Entrevistas|z_Areazero
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24 de fevereiro de 2020
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10:57

‘Prometeram botar o dinheiro do Carnaval na saúde, mas a saúde continua triste e o Carnaval também’

Por
Luís Gomes
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O sambista Queixinho tem 65 anos de Carnaval em Porto Alegre | Foto: Luiza Castro/Sul21

Luís Eduardo Gomes

As trajetórias de Édio Onofre Gonçalves e do Carnaval de Porto Alegre se confundem. Aos 80 anos, Queixinho, como é conhecido no mundo carnavalesco, tem 65 anos de folia na Capital gaúcha. Começou ainda nos anos 50, cantando nas tribos, antes de passar para escolas de samba. Foi intérprete, ou puxador de samba, em quase todas elas. Ajudou a fundar a Estado Maior da Restinga, foi Bambas da Orgia, União da Vila do IAPI. Só na Imperadores do Samba, foram 20 anos, ganhando mais de uma dezena de carnavais. O último título foi em 2016, na Imperatriz Dona Leopoldina, cantando o sambista carioca Diogo Nogueira.

Recentemente, no entanto, Queixinho vem acompanhando as escolas de samba enfrentarem anos turbulentos em Porto Alegre. Depois que o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) decidiu cortar o apoio financeiro da Prefeitura, as agremiações ficaram em uma situação financeira muito ruim, chegando cancelar o desfile competitivo de 2018.

Mas Queixinho agora confia que as coisas estão voltando ao caminho certo, com as escolas passando a se organizar mais e firmando uma parceria com uma produtora de Pelotas para a organização do evento.

Embora a cidade não tenha o desfile em meio ao feriado, como ocorre em todo o Brasil, Queixinho diz que até prefere que a festa seja transferida para março — este ano, o Porto Seco receberá os desfiles nos dias 6 e 7. “Agora, todo mundo vai pro Rio e aí, dias 6 e 7, vem para passar o Carnaval aqui”, diz.

A seguir, confira a entrevista com o sambista.

Queixinho foi Rei Momo do Carnaval de Porto Alegre durante seis anos | Foto: Luiza Castro/Sul21

Sul21 – Como o Carnaval de Porto Alegre chega para 2020? Como o senhor vê o momento do Carnaval da cidade?

Queixinho: Eu vejo em dois detalhes. O primeiro, com tristeza, porque 60, 70 anos atrás, o Carnaval de Porto Alegre era o segundo do Brasil. Mas, hoje, também tem um fio de esperança, porque tem alguns mandatários de escolas de samba que fecharam um acordo com uma empresa para fazer o Carnaval deste ano. E vai sair o Carnaval. O ano retrasado saiu um Carnaval através do pessoal das escolas de samba, porque os governos abandonaram o Carnaval. ‘Ah, porque nós vamos mandar o dinheiro do Carnaval para a saúde’. Mas não tem nada a ver, a saúde continua triste e o Carnaval também. Então, esse ano vai sair um Carnaval, através dos presidentes das escolas, que fecharam com uma firma, e está quase tudo bem organizadinho. Mas não é mais igual. Falta muito dinheiro. Falta dinheiro para o Carnaval e os presidentes têm muitas dificuldades de pagar alguns profissionais. É bateria, é fantasia, tudo é com dinheiro, não sai nada de graça. A dificuldade é muito grande. Há 60, 70 anos, era tudo com mais facilidade.

Sul21 – A sua trajetória acompanhou o desenvolvimento do Carnaval de Porto Alegre, o surgimento de muitas escolas de samba. Praticamente nenhuma das escolas existia quando o senhor começou, né?

Queixinho: Uma parte existia. Por exemplo, os Bambas da Orgia estão fazendo 80 anos. O Imperador sessenta e poucos. A Praiana, 60. Naquela época, tinham muitas tribos de índios, que chamavam muito o povo da fronteira, argentinos e uruguaios, porque eles faziam um espetáculo. Hoje tem duas só. As tribos chamavam porque eles faziam um teatro na avenida. Naquela época tinha a Aí vem a Marinha, tinha várias escolas e os Bambas da Orgia. O Carnaval era muito bom. Tinha 22 coretos, hoje temos só lá na Zona Norte, no Porto do Seco, que eu acho que não é um local bom. O Porto Seco é bom, porque hoje, lá dentro, é uma maravilha pro Carnaval. Agora, fora do Porto Seco, é um problema.

Sul21 – O que funcionava no Carnaval de décadas atrás que o tornava atraente para turistas de fora?

Queixinho: Primeiro, é o financeiro. O município e até o Estado ajudavam muito financeiramente. E nós tínhamos grandes empresas que patrocinavam. Inclusive, teve um comendador famoso da Pepsi Cola que fez um Carnaval sozinho no Quarto Distrito. Eles davam condições aos carnavalescos. Hoje, não. E o carnavalesco honrava o Carnaval. Por exemplo, ele ficava com a fantasia durante quase todo o dia. Hoje, tu vai na avenida, pega tua fantasia e bota numa pasta, desfila, chega no final, tu tira e guarda. Antigamente, o povo andava fantasiado. Era o famoso ‘assalto’, iam nas casas para cantar, se divertir e curtir. Agora não, o Carnaval é só passar na avenida e deu. É bacana, mas tem que curtir mais. Por isso que esse Carnaval que tem na Cidade Baixa, dos blocos, eu sou muito favorável. Os ensaios, esses desfile que tem pré-Carnaval, isso é maravilhoso, é bom, o povo adora. Eu participo muito.

Sul21 – Porto Alegre teve uma reanimação recente do Carnaval pelos blocos, ao mesmo tempo em que o Carnaval das escolas foi sendo cada vez mais escanteado e desfinanciado, especialmente nos últimos três anos. O senhor acabou de falar que considera positivo os blocos, mas como vê esse contexto de que, por um lado, aumenta o interesse nesse Carnaval e, por outro, o das escolas não tem financiamento?

Queixinho: Os blocos são importantes porque são para todos. Classe média, classe baixa, classe alta. Todo mundo curte os blocos. O Carnaval é mais para o carnavalesco, para o povão de comunidade, o povo negro. Não falando em racismo, porque todo mundo curte, só que diminuiu. O problema financeiro dificultou muito. E esses blocos que têm agora na Cidade Baixa é positivo, isso é maravilhoso. Agora, é questão de organização, de associação. Eu acho que o carnavalesco errou um pouco em não se unir. Entendeu? Se você ver o povo gauchesco, é uma maravilha. Eles são organizados, têm dinheiro. Mas por quê? Eles são responsáveis. Eu não quero dizer que os carnavalescos são irresponsáveis, mas é falta de união, de organização, para conseguir valorizar e ser respeitado. Porque, quando tu respeita e tu valoriza, existe gente que quer botar dinheiro. Como é que tu vai botar dinheiro num Carnaval que não é muito valorizado? Vou te dar um exemplo. Eu trabalhei na Febem 25 anos, fui monitor, instrutor de música, assessor da presidência, fiz trabalho comunitária, fiz trabalho com a escolinha Renascer da Esperança. Eu dava várias atividades dentro do quintal da Febem lá na Padre Cacique. Por que os carnavalescos não podem fazer isso nas escolas de samba durante todo o ano? Se tu tem uma empresa e vê isso, tu não vai ajudar? Tem que ajudar. Então, tem que dar um choquezinho.

Sul21 – O senhor poderia nos contar um pouco da sua trajetória de 65 anos no Carnaval de Porto Alegre?

Queixinho: Eu comecei a sair no Carnaval nas tribos de índios, com 15 para 16 anos. Na época, era solista, não era nem intérprete, nem puxador. Saí nas tribos Aimorés, Tapajó, Xavante. Depois, eu saí nos Mililionários da Alegria. Sempre fui muito ligado ao Carnaval do Areal da Baronesa, que era um grande bairro, com várias personalidades, tinha um Carnaval maravilhoso. Depois eu comecei a estourar. Estourei no Acadêmicos da Orgia, a verde e branco ali da Ipiranga. Saía da avenida no Centro, atravessava a Redenção e ia pro Grande Carnaval da Santana. Dona Maria Bravo, uma loira de cabelo vermelho, maravilhosa, que fazia o Carnaval lá. A gente ficava até a uma e meia da tarde, curtindo, tomando umas geladas, batendo-papo. Nós curtíamos, nos divertíamos e, como te falei, fantasiados. Agora tu pega a fantasia, bota numa pastinha, tira e vai. O Carnaval da Santana era maravilhoso. Saí dos Acadêmicos e depois estourei no Bambas da Orgia. Puxei o samba lá. Aí fui para a Praiana. Nos anos 80, estourei na Imperadores. Eu tenho grande carinho por todas as escolas, mas ali eu fiquei por quase 20 anos com Carlos Medina, Sandro Ferraz. Medina, um grande irmão meu, trabalhamos 17 anos, ganhamos 14 títulos na Imperadores. Era uma dupla. Ele era um grande puxador, uma voz linda, e melodia, eu era o loucão. ‘Canta comigo, canta meu povo querido. Alô, meu mar vermelho e branco‘ [canta]. Eram seis mil pessoas na frente da RBS, onde era o Imperador, depois um padre e mais umas pessoas que tinham dinheiro tiraram a escola de lá. A gente fica triste. Aí fui pro IAPI e, ultimamente, tava na Imperatriz, um bairro maravilhoso, uma comunidade espetacular. Fui bicampeão lá, no último ano o tema foi aquele rapaz, Diogo Nogueira. Junto com os puxadores de samba, fizemos um sucesso, ganhamos o Carnaval com o Diogo. Foi o último campeonato que eu participei. Esse ano, eu quero sair numas quatro ou cinco escolas só para me divertir. Não quero ser um profissional. Ganha pouco, trabalho muito, se incomoda e eu já tô fazendo há anos, apesar de que a latinha tá boa.

Queixinho ajudou a fundar a Estado Maior da Restinga, uma das escolas de samba mais tradicionais de Porto Alegre | Foto: Reprodução Facebook

Sul21 – Eu queria lhe perguntar sobre a questão do Porto Seco. Antes, o Carnaval de Porto Alegre era na região central e tinha, de certa forma, maior visibilidade. Não contribuiu para essa desvalorização tirar o Carnaval do Centro?

Queixinho: Não tem dúvida nenhuma. Quando o Carnaval saiu do Centro, demoliu. Eu peguei o Carnaval na Borges de Medeiros, no tempo do bonde. Tinha na João Alfredo. Tinha vários carnavais nos bairros. E aqui no Centro era uma maravilha, porque todo mundo vem de tudo que é lugar de Porto Alegre para o Centro, né? Então, sim, ficou bem desvalorizado o Carnaval depois que saiu do Centro. Eu fui Rei Momo de Porto Alegre seis anos. Junto com amigos, eu arrumei 15 mil assinaturas para deixar o Carnaval para os lados do Beira-Rio. No fim, disseram que ia para o Porto Seco os gauchescos, o Exército e o Carnaval. Quem é que está lá? Só o Carnaval.

Sul21 – Claro que lá no Porto Seco tem a estrutura dos barracões e, como o senhor mesmo disse, para fazer o Carnaval, lá ficou mais fácil.

Queixinho: Para fazer lá, ficou bom, tem barracões maravilhosos. Às vezes, não tem no Rio barracões como tem no Porto Seco.

Sul21 – Mas o senhor acha que deveria voltar, em algum momento, para a região central? Quem sabe na Orla do Guaíba?

Queixinho: Eu acho que é muito importante. Acho que, urgentemente, tem que voltar e aproveitar aquela estrutura, fazer uma negociação com o governo para fazer atividades ou fazer uma troca, e fazer o Carnaval aqui. De primeiro, as alegorias vinham de longe para o Centro. Com dificuldade, mas vinham. Facilitou isso lá, mas muita coisa não tá boa. Na Orla, na Orla mesmo, eu acho que não é o certo, até porque vai atrapalhar a própria Orla, que é maravilha de Porto Alegre. Mas, mais adiante, atrás do Beira-Rio, ali onde a Banda do Saldanha sai sempre e onde tem a pista de skate. Dali adiante, poderia fazer um bom trabalho. De repente, tem lugar para fazer alguns barracões ali, perto da escolas. Tem a Banda da Saldanha, tem a Praiana, tem a Imperadores. Acho que seria importante isso aí. O Centro é importante, porque era uma maravilha. Todo mundo ia, botava gente. Hoje, lá no Porto Seco, se for 15 mil pessoas, é difícil.

Sul21 – O senhor falou do componente racial. Acha que o componente racial teve algum peso nessa desvalorização?

Queixinho: Eu acho só nesse sentido, porque a classe alta mesmo eu não tenho muito conhecimento, mas… como eu te digo, as grandes escolas estão se organizando mais. No caso da Imperadores, que eu saí 20 anos lá, Bambas da Orgia, que eu puxei samba lá, a Praiana, Restinga, Império, União do Vila do IAPI, Imperatriz, são escolas de comunidade que estão reforçando. Mas eu tenho certeza que com ajuda dos governos vai ser difícil, de repente se mudar o governo, porque o atual torrou o Carnaval e é uma pena, mas tem chances, com a organização…A gente está sentindo que as escolas estão se organizando, tanto é que vai sair um bom Carnaval, eu tenho certeza.

Queixinho diz que as escolas precisam se organizar para que o Carnaval de Porto Alegre possa voltar a crescer | Foto: Luiza Castro/Sul21

Sul21 – Isso do governo é interessante, porque o prefeito usou as escolas na propaganda eleitoral, mas assumiu e tirou a verba. Agora, em ano eleitoral, parece que está dando mais apoio. Ou não?

Queixinho: Financeiro, não, mas inclusive a gente soube que eles iam empregar na saúde o dinheiro do Carnaval. Se tu olhar a saúde, eu moro em comunidade, os meus filhos todos, é uma tristeza, é um caos. Então, não tem nada de dinheiro do Carnaval para saúde. Uma pena.

Sul21 – Como o senhor tem visto a mobilização das comunidades em torno do Carnaval? Também tem arrefecido um pouco ou o pessoal continua engajado?

Queixinho: A dificuldade mesmo é o lugar, porque é longe. Por exemplo, quem tem carro, só terminar o Carnaval, pega o seu carro e vem embora. Mas, quem não tem, às vezes fica até as 9 horas manhã esperando o ônibus, no sol, para vir embora para casa. Então, diminuiu [o interesse] realmente. Mas, agora, com a força das escolas de samba, que estão se unindo mais, eu acho que está dando um atrativo. O preço dos ingressos de vários lugares vai ser mais fácil, a comunidade está mais interessada.

Sul21 – Mas falando das pessoas. Ainda existe um envolvimento muito forte mesmo com todas as dificuldades, mesmo sem recursos, sabendo que ninguém vai ficar rico…

Queixinho: Pelo contrário, ficam mais pobres.

Sul21 – Como o senhor vê essa motivação?

Queixinho: Eu tenho visto nas escolas, nos barzinhos que eu canto, o pessoal tá comprando fantasias a 200 reais, 150. Eu chego às vezes na Conceição, no Campo da Tuca, na Bom Jesus, na Restinga, no Rubem Berta, seguido eu vou nessas festas, o pessoal não tá desanimando, o povo tá acreditando. Mas eu acredito mais, além do povo, é nos mandatários das escolas de samba. Eu não vou acreditar nos governos, deles eu já tô cansado. Eu acho o povo, junto com a comunidade e os mandatórios das escolas de samba, que são pessoas quase todas que têm condições intelectuais, de trabalho, eu acho que o Carnaval não vai morrer em Porto Alegre.

Areal da Baronesa é um dos berços do Carnaval na Capital e, com os blocos, mantém viva a história do samba na cidade | Foto: Reprodução Facebook

Sul21 – O senhor foi contando e foi me chamando a atenção que os lugares onde havia Carnaval, Areal da Baronesa, na Ipiranga, ali na frente da Zero Hora, são regiões que, nos anos 60 e 70, eram bairros de população de maioria negra e hoje as comunidades…

Queixinho: Foram banidas…sai que nós queremos fazer os prédios.

Sul21 – A Restinga, por exemplo, surge da remoção de família da região do entorno da Érico Veríssimo. O senhor não acha que esse processo de remoção das comunidades negras também afetou o Carnaval?

Queixinho: Também, também. Ainda tem alguns guetos, como ali perto do Areal, lá mais para o lado da João Alfredo, ali na frente da Epatur, mas são poucos, onde têm a comunidade negra. Realmente, o negro e a comunidade pobre foram banidos para fazer blocos, edifícios, bares e todas essas coisas. É uma pena, mas realmente a maioria foi para Restinga, Leopoldina, Rubem Berta, para fora de Porto Alegre.

No Areal da Baronesa tinha um Carnaval espetacular. É um bairro que começou tudo lá. Agora, ali ainda tem o Bar do Caninha, que é conceituado. Tiveram um problema, fecharam, meio arbitrariamente, com autoridades, cachorro e tudo, depois parece que abriu de novo. Porque não podia ter barulho, não podia ter isso, não podia ter aquilo. Não pode ter nada lá, resumindo. Não pode ter samba, não pode ter Carnaval, não pode ter festa, nós temos que ficar em casa, quietinhos, olhando a Globo e bababa.

Eu morei em vários bairros de Porto Alegre, só comunidades. Maria da Conceição, Bom Jesus, Restinga, Rubem Berta. Entendeu? Comunidade que tu tem que saber viver. Eu gostaria que alguns políticos famosos ficassem uns seis meses dentro de uma vila dessas, com os filhos. Aí falta água seguido, falta luz, tem problemas de várias espécies. Eu tenho certeza que, quando eles fossem voltar, iam pensar melhor e ajudar a comunidade. Porque não é fácil morar numa comunidade.

Sul21 – Qual é a importância do Carnaval para essas comunidades?

Queixinho: É muito grande. Sabe por quê? Porque a gente quase não tem nada. Não temos quase nada [se emociona]. Desculpe. A gente não tem nada. E quando pinta uma festa dessas, nós curtimos. Nas grandes festas das religiões, como Nossa Senhora dos Navegantes, se curte, se brinca, se diverte, se bebe, se canta, dá 150 mil pessoas. O povo gosta disso. Vai lá para te ver quem é que está lá? Tu vê a classe média ou alta lá? Muito difícil. Não tô queimando ninguém, é que o povo tem dificuldade, cara. Vive lutando, batalhando, não é fácil a luta da gente. Então, o Carnaval é importante para nós. Só que temos dificuldades. Tinha que ter ônibus nas vilas para levar e trazer o pessoal. Não deixar o pessoal 9 horas da manhã com sol para ir para casa naquele fim do mundo. Com todo respeito à zona norte, é uma região maravilhosa, mas eu queria que fosse aqui, no Centro. O problema é o deslocamento.

Foto: Luiza Castro/Sul21

 


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