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8 de setembro de 2014
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11:25

Em seu último mandato, Raul Carrion defende alianças e papel do PCdoB nos 12 anos de governo do PT

Por
Sul 21
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Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Raul Carrion no gabinete que ocupará até janeiro próximo | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Ana Ávila

Quando seu mandato chegar ao fim, em janeiro próximo, o deputado estadual Raul Carrion (PCdoB) promete abandonar a política institucional. O objetivo do comunista é dedicar mais tempo à escrita e às pesquisas históricas, segundo ele, difíceis de conciliar com a rotina na Assembleia Legislativa. Em entrevista ao Sul21, Carrion falou sobre a importância da renovação na política, defendeu as alianças partidárias e afirmou que o atual quadro político, com 12 anos de presidência petista, dificilmente existiria sem a capacidade do PCdoB de propor uma unidade. “Os comunistas nunca se viram como reis da cocada, exclusivistas ou hegemonistas. Ao contrário, têm uma grande capacidade de união, vendo em cada momento quais são os inimigos centrais e a quais  forças são capazes de se unir”, diz ele.

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Uma das referências do PCdoB, Carrion integra o partido desde 1969. Na sigla, construiu sua trajetória pública com dois mandatos na Câmara de Vereadores de Porto Alegre e outros dois na Assembleia Legislativa. Em 2013, completou com festa 50 anos de militância política. Ao longo dessas cinco décadas, Carrion foi preso, torturado, mudou de Estado, de país e chegou a testemunhar três golpes militares derrubarem governos na América Latina.

Aos 68 anos, Raul Kroeff Machado Carrion decidiu que é hora abandonar a corrida pela preferência do eleitor, mas segue querendo produzir. Seu primeiro projeto para a “aposentadoria” é fazer um balanço dos erros e acertos dos cem anos da Revolução Russa.

Sul21 – Por que o senhor decidiu não disputar um cargo político depois de décadas na Câmara e na Assembleia Legislativa?

Raul Carrion – Quando eu assumi este mandato, informei ao partido que seria o último, que eu não concorreria até para que pudessem se organizar, se preparar. Na verdade, a minha pretensão é me dedicar mais a tarefas como o grande debate de ideias, formulação, escrever. Eu sou formado em História, tenho uma série de trabalhos que estão me esperando e que é impossível fazer durante o mandato. Também, por entender que a função parlamentar não é uma profissão e que a gente tem que cumprir uma tarefa, uma função pública e abrir espaço para novas gerações. A renovação da política também se dá com a renovação das pessoas. A gente tem uma série de ideias, de propostas que contribuem no mandato e depois outros têm que trazer as suas propostas. Isso não significa deixar a política. Continuarei atuando no partido e inclusive um dos grandes projetos que eu tenho é, considerando que em 2017 nós completaremos cem anos da primeira experiência socialista no mundo – a Revolução Russa -, fazer um balanço desses 100 anos, dos erros e dos acertos. Está na hora de fazer esse balanço, senão a direita o fará.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Deputado desistiu de concorrer novamente | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – O senhor cogita deixar a porta aberta para um futuro retorno à política institucional?

Carrion – Não está no horizonte. Eu costumo dizer que a gente tem um prazo de validade. Essa tarefa mais teórica exige um tempo de amadurecimento, de estudo, de dedicação muito grande. Já cumpri tarefas no movimento de massas, na luta institucional – só mandatos foram em torno de 15 anos, então penso que agora tenho que me dedicar a outra coisa. Não dá para dizer desta água não beberei porque podem surgir circunstâncias, mas eu espero que não. Espero poder me dedicar a este campo onde acredito que vou poder contribuir mais hoje do que numa tarefa parlamentar.

Sul21 – O senhor não teme que algumas de suas bandeiras, como por exemplo a reforma urbana, fiquem abandonadas?

Carrion – Nós pretendemos ter uma bela bancada aqui na Assembleia Legislativa, não sei se quatro, cinco ou mais deputados. É nossa intenção e vamos lutar para isso. Temos companheiros preparados para assumir diversas dessas bandeiras. Elas não são pessoais. Na questão da reforma urbana, posso dizer que, no Rio Grande do Sul, principalmente em Porto Alegre, nós, em mais de 30 ou 40 comunidades, impedimos despejos, negociamos soluções, construímos verdadeiros bairros. Temos um trabalho muito forte. Temos projetos de lei, leis. Agora, por exemplo, um dos companheiros que é candidato também é membro do Conselho Nacional das Cidades. Uma pessoa como a Manuela, por ter sido duas vezes candidata à prefeita de Porto Alegre, também tem um grande conhecimento e vinculação à questão urbana. Em suma, ninguém é insubstituível, muito menos eu. Seja pelos próprios deputados que o partido vai eleger aqui no Estado e em nível federal, seja por outros deputados, de outros partidos, porque não achamos que é só o PCdoB que tem essas preocupações. Como tudo na vida há uma renovação e nós estamos bem tranquilos, até porque o projeto que o partido montou com a vinda da Manuela para cá nos facilita de não chegarmos naquele dilema de ‘não estou indo, e agora, como vai ser’. Nós já tivemos uma bancada de três deputados estaduais aqui em na eleição de 1946 e agora penso que vamos ter uma bancada ainda maior.

Sul21 – Por muito tempo, o PCdoB teve apenas um representante na Assembleia. O senhor diria que é uma estratégia do partido para aumentar as bancadas aqui e também na Câmara Federal lançar nomes mais conhecidos, com apelo na mídia?

Carrion – Eu diria um pouco diferente. Enquanto um partido importante como o Partido dos Trabalhadores já era legal em 79, o PCdoB só seis anos depois, em 1985. As forças conservadoras, reacionárias, de direita tentaram bloquear de todas as formas o Partido Comunista porque veem nele um “perigo de mudança” profunda, estrutural. Então, o partido necessitou, durante um certo período, se concentrar em uma ou duas lideranças mais conhecidas para poder se consolidar, crescer apesar de toda a pressão e da crise do socialismo. Na crise, o PCdoB cresceu, até porque havia questionado os caminhos que a União Soviética havia seguido, sempre com um olhar crítico, baseado na realidade brasileira. Hoje, o partido acumulou o suficiente para não só atrair outras lideranças, como também poder formar chapas mais amplas. Temos candidatos competitivos e isso também cria uma perspectiva real da alternativa no PCdoB. Temos lideranças importantes como o André Machado, que tem uma história trabalhista – o pai dele foi deputado, vereador -, alguns esperavam que ele fosse para o PDT e ele veio para o PCdoB por reconhecer no partido um campo político sério, responsável, com propostas equilibradas e justas. Não é uma estratégia, é uma decorrência do processo de crescimento e fortalecimento do partido. Este ano nós vamos eleger o primeiro governador comunista do Brasil. Vai destronar a oligarquia do Sarney no Maranhão, está com 57% das intenções de voto, contra apenas 20% do candidato do Sarney. Hoje, nós já temos um grande número de prefeitos por todo o Brasil, temos um grande número de vereadores, não é ainda o que precisaríamos, mas não é qualquer coisa. Estamos com mais de mil vereadores e quase 60 prefeitos no Brasil, quatro ou cinco nas grandes cidades. Nas candidaturas para o Senado, na última eleição, ficamos em quarto lugar, atrás só do PT, PSDB e PMDB. É um novo contexto, além do que, nosso partido não é essencialmente institucional. É claro que entendemos a importância, buscamos crescer neste campo, somos muito menores do que podemos e queremos ser, mas a nossa força relativa é muito mais no movimento sindical, estudantil, juventude, no movimento das mulheres, dos negros, movimento comunitário. O PCdoB dirige as principais entidades estudantis do Brasil faz muito tempo. É um partido vinculado aos movimentos sociais.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Carrion foi preso, torturado e precisou deixar o país durante a ditadura | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – O senhor acredita que, neste mesmo processo, o partido esteja também em vias de ter seu primeiro prefeito ou governador no Rio Grande do Sul?

Carrion – Os comunistas sempre tiveram a política de unidade, de buscar a composição de campos de força para o Brasil, determinado Estado ou município para avançar. Os comunistas nunca se viram como reis da cocada, exclusivistas ou hegemonistas. Ao contrário, têm uma grande capacidade de união, vendo em cada momento quais são os inimigos centrais e a quais forças são capazes de se unir. O PCdoB, desde a primeira eleição para a presidência na redemocratização, entendeu que era preciso aglutinar uma frente popular, mais ampla até que a esquerda. Em 1989, na primeira eleição para a presidência, havia uma posição dentro do PT que era mais ou menos assim, cada um, no primeiro turno, por conta, e no segundo nós nos encontramos. O João Amazonas (dirigente histórico do PCdoB) que levantou o seguinte: estarmos no segundo turno depende da nossa unidade no primeiro turno, e trabalhou por uma aliança. A primeira aliança foi PT, PCdoB, PSB e PV. Fomos para o segundo turno com a diferença de 0,5% para o Brizola. Para mostrar que o Lula não existiria, esse quadro político dificilmente existiria não fosse essa capacidade do PCdoB de propor uma unidade, perceber que o segundo turno não ia se dar automaticamente, que ele dependia disso. O PCdoB, desde então, esteve junto em todas as eleições para presidente. Se podemos falar numa unidade no Brasil, no campo da esquerda, foi PT e PCdoB. O PCdoB hoje está com Dilma, está com Tarso, porque entende que é a forma de derrotar o campo conservador.

Sul21 – Como o senhor vê as atuais alianças partidárias, mudando de um Estado para outro ou a cada eleição, de acordo com os interesses do momento?

Carrion – Em cada lugar, tu tens que ver qual é o embate progressista naquele momento. Primeiro, porque os partidos são muito diferenciados. Partidos nacionais são poucos. PT, PSDB, PCdoB são partidos nacionais, outros são partidos muito em volta dos interesses regionais. Seja num governo nacional ou estadual, dentro do caso brasileiro, é necessário composições. A composição é boa, justa, se aponta para o avanço. A composição é ruim, se aponta para o retrocesso. Essa que é a discussão. Vamos pegar o Maranhão como exemplo. O PCdoB, com o candidato Flávio Dino, busca uma completa renovação da política maranhense que foi dominada pela oligarquia Sarney tantos anos. Lá, para destronar o PMDB, o PSDB está nos apoiando. E daí, tu vai dizer para ele que não apoie? Tu não estás assumindo um compromisso neoliberal com ele. Ele é que entende assim: contra meu inimigo maior aqui, que é o Sarney, e talvez porque o PT está ali junto, vamos tentar tirar vocês. Tanto na política, como na vida, as alianças se colocam em função das tarefas daquele momento, não significa casamento, significa unidade para um objetivo. Qual é o objetivo hoje no Brasil, que a Dilma tem uma aliança com muitos partidos – PP está no governo -? Para poder aplicar o projeto. Aplicou? Talvez não como a gente queria integralmente, mas tinha outro caminho? Não foi importante gerar R$ 40 bilhões, não foi importante afirmar a soberania nacional, não foi importante garantir uma nova forma de explorar o petróleo, os contratos de partilha, não mais de concessão, não foram importantes as cotas? Foram. Isso avançou como? Com alianças. Por isso, quem diz como essa tal de Marina aí, ‘os bons do PSDB, os bons do PT estarão no meu governo.’ Primeiro, quem define quem são os bons? Deus? Segundo, existem bons sem posicionamento? Os bons do PSDB são bons liberais. Os bons do PT, do PCdoB só podem ser bons progressistas. Podemos até nos enganar em determinada aliança e cometer erros. E já cometemos, evidentemente.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Deputado completou em 2013 50 anos de militância política | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – O senhor lembra de alguma aliança marcante que acabou sendo frustrante?

Carrion – Eu acho que aqui no Estado houve um momento em que a gente talvez devesse, anteriormente, já ter tido uma aliança com o PT e estivemos aliados com outras forças. Numa das primeiras eleições, nós tínhamos os candidatos Marchezan, Fogaça, Olívio e Collares. Nós estivemos com o Collares, que era uma forma de derrotar o Marchezan, que representava o neoliberalismo naquele momento e o Fogaça, que significava a continuidade daquele PMDB do Sarney. O Olívio não tinha chance. Então, tu tens que também fazer as alianças e a política com realismo, não com idealismo. Na eleição de 1982, eram o Jair, o Simon, o Collares e o Olívio. O Jair nos ganhou por 20 mil votos. E naquele momento era o combate contra a ditadura. Nós apoiamos o Simon e perdemos por 20 mil votos no roubo, no tapetão, temos absoluta certeza disso. Então, às vezes, a posição pura joga para a torcida, mas não ajuda a mudar o mundo. A aliança tem que ter em conta esse realismo e os avanços que tu tens que fazer. Eu acho que, naquele momento, as candidaturas do PT e do PDT acabaram dividindo o nosso campo.

Sul21 – Em 2013, o senhor completou 50 anos de militância política. Quais momentos dessa trajetória o senhor destaca?

Carrion – Às vezes, a gente pensa que política é a política institucional, é ser candidato, é ter um cargo, é ser secretário, isso é um grande equívoco. Aristóteles já disse: nós somos animais políticos. Política a gente faz em casa, no clube, na associação, no jornal. No sentido mais geral, é a busca da transformação da sociedade. Nós começamos a militar no movimento estudantil secundarista em 1963, quando eu era terceiranista no Colégio Anchieta e surgiu no Brasil uma organização revolucionária que se chamava Ação Popular e tinha origem no movimento estudantil nacional, ligado também à esquerda católica, e nós nos integramos na Ação Popular, que defendia já o socialismo, que defendia a libertação nacional e, a partir daí, nós passamos a atuar. Em 1964 é o golpe, eu acabava de entrar na universidade e a Ação Popular, em grande parte, se desintegrou. Assumimos como um dos dirigentes da Ação Popular e passamos a nos vincular ao movimento operário em Porto Alegre e Grande Porto Alegre. Ajudamos a construir vitórias eleitorais em sindicatos. Depois eu me desloquei para a região do Vale do Sinos, região calçadista, e nós, ali, decidimos passar a trabalhar como operário em uma fábrica para ser uma maneira de maior ligação com os trabalhadores. Trabalhei em metalúrgica, tentei trabalhar com calçados, mas não consegui por questões legais, a documentação era fria, evidentemente. Nesse processo, nós fomos amadurecendo, entramos em contradição com a Ação Popular e, em 1969, nós ingressamos no Partido Comunista do Brasil. O partido orientou para voltar à universidade, construir melhor o partido na universidade, eu voltei para Porto Alegre e ingressei na universidade. Passamos a atuar ativamente no movimento estudantil, já aí dirigente estadual do partido. Em 1971, eu fui preso, no período do (Emílio) Médici, que não era um período muito interessante de ser preso, fomos levados para o Dops, torturados, depois de dez dias de tortura, nos levaram para a Operação Bandeirantes, em São Paulo, que era o maior centro de tortura clandestino. Ficamos lá quase dois meses, voltamos, como eles não conseguiram provar nada, conseguimos a libertação na justiça militar. Eu saí da prisão e imediatamente percebi que não tinha como militar e tomei a decisão de sair do país. Fui para o Chile, lá fiquei dois anos e meio, militei, depois organizamos o trabalho com os exilados. Veio o golpe do Pinochet, vimos que não havia resistência, fomos para a embaixada da Argentina, onde ficamos quase dois meses. A Argentina não queria receber os exilados. Tinha quase 500 brasileiros exilados lá. Na fase final, nos aceitaram porque o Alto Comissariado da ONU para Refugiados se comprometeu a nos enviar da Argentina para fora. Apesar de ser o Cámpora (o presidente argentino), peronista, não queria incomodação com os militares brasileiros e não queria saber de nós.  Eu estava para ir para a França, minha esposa veio também para Buenos Aires, examinei o caso e decidi não ir para a França, achei que ia ficar muito longe para retornar. Fiquei semiclandestino lá, até 1976, quando aconteceu o golpe do Videla (general Jorge Rafael Videla). A situação se tornou também impossível de permanecer.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
No currículo, dois mandatos na Câmara municipal e dois na Assembleia | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – O senhor encarou, então, três ditaduras na América Latina?

Carrion – Sim, três ditaduras. Depois do golpe do Videla, fiquei um pouco e aí chegou a hora de voltar para o Brasil. Em 1976, eu volto, entro clandestino, contactamos a direção do partido e decidimos que eu iria para Goiás. Fiz o primeiro ponto com um camarada da direção lá, marquei para 30 dias depois. Ele não foi. Lendo o jornal do movimento, descubro que ele tinha sido morto. Perdi o contato com o partido, estou lá no fundão de Goiás. Tinha feito um curso de técnico em eletrônica, que era para ter mais autonomia e comecei a trabalhar. Tive que retomar o contato com o partido por carta. Viajei para a Argentina, de lá vim ao Rio Grande do Sul e depois voltei para Goiás e marcamos pontos periódicos. Esperei até o fim de 1979, veio a anistia, discutimos e resolvi voltar ao Rio Grande do Sul. Voltei para cá e comecei a trabalhar como metalúrgico. Atuei no movimento sindical por longos anos, até 1987, quando fui demitido por justa causa, pela luta. Não tive condições de retomar o trabalho na categoria e o partido me recrutou para outras tarefas. A Jussara Cony assumiu a bancada do Partido Comunista e eu fui ser o chefe de gabinete. Em 1985, o meu nome foi indicado para ser candidato ao Senado, mas a candidatura foi impugnada porque o meu suplente não tinha 35 anos. Depois, em 1989, o partido me colocou de candidato a prefeito de Porto Alegre. Em 1990, eu fui candidato a suplente no Senado, depois eu fui candidato a vereador, em 1992. Fui suplente e assumi no último ano. Em 1996, eu tinha ingressado no curso de História e não quis concorrer. Em 2000, o partido colocou a necessidade de eu concorrer. Eu concorri a vereador e fui eleito. Depois, em 2002 fui candidato a deputado federal, fiz 55 mil votos, mas não me elegi. Em 2004 fui de novo candidato a vereador, fui o 4° mais votado da cidade. Em 2006, fui candidato a deputado estadual, me elegi, e, em 2010, me reelegi deputado pelo PCdoB. Nesse período que não fui candidato, eu me dediquei mais à tarefa que agora eu pretendo retomar.

Sul21 – Quando o senhor começou a militar na juventude, o seu pai e o seu irmão já eram ligados à política?

Carrion – O meu pai era presidente do PSD. O meu irmão sempre foi mais do campo da esquerda e depois foi atuar no PMDB. Foi deputado aqui, deputado federal, foi secretário e o pai foi suplente de deputado, mas essa parte eu não lembro, foi em 40 e poucos.

Sul21 – Mas vem da vivência familiar o interesse pela política?

Carrion – Eu acho que a convivência, evidentemente, jogou papel. Por parte de mãe, eu tive um bisavô que foi duas ou três vezes deputado, um avô que foi duas ou três vezes deputado. Com eles, eu não convivi, mas a minha casa era um local de permanente discussão política e o pai, apesar de ser do PSD, quando veio a ditadura, não quis mais saber. Quando fecharam o PSD, ele não foi para a Arena, não concordou. Ele era um liberal de orientação social-cristã e isso também nos influenciou na questão da justiça social.

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Carrion quer se dedicar à escrita ao deixar a política institucional | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Sul21 – As viagens registradas em um mapa na entrada do seu gabinete, foram dentro de seu trabalho como historiador, turismo ou também como político do PCdoB?

Carrion – A maioria foi por conta própria. Primeiro, porque eu gosto muito de viajar, acho que tu acumulas muita experiência. Outras foram com um objetivo. Já fui duas vezes a Cuba, duas ao Vietnã, quatro à China, nunca fui à Rússia, mas vou no ano que vem. Já fui à Albânia, fui à Coreia do Norte agora, recentemente. Aliás, onde a realidade é completamente diferente dessa que a mídia nos vende. Estamos elaborando um documento e vamos lançar tentando mostrar um pouco da realidade.

Sul21 – Foi uma viagem de interesse pessoal à Coreia do Norte?

Carrion – Não. Eu paguei, mas foi articulada pelo partido. Além do interesse político, tem também o interesse como historiador. São mais de 50 países. Só nunca me interessou muito os Estados Unidos. Algum preconceito inconsciente, mas deve ter alguma coisa interessante lá.


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