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5 de janeiro de 2015
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20:35

Rodoviários de Porto Alegre entregam à ATP proposta de reajuste salarial de 11,5%

Por
Sul 21
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Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Trabalhadores entregaram pauta de negociações à ATP nesta segunda-feira (05) | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Samir Oliveira

Os rodoviários de Porto Alegre já começam a se articular para garantir o reajuste salarial deste ano. Tradicionalmente, a data-base para o dissídio da categoria é o dia 1° de fevereiro. Por isso, os trabalhadores entregaram nesta segunda-feira (05) a proposta de negociação à Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), que reúne os empresários do setor.

A pauta de reivindicações entregue aos patrões foi definida em assembleia realizada no dia 29 de novembro. Os rodoviários pedem reajuste salarial de 11,5% e aumento de 25% no valor do vale-refeição, que hoje é de R$ 19,00. O índice para o salário leva em conta a variação da inflação no ano passado, mais um percentual de 5% de aumento real.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Presidente do Sindicato dos Rodoviários, Adair da Silva (direita) diz que é preciso esperar resposta da ATP para definir próximos passos | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Presidente do Sindicato dos Rodoviários, Adair da Silva afirma que as negociações ainda estão começando e considera precipitado falar em greve da categoria. Em 2014, os rodoviários deflagraram uma histórica greve de 15 dias de duração – durante 13 dos quais nenhum ônibus circulou pela cidade.

O presidente avalia, contudo, que é preciso esperar pela contraproposta da ATP para definir os próximos passos dos trabalhadores. “Se eles não derem nada de ganho real, teremos que fazer alguma coisa. Por enquanto, ainda não temos noção do que vai acontecer. Se não vier uma proposta boa, teremos que fazer algum movimento”, projeta.

A oposição interna à direção do sindicato contesta a assembleia que teria legitimado a pauta a ser entregue à ATP. Eles afirmam que a ampla maioria dos trabalhadores não foi ouvida no processo e acusam o sindicato de estar cooperando com os patrões.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Um dos líderes da oposição ao sindicato, Alceu Weber (centro) diz que a entidade está aliada com os empresários | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

“Este sindicato não quer lutar a favor de sua categoria, impõe uma pauta que sequer foi discutida”, critica Alceu Weber, um dos líderes da greve de 2014. Ele observa que um dos itens da pauta de reivindicações é o Plano de Demissões Voluntárias (PDV)  – tema que considera de interesse dos patrões. “Historicamente, essa é uma pauta que o patrão defende, é uma clara intenção de aliança do sindicato com a patronal”, acusa.

Outro líder da oposição ao sindicato, Luís Afonso Martins considera a pauta de negociação do dissídio “mínima e rebaixada”. Ele aponta que temas como licença maternidade, não pagamento de avarias e redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias deveriam ter sido incluídas.

“As forças políticas de oposição estão unidas no sentido de fazer a direção do sindicato respeitar o trabalhador. Tudo que tiver que ser negociado no dissídio vai ter que passar por uma nova assembleia”, avisa.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Outro líder da oposição, Luís Afonso afirma que pauta entregue pelo sindicato é “mínima e rebaixada”| Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Outra queixa da oposição se deve ao fato de que, neste ano, apenas a direção do sindicato negocia o dissídio – enquanto que, em anos anteriores, sempre era criada uma comissão para acompanhar o processo. “Sempre existiu comissão. É uma coisa histórica na categoria”, explica Weber.

O presidente do sindicato afirma que as críticas são “choro” dos opositores. “O sindicato tem legitimidade para negociar o dissídio, temos um estatuto que nos ampara. No ano passado, a comissão deu todo um transtorno”, disse, referindo-se às disputas entre a oposição e a direção da entidade.

Os líderes da oposição são cautelosos ao falar em greve. Eles entendem a força que o movimento obteve no ano passado, mas temem que os patrões possam utilizar uma paralisação como forma de pressionar a prefeitura a respeito do aumento das passagens. “Tudo é possível nesse cenário”, resume Luís Afonso.

Resposta

A ATP informa que já recebeu a proposta dos rodoviários, mas que ainda precisa analisar o documento de forma mais aprofundada e, em seguida, reunir os empresários para que seja elaborada uma contraproposta aos trabalhadores. Ainda não há confirmação, mas é possível que a primeira reunião entre o sindicato e a ATP ocorra nesta semana.

Após a aprovação do dissídio da categoria, os empresários já podem enviar à EPTC proposta de reajuste tarifário. Em seguida, a prefeitura remete o projeto de aumento da passagem ao Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu). Se a entidade aprovar a proposta, ela vai para o gabinete do prefeito José Fortunati (PDT), que pode sancionar, modificar ou vetar a medida.


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