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18 de fevereiro de 2016
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Manuela anuncia que não concorrerá à Prefeitura de Porto Alegre. PCdoB defende ampla frente política

Por
Sul 21
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Manuela D'Ávila comunicou oficialmente sua decisão de não se candidatar à prefeitura de Porto Alegre, durante reunião plenária do PCdoB, no Hotel Everest. (Foto: Joana Berwanger/Sul21)
Manuela D’Ávila comunicou oficialmente sua decisão de não se candidatar à prefeitura de Porto Alegre, durante reunião plenária do PCdoB, no Hotel Everest. (Foto: Joana Berwanger/Sul21)

Marco Weissheimer

A deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) anunciou oficialmente, no início da noite desta quarta-feira (17), que decidiu não concorrer à Prefeitura de Porto Alegre nas eleições municipais deste ano. A decisão foi comunicada a militantes do PCdoB, durante plenária municipal do partido realizada no Hotel Everest. Manuela D’Ávila publicou também em sua página no Facebook, um texto intitulado “Porque não concorrerei à Prefeitura”, onde apresenta as razões que motivaram sua decisão. No texto, ela assinala que sua filha Laura tem apenas cinco meses e precisa dela em seus primeiros mil dias de vida. “Não adiantaria lutar pelo desenvolvimento de nossos bebês e não fazer valer a minha luta para minha própria filha! Mais do que com teorias, é com a Nossa prática que mudamos a realidade”, diz Manuela.

A deputada menciona também o clima tenso e desgastante de uma campanha eleitoral onde “quem está na frente se torna o alvo de ataques que não raramente transcendem o limite da ética”. Manuela acrescenta que já experimenta isso todos os dias nas redes sociais, tão somente diante da especulação sobre uma eventual candidatura. “Não vou a expor a esse ambiente, que tanto tentamos mudar, num momento tão crucial de sua vida. Como feminista, acredito no direito de cada mulher decidir sobre seu corpo e sua vida. Essa é a minha escolha”, afirma.

Por outro lado, a deputada defende a “formação de uma frente política e social ampla, que unifique partidos, movimentos e pessoas que queriam transformar nossa cidade em mais desenvolvida, humana e justa”. “Porto Alegre tem muitos líderes políticos capazes, que podem ser prefeitos de nossa cidade. Com certeza, estarei, como militante, engajada em uma candidatura que represente esse projeto”, assinala.

A direção do PCdoB de Porto Alegre divulgou nota após a plenária da noite desta quarta-feira, afirmando que o partido “está empenhado em construir uma ampla frente política que dialogue com os avanços necessários para garantir a democracia, o desenvolvimento e um projeto mais avançado para Porto Alegre”. A eleição de 2016, acrescenta a nota, “exigirá do campo popular e democrático um amplo diálogo na defesa das conquistas do povo, da democracia e um enorme comprometimento com as mudanças que ainda se fazem necessárias para a nossa cidade”. “Para garantir tais objetivos”, conclui, “o PCdoB não abre mão do seu protagonismo político e buscará dialogar com todos os partidos e movimentos políticos que tenham compromisso com a luta do povo”.

17/02/2016 - PORTO ALEGRE, RS, BRASIL - Manuela D'Avila revela que não se candidatará a prefeitura de Porto Alegre em plenária do PCdoB. | Foto: Joana Berwanger/Sul21
Em nota, o PCdoB afirmou que “não abre mão do seu protagonismo político e buscará dialogar com todos os partidos e movimentos políticos que tenham compromisso com a luta do povo”. (Foto: Joana Berwanger/Sul21)

Confira a íntegra do texto com o qual Manuela anuncia que não será candidata:

Porque não serei candidata à Prefeitura

“Em 2013, decidi não concorrer à reeleição de deputada federal, após oito intensos anos em Brasilia, optando por concorrer à Assembleia Legislativa. Eu desejava voltar a viver no Rio Grande, convivendo mais de perto com a população e com os movimentos sociais. O tempo mostrou que Tomei a decisão certa: ser deputada estadual tem sido fascinante! há algo diferente e novo acontecendo, as formas de participação social foram transformadas e, ainda mais do que antes, a população exige novas formas de representação. Naquela ocasião, muitos diziam que eu voltava a Porto Alegre por um mero cálculo político: concorrer à prefeitura municipal. Nunca escondi de ninguém a vontade de administrar a cidade em que nasci e que vivo. Foi por isso que concorri à prefeita por duas vezes, a primeira delas aos 26 anos, apresentando um programa de governo muito atual.

Nessas eleições que disputei, já dizíamos que na inteligência e na capacidade de nossas pessoas, temos o potencial necessário para superar os desafios e problemas que vivemos no cotidiano. Por isso Penso que Para administrar Porto Alegre é preciso saber dialogar e incorporar essas capacidades na gestão da cidade, transpondo os limites da política tradicional. Afinal, Muito do que há de novo no mundo, dessas novas formas de ativismo político, já foi ou é experimentado no cotidiano porto-alegrense.

Porém, conversando com amigos e com militantes de meu partido, o PCdoB, diante das movimentações de setores da sociedade em torno de uma eventual candidatura minha nas eleições de 2016, decidi tornar pública minha decisão de NÃO concorrer à prefeitura municipal. Sou militante desde os 17 anos. Nesse período, disputei seis eleições. Aos 23 assumi meu primeiro mandato. São mais de onze anos de dedicação as causas que julgo corretas para contribuir com o desenvolvimento do Brasil e a construção de um futuro melhor.

Dentre essas causas estão justamente aquelas que dizem respeito ao desenvolvimento de nossas crianças na primeira infância. Minha filha Laura tem apenas cinco meses. Sei o quanto ela precisa de mim em seus primeiros mil dias, fundamentais para o desenvolvimento. Não adiantaria lutar pelo desenvolvimento de nossos bebês e não fazer valer a minha luta para minha própria filha! Mais do que com teorias, é com a Nossa prática que mudamos a realidade.

Além disso, sei o quanto uma campanha é tensa, desgastante, e sei que, infelizmente, no momento da campanha eleitoral quem está na frente se torna o alvo de ataques que não raramente transcendem o limite da ética. Sei isso pela experiência própria de duas campanhas majoritárias. Aliás, experimento isso todos os dias nas redes sociais, tão somente diante da especulação sobre minha eventual candidatura. Não vou a expor a esse ambiente, que tanto tentamos mudar, num momento tão crucial de sua vida. Como feminista acredito no direito de cada mulher decidir sobre seu corpo e sua vida. Essa é a minha escolha.

Agradeço aos militantes de meu partido e simpatizantes de nosso projeto para a cidade pela sensibilidade, compreensão e respeito sobre minha escolha. Agradeço, emocionada e honrada, o carinho e identidade política dos porto-alegrenses ao me indicarem líder de todas as pesquisas de opinião. Agradeço aos partidos que sinalizaram a possibilidade de representá-los. Isso demonstra que estamos sintonizados no desejo de mudança para nossa querida capital e que meu trabalho, ao longo desses anos de mandatos, tem sido bem avaliado.

Sigo acreditando na formação de uma frente política e social ampla, que unifique partidos, movimentos e pessoas que queriam transformar nossa cidade em mais desenvolvida, humana e justa. Porto Alegre tem muitos líderes políticos capazes, que podem ser prefeitos de nossa cidade. Com certeza, estarei, como militante, engajada em uma candidatura que represente esse projeto. Seguirei contribuindo, como deputada estadual, para que o Rio Grande busque caminhos pra enfrentar sua crise econômica e social. E o meu momento, o povo decidirá, no futuro, quando deve chegar. Um beijo e boa luta!”


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