Eleições na Argentina|z_Areazero
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27 de outubro de 2019
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19:00

Fernández: É uma jornada histórica e de muita responsabilidade

Por
Luís Gomes
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Alberto Fernández cedeu demais, avalia jornalista. (Foto: Luiza Casto/Sul21)
Alberto Fernández cedeu demais, avalia jornalista. (Foto: Luiza Casto/Sul21)

Luís Eduardo Gomes
De Buenos Aires

Desde antes das 9h deste domingo (27), dezenas de emissoras de TV e veículos de imprensa já se aglomeravam diante da porta principal da Universidade Católica da Argentina (UCA), localizada na região de Puerto Madero, em Buenos Aires, para esperar a chegada do candidato presidencial Alberto Fernández, da Frente de Todos. Favorito nas pesquisas, a expectativa da imprensa era captar uma primeira mensagem de Fernández nesse dia que pode consagrá-lo como próximo presidente do país. Foram mais de três horas de espera até que ele chegasse ao local, por volta de meio-dia, votasse e conversasse brevemente com a imprensa, o que incluía a reportagem do Sul21.

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Cabeça da chapa que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, Fernández foi recepcionado na UCA, sediada em uma região de classe média e alta de Buenos Aires, por um pequeno grupo de cerca de 20 ou 30 manifestantes. Um deles atirou rosas vermelha para cima quando ele se aproximou da porta da universidade. Antes de votar, o candidato acenou para a imprensa. Voltou cerca de 10 minutos mais tarde para responder algumas perguntas.

Limitado pela legislação eleitoral que o impede de fazer qualquer pronunciamento que possa ser considerado como campanha política desde a última quinta-feira (24), Fernández classificou o momento como uma “jornada histórica” e um “dia de muita alegria”. No entanto, salientou que o grave momento econômico vivido pelo país impõe uma grande responsabilidade aos candidatos.

“Nós estamos em uma enorme crise. Como tal, temos que ter uma enorme responsabilidade. Vamos trabalhar todos juntos, absolutamente todos, por um país melhor. Terminou o nós e os outros”, disse. Questionado sobre como estava se sentindo a nível pessoal e como sua família estava lidando com o pleito, respondeu: “Neste momento, a minha família é toda a Argentina”.

Fernández ainda se emocionou em dois momentos ao falar do ex-presidente Néstor Kirchner, de quem foi chefe de Gabinete e que morreu nesta data, há nove anos. “Néstor está sempre presente em alma”, disse.

Também votando em Buenos Aires no início da tarde, mas no bairro de Palermo, o presidente Maurício Macri preferiu ignorar as pesquisas boca de urna que já circulavam por volta do meio-dia e apontavam Fernández com 51% dos votos, o que significaria vitória ainda em primeiro turno. “As bocas de urna não têm rigor científico e não se podem levar em conta. Vamos esperar até às 21h e, se o resultado estiver parelho, vamos esperar muito mais”, disse. Nesta eleição, estão em jogo visões distintas da Argentina. Esperamos que seja uma eleição histórica. É uma jornada de país, com maior participação do que a do PASO [primárias partidárias realizadas em agosto]. Temos que valorizar a paz e a liberdade que vivemos na Argentina para votar”, complementou.

Já a ex-presidente Cristina Kirchner votou em Río Gallegos, no interior do País. A expectativa é que ela venha para a capital depois das 18h, quando se encerra a votação oficialmente.

Apoiadores jogaram rosas para o alto no momento da chegada de Fernández e entoaram canto “Alberto presidente, Alberto presidente” | Foto: Luiza Castro/Sul21
Carro de Fernández deixa o local de votação depois do meio-dia| Foto: Luiza Castro/Sul21
Carro de Fernández deixa o local de votação depois do meio-dia| Foto: Luiza Castro/Sul21
Entre os apoiadores de Fernández na UCA, estava o casal de brasileiros Artemísia e Policarpo, que veio de Recife acompanhar as eleições | Foto: Luiza Castro/Sul21

A equipe do Sul21 viajou a Buenos Aires para a cobertura das eleições presidenciais graças a um financiamento coletivo dos nossos leitores.


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