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15 de março de 2015
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18:42

‘Coxinhaço’ ironiza protestos contra governo e pede defesa da democracia

Por
Sul 21
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Foto: Guilherme Santos/Sul21
Centenas de coxinhas foram assadas | Foto: Guilherme Santos/Sul21

Da Redação 

Por volta das 11 horas da manhã deste domingo (15), as coxinhas de frango começaram a ser assadas. Rotina normal para o dia da semana e o horário, não fosse o local e o motivo do ‘coxinhaço’. O Bloco da Diversidade levou as coxinhas para o Parque Farroupilha (Redenção) como forma de ironizar os protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff marcados para tarde deste domingo.

Vendidos por contribuição espontânea, os 250 quilos de coxinhas foram saboreados por quem passou pelos Arcos da Redenção.  “Está saborosa. É uma forma lúdica de protestar em defesa da democracia e contra este processo de impeachment sem cabimento”, comentou o engenheiro Victor Spinelli, que foi ao evento acompanhado da esposa. “Eu não aguento mais tudo isso. A maioria da população elegeu uma presidenta. A outra parcela tem que respeitar e saber perder”, comentou Andrea Spinelli.

O ato foi marcado pelo Bloco da Diversidade na quarta-feira (11) e obteve quase 7 mil confirmações no Facebook, mas circularam pela atividade cerca de 2 mil pessoas neste domingo. No microfone, os organizadores do bloco ironizavam. “A Brigada Militar já confirmou que somos 100 mil pessoas”.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Segundo o coordenador do Bloco, Thiago Braga, “a ideia foi reafirmar a democracia de forma irônica”.  Ele explica que assar essa parte do frango no parque foi uma brincadeira com o termo ‘coxinha’, usado pelos organizadores para descrever maioria dos manifestantes contra o governo reeleito no ano passado.  “A expressão ‘coxinha’ é utilizada para definir o cara que quer se manifestar, mas não sabe bem o que quer e não está disposto a construir nada”, resumiu.

A letra de Jorge Aragão “Ô coisinha, tão bonitinha do pai” virou a “Melô dos Coxinhas” e, tocada com a bateria e voz do Bloco da Diversidade o ritmo foi atraindo os curiosos e simpatizantes. “Ô coxinha ganha mesada do pai. Ô coxinha ganha mesada do pai. Rolex de ouro, valor de um tesouro, veste grife da cabeça aos pés”, cantavam.

Com faixas em favor da reforma política, o grupo politizava a brincadeira na Redenção. “Nós temos que acabar com o financiamento privado de campanha, inclusive é o que estamos pedindo aqui. Impeachment por quê? Isso é golpe. Quais razões para um impeachment? Estamos com coxinhas aqui que o pessoal comprou no supermercado, qual é a crise? A crise está sendo aumentada pelos coxinhas”, explicou Nelson Cunha, um dos assadores do ‘Coxinhaço’.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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Moradora do bairro Bom Fim, a aposentada Júlia Raugust, de 75 anos, disse que não foi atraída pelas coxinhas, mas pela defesa do governo Dilma. “Eu votei nela mesmo não precisando mais votar. Gostei do primeiro mandato dela e quero que ela continue. Vi que era um protesto em favor dela, resolvi parar e olhar’, contou.

“A corrupção é do homem não de um governo. Ditadura nunca mais”, pede senhora de 83 anos

Aos 83 anos, Yara Carbonell pegou o microfone para fazer um apelo aos jovens que estavam na atividade naquele momento. Ela, que foi indiciada na Lei de Segurança Nacional, mas não chegou a ser punida, contou que sabe o que é sofrer na ditadura. “Faço um apelo para a juventude atual para que não deixem a ditadura voltar. A Dilma está muito bem, está passando por uma crise econômica que é mundial, que todos os outros países estão passando. Como a Grécia passou, como os EUA passaram em 2008”, falou sendo aplaudida pelos presentes.

Ao conceder entrevista ao Sul21, Yara destacou que Dilma está fazendo aparecer a corrupção que acontece há tempos no país. “A corrupção é do homem não de um governo. Que punam os corruptos, mas deixem ela governar. Pedir um impeachment é um absurdo. Só quem não conhece política para pedir isso”, falou.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Apesar do mormaço e sol forte do meio dia, a folia com samba, coxinhas e política avançou até o começo da tarde. Alguns manifestantes contra o governo que passeavam com bandeiras e camisetas verde e amarelas na Redenção fizeram provocações durante a atividade. Uma mulher avançou próximo a churrasqueira ameaçando os manifestantes do bloco e foi abraçada coletivamente. “Nós não aceitamos provocação. Se vem com ódio, respondemos com abraço”, disse o coordenador do Bloco, Thiago Braga.

“Defender a bandeira do país significa defender a Constituição. E a Constituição diz que impeachment depende de elementos concretos de irregularidades, o que não temos em relação à presidente. A política não é time de futebol que muda o técnico conforme o gosto da torcida”, disse o professor de História, César Weinmann que foi ao ‘coxinhaço’ com uma bandeira do Brasil.

Foto: Guilherme Santos/Sul21
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