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22 de junho de 2012
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23:22

Lugo: “que responsáveis pelo golpe tenham presente a gravidade de seus atos”

Por
Sul 21
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Da Redação

Em manifestação logo após ser deposto por meio de um impeachment-relâmpago nesta sexta-feira (22), Fernando Lugo disse esperar que os integrantes do Congresso “tenham presente a gravidade de seus atos”, ainda que afirmando que não resistirá à decisão. “Me submeto à decisão do Congresso e estou disposto a responder sempre por meus atos como ex-mandatário nacional”, acentuou. “Quem está sendo destituído não é Fernando Lugo: é a democracia paraguaia, profundamente ferida por esse golpe de estado”.

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“Sempre atuei de acordo com a lei, ainda que ela tenha sido torcida como um frágil galho ao vento”, acentuou, dizendo que a decisão do Senado paraguaio “transgrediu todos os princípios de defesa de maneira covarde”. Pediu igualmente que o povo “não se negue a exercer seu poder de manifestação de forma pacífica”.“Que o sangue dos justos nunca mais se derrame em nome de interesses mesquinhos”, disse, pedindo que não haja confrontos nas ruas de Assunção.

“Fernando Lugo não responde à máfia nem ao narcotráfico. Este cidadão responde e seguirá respondendo agora e sempre ao chamado de seus compatriotas, aos mais humildes e excluídos. Hoje, saio pela mais ampla porta da pátria. Pela porta do coração de meus compatriotas”, acrescentou, sob aplausos de seus apoiadores. “Aos que sonham com um Paraguai mais justo, podem continuar contando com Fernando Lugo. Muita força, muita força, muita força. Viva o Paraguai”, encerrou.

Em votação realizada no final da noite desta sexta-feira, o Senado paraguaio decidiu aprovar o impeachment do presidente Fernando Lugo. A votação foi nominal e somou 39 votos a favor da condenação de Lugo, 4 contrários e 2 ausências.

Fernando Lugo foi alvo de um processo relâmpago de impeachment, iniciado na quinta-feira (21) e concluído no começo da noite de sexta. Movido pelo Congresso, o pedido trazia cinco acusações contra Fernando Lugo. A principal delas é de mau desempenho de suas funções em uma ação de reintegração de posse na semana passada, que acabou com a morte de 11 camponeses e seis policiais. Além disto, havia acusações de que Lugo teria colocado militares às ordens de sem-terras, de que o presidente teria financiado um protesto de estudantes e que ele seria o responsável por uma “onda de violência” no país. A quinta acusação era de que a assinatura do Protocolo de Ushuaia 2, em 2011, feriria a soberania do país. O protocolo permitirá, caso ratificado, que a Unasul interfira em países-membros quando houver golpes de estado.

Em comunicado oficial divulgado na tarde de sexta-feira (22), a Unasul manifestou seu apoio ao presidente paraguaio e afirmou de forma indireta que os países-membros podem romper suas relações diplomáticas com o Paraguai, caso o processo de impeachment contra o líder do Executivo paraguaio seja levado até o fim. Será avaliado, segundo o comunicado, “em que medida será possível continuar a cooperação no contexto da integração sul-americana” nessas condições. Lido pelo secretário-geral da entidade, o venezuelano Alí Rodríguez, o texto diz que a Unasul “reconhece a Fernando Lugo como o único presidente legítimo do Paraguai”.


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