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8 de dezembro de 2016
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15:45

Após 5 anos sem levantamento, Fasc vai divulgar dados sobre população em situação de rua

Por
Sul 21
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Após 5 anos sem levantamento, Fasc vai divulgar dados sobre população em situação de rua
Após 5 anos sem levantamento, Fasc vai divulgar dados sobre população em situação de rua
Foto: Guilherme Santos/Sul21
População de rua, de Porto Alegre, tem aumentado nos últimos anos, como aponta censo | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Da Redação

Depois de cinco anos sem dados oficiais de contagem da população em situação de rua em Porto Alegre, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) vai divulgar ainda este mês o censo mais recente realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Até então apenas dois levantamentos haviam sido realizados – um em 2004 e outro em 2011.

A pesquisa mais recente é baseada em entrevistas realizadas por estudantes de Ciências Sociais, durante os meses de setembro e outubro, junto a pessoas em situação de rua da capital. O trabalho teve três tipos de coletas de informações: apenas contagem – que contabilizou pessoas sem entrevistá-las, seja porque não tinham condições ou por recusa; pessoas que foram incluídas em cadastro geral, após responder algumas perguntas; e pessoas que responderam a um questionário mais completo, com cerca de 70 perguntas.

Sem divulgar números ou informações mais específicas até a divulgação oficial, Ivaldo Ghelen, sociólogo e professor da UFRGS, responsável por coordenar esta pesquisa e as anteriores, reconhece que há pouco interesse do poder público de levantar dados sobre esta realidade. Ele trabalha com o tema da população de rua desde 2002.

Não há políticas públicas bem feitas, é um universo social muito pouco conhecido. Esse é um problema no Brasil, só se conhecem realidades quando se fazem dados de pesquisas sobre elas. Às vezes, o próprio poder público, não avança nas pesquisas, porque sabe que se falar disso vai ter que tratar dessas questões. E a visibilidade de um universo social é dada se tiver informações confiáveis sobre ele”, analisa ele.

Segundo Ghelen, isso não é exclusividade das grandes cidades. O pesquisador critica o que chama de “critérios arbitrários” das pesquisas que só contabilizam a situação de pessoas em situação de rua em cidades com mais de 200 mil habitantes, por exemplo. “Cidades pequenas também tem pessoas em situação de rua, mas não existem pesquisas para eles”, diz.

Ainda que não divulgado o número total das pessoas em situação de rua em Porto Alegre, que ele tenha crescido nos últimos anos parece óbvio para qualquer um circulando nas ruas da capital. São milhares de pessoas, levadas à rua por empobrecimento e falha no sistema de políticas sociais. Um ricocheteio da situação de crise de todo o país.

“O ambiente da sociedade está repercutindo bastante entre [pessoas que estão na rua]. Assim como o resto da sociedade, eles também estão vivendo com insegurança”, conta Ghelen.

Até o fechamento da matéria, a Fasc não havia retornado ao contato da reportagem sobre a data da divulgação oficial do censo da população de rua.


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