adão Villaverde (PT).

Entretanto, a justificativa de que não poderia participar da eleição porto-alegrense para não melindrar os aliados foi desconsiderada pela própria presidente em duas outras cidades: em São Paulo e em Belo Horizonte.

No primeiro caso, Dilma subiu no palanque do petista Fernando Haddad a pedido do ex-presidente Lula. Mesmo que a capital paulista tivesse outras candidaturas da base aliada, como PRB, PMDB e PDT. Em Belo Horizonte, Dilma fez questão de apoiar o ex-ministro Patrus Ananias contra outro candidato de sua base aliada, o atual prefeito Márcio Lacerda (PSB).

Amiga pessoal de José Fortunati, a presidente se negou a revelar em quem votou em Porto Alegre. Na coletiva de imprensa deste domingo, o prefeito agradeceu a postura de Dilma. “Ela teve a postura de uma verdadeira estadista e não partidarizou sua figura de presidente. Agradeço a ela por ter assumido essa postura e não tenho dúvida de que isso nos ajudou”, reconheceu.


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