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15 de abril de 2017
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10:30

A trip cristã de Dylan

Por
Sul 21
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zeca azevedo

É noite do dia 17 de novembro de 1978 na cidade norte-americana de San Diego. O músico popular veterano canta e toca diante de uma plateia, mas ele está exausto. Não é só o corpo do artista que está alquebrado, é o espírito. Ele se sente como um dos homens ocos do célebre poema de T.S. Elliot. O artista está habituado ao fato de que o público joga coisas estranhas no palco. Um objeto brilha à luz dos refletores no piso do palco e captura o olhar do cantor. É uma pequena cruz prateada. O cantor decide apanhá-la. Uma semana depois, o músico leva no peito uma cruz semelhante (talvez a mesma) e diz aos mais próximos que teve uma epifania. Segundo o artista, Jesus Cristo apareceu para ele em um quarto de hotel, uma noite após encontrar a cruz prateada. A cruz teria sido um sinal. O artista, transformado pela experiência, anuncia sua conversão ao cristianismo e começa a escrever canções que propagam a nova fé.

Esses fatos não gerariam grandes controvérsias se tivessem sido protagonizados por um cantor popular “comum”, mas o artista em questão era ninguém menos que Bob Dylan, “o maior compositor popular de sua geração”, “o poeta da canção popular”, “o herói cultural”, “a consciência moral dos Estados Unidos nos anos 60”, etc. A conversão de Bob Dylan ao cristianismo foi recebida por críticos da cultura e pelo público em geral com desdém, deboche e desconfiança. À medida que o cantor e compositor passou a entoar em estúdios de gravação e nos palcos somente composições de louvor à fé cristã, os discos dele angariaram críticas ferozes que não atacavam apenas a música, mas também o homem que a escreveu e interpretou. O público dos shows deixou a perplexidade de lado e passou a tratá-lo de forma abertamente hostil. Para muita pessoas, Dylan era um modelo de integridade artística e de inteligência e o proselitismo cristão ao qual ele se dedicou com afinco foi percebido como regressão brutal e inexplicável, como traição. Até colegas de ofício detonaram a fase religiosa de Bob Dylan. John Lennon escreveu “Serve Yourself”, resposta irônica a “Gotta Serve Somebody”, faixa de abertura de Slow Train Coming, o primeiro álbum gospel do autor de “Blowin’ in the Wind”. Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, chamou Dylan de “the prophet of profit” (o profeta do lucro). Na verborrágica “Ele Me Deu um Beijo na Boca”, de 1982, Caetano Veloso também não poupou o bardo de Minnesota: “Eu sou do clã do Djavan/Você é fã do Donato/E não nos interessa a trip cristã/De Dylan Zimmerman”.

Não foi a primeira vez que Dylan foi tipificado como “traidor”. No dia 16 de maio de 1966, durante um show em Manchester, Inglaterra, um homem na plateia gritou “JUDAS!”. Dylan acusou o golpe, mas reafirmou a crença no que fazia ao responder à provocação: “Eu não acredito em você”. Naquele momento, Dylan apresentava o set “elétrico” e roqueiro do seu show, acompanhado pela banda canadense The Band. O compositor era alvo de ataques coléricos dos fãs de música folk, acústica e tópica. Os puristas do folk acreditaram por um tempo que Dylan era o legítimo sucessor de Woody Guthrie, mas ficaram furibundos por conta da repentina adoção da sonoridade elétrica e barulhenta do rock pelo cantor e pela abstração das letras das canções da nova fase, que abandonavam as críticas diretas às mazelas sociais e expressavam de forma cifrada pensamentos e sensações do autor acerca do mundo e de si mesmo. A performance “elétrica” de Dylan no festival de Newport em 25 de julho de 1965, vaiada por grande parte do público presente, marcou o início do conflito aberto do compositor com a galera folk e virou mito de origem do rock.

Todo indivíduo deve ter liberdade para decidir o que fazer da própria vida, mas anônimos (como eu e a maioria de vocês) não precisam prestar contas sobre suas decisões para milhões de pessoas. Um astro da música popular com imenso prestígio, capaz de influenciar multidões, está permanentemente submetido ao escrutínio público. São os ossos do ofício, diria o senso comum, mas é sabido que a pressão exercida sobre artistas populares para que eles atendam sem cessar às expectativas do público que os suporta com adulação e com dinheiro acaba por afetar a sanidade mental dos “ídolos”. O volte-face religioso de Dylan e o de parte considerável (a maioria?) das pessoas que fazem esse tipo de escolha existencial revela “uma certa nostalgia do homem moderno pelo “primordial mítico”” (palavras extraídas de Mito e realidade, obra do mitólogo romeno Mircea Eliade). A opção pela religião, aqui, é expressão de compromisso com formas de pensamento e com relações e valores sociais muito antigos, cuja existência é ameaçada pelo triunfo da razão instrumental, tecnicista, no mundo contemporâneo. Ao falar sobre a substituição da música caipira pela música sertaneja no Brasil, no livro A moda é a viola, Romildo San’Anna diz algo que descreve também o momento histórico em que Dylan fez a opção pela imersão no cristianismo: “[Na música sertaneja] inverte-se o eixo de um modelo tradicional de civilização, e instaura-se outro modelo, marcado pela lógica do autoritarismo neoliberal e ligado à usura mercantilista do que, certo ou errado, se convencionou chamar de modernidade” (extraí essa citação do livro Cowboys do asfalto, de Gustavo Alonso).

Muita gente dedica-se à religião para agarrar-se a um mundo invisível, talvez ancestral, completamente apartado do mundo visível, lotado de pessoas em conflito, dos efeitos nocivos das descobertas científicas e de objetos de consumo que atendem necessidades imediatas, mas são rapidamente descartados, transformando-se em milhões de toneladas de lixo industrial. Por mais que tenha parecido equivocada para muitos, a conversão cristã de Dylan foi motivada (ao menos parcialmente) pela velocíssima dissolução de valores tradicionais e regionais que experimentamos na era da globalização. A escolha tem evidente caráter conservador, pois é passadista, mas nasce de legítima frustração com o way of life próprio do capitalismo desenvolvido ou em desenvolvimento. Foi resposta irracional, talvez desesperada, de Dylan à percepção do desaparecimento de um mundo orgânico e do surgimento de outro, feito de aço, vidro e plástico, impessoal, oco e regido por um deus chamado dinheiro.

Outra razão para o desencanto e para o desejo de “nascer de novo” de Dylan pode ter sido o turbulento processo de divórcio protagonizado por ele e por Sara Lownds, mãe de cinco filhos do cantor. Houve briga pela guarda das crianças e Sara afirmou durante o processo que Dylan a agredia fisicamente. A reação negativa de público e crítica a Renaldo and Clara, filme financiado e dirigido por Dylan, certamente contribuiu para a crise existencial que desembocou na conversão do artista ao cristianismo.

As reprimendas que Dylan sofreu ao anunciar a mudança radical em sua vida e em sua obra seriam justificadas se o artista tivesse começado a defender causas ou ações imorais, mas não foi esse o caso. Sim, Dylan adotara um sistema de crenças que carrega traço de autoritarismo (por ser dogmático), e mais, ele assumira a postura de autoridade moral que julga negativamente aqueles que não professam a sua fé. No entanto, algumas críticas ao cantor e compositor foram desproporcionais, motivadas pelo sentimento de que o artista traíra a paixão que grande parte do público, incluindo intelectuais e progressistas nem um pouco alinhados com qualquer tipo de religião institucional, dedicara a ele. A resposta passional, em alguns casos agressiva, de fãs e de figuras de mídia à fase cristã de Dylan nublou juízos e condenou sem possibilidade de apelação os álbuns que ele produziu em 1979, 1980 e 1981. É compreensível que muitos tenham ficado decepcionados com o proselitismo cristão de Dylan, que reduziu drasticamente o escopo temático de suas canções e de suas declarações públicas, mas é certo que o grau de censura pública teria sido muito menor se o convertido fosse outra pessoa.

Dylan é capaz de despertar grandes paixões. Nenhum compositor de música popular inspirou tantos estudos acadêmicos sobre sua obra (em particular sobre suas letras) quanto Dylan. Não só a obra musical e literária dele é objeto de adoração, mas o próprio homem também é. Quando surgiu no início dos anos 60, com seu cabelo amarfanhado, armado com violão, com gaita de boca e com canções que falavam de forma corajosa sobre as injustiças da sociedade norte-americana e do mundo, Dylan logo foi alçado à condição de “herói” contracultural, fato que nunca o agradou. Na excelente autobiografia Crônicas – volume um, publicada no Brasil em 2004 e republicada há pouco por conta do Nobel de Literatura concedido ao autor em 2016, Dylan diz que “aqueles pestes graúdos da imprensa continuavam a me promover como o porta-voz, o representante ou mesmo a consciência de uma geração. Era engraçado. Tudo o que eu havia feito era cantar canções totalmente sinceras e que expressavam novas realidades poderosas. Eu tinha muito pouco em comum com a geração da qual supostamente era a voz e a conhecia menos ainda… Eu estava mais para vaqueiro do que para flautista de Hamelin”.

O primeiro produto fonográfico do “novo Dylan” foi o álbum Slow Train Coming. Produzido por Jerry Wexler, que já havia trabalhado com grandes artistas de música popular influenciados pelo gospel negro como Ray Charles e Aretha Franklin, o álbum, lançado em agosto de 1979, tem letras devotadas aos ensinamentos de Jesus Cristo. A faixa de abertura do álbum, “Gotta Serve Somebody”, diz ao ouvinte que este serve a Deus ou ao demônio, sem terceira opção. A parte musical do álbum, que conta com a participação de excepcionais músicos do estúdio Muscle Shoals e de dois integrantes da banda Dire Straits, o guitarrista Mark Knopfler e o baterista Pick Withers, adocica a experiência auditiva e torna o disco atraente para os ouvintes. A segunda faixa do álbum, “Precious Angel”, é muito bonita e rodou bastante em rádio, especialmente na saudosa Continental 1120 AM de Porto Alegre.

Embora Slow Train Coming tenha recebido críticas demolidoras, menos pelo que era e mais pelo que poderia ter sido (isto é, mais um disco de Dylan pré-conversão), o álbum chegou ao terceiro lugar da parada pop norte-americana e ganhou disco de platina pela venda de um milhão de cópias. A apaixonada performance vocal de Dylan no álbum foi recompensada quando ele ganhou o Grammy de Melhor Performance Vocal Masculina de Rock por “Gotta Serve Somebody” (o primeiro Grammy recebido pelo cantor e compositor). Ao receber o prêmio, Dylan disse: “Quero agradecer ao Senhor por isso”.

Se o primeiro álbum cristão de Dylan não ofendeu totalmente as sensibilidades dos compradores de discos, o mesmo não pode ser dito do público presente aos shows que ele fez nesta mesma época. Disposto a não cantar nenhum dos seus sucessos e clássicos anteriores a 1979, Dylan jogou para os leões da arena somente canções novas (e cristãs) em suas performances ao vivo. E mais, nos intervalos entre uma e outra canção Dylan fez discursos dignos de um evangelista. Por causa disso, o cantor e sua banda tiveram que encarar plateias decididamente furiosas, talvez mais hostis que as da época em que o artista trocara os instrumentos acústicos pelos elétricos nos anos 60.

Em resposta às plateias agressivas que enfrentara nos shows e às críticas negativas ao disco que lançara em 1979, Dylan radicalizou a postura e o discurso religiosos. O repertório preparado para o álbum seguinte, Saved, tinha letras marcadas por tom apocalíptico, que repreendiam de forma veemente os “infiéis”. Muitas canções de Saved, como “Covenant Woman”, “What Can I Do For You?”, “Pressing On” e “In the Garden”, eram belíssimas canções gospel, impecáveis exercícios de estilo, mas elas não foram julgadas por público e crítica sob essa perspectiva. Para formadores de opinião e público em geral, Dylan tinha deveres a cumprir como artista e qualquer desvio de percurso devia ser punido de forma severa. Saved foi destroçado pelos críticos e, para piorar tudo, ignorado pelo público, que até então comprara os álbuns de Dylan em quantidades respeitáveis.

Saved não foi prejudicado apenas pelo teor religioso das letras, mas também por uma mixagem relapsa, que retirou potência sonora das faixas, e pela capa, que ostenta um desenho da mão ensanguentada de Cristo tocando as mãos estendidas dos fiéis. A capa de Saved foi considerada feia até pela gravadora Columbia, que a substituiu em tiragens posteriores do álbum por uma foto de Dylan no palco. Saved só foi tratado com alguma dignidade pela gravadora em 2013, quando foi lançado o CD remasterizado que restituía às gravações do álbum a qualidade sonora que faltara nas primeiras tiragens em LP, fita cassete e CD. Infelizmente, o CD remasterizado só se encontra na caríssima caixa The Complete Album Collection, Vol. One, que reúne todos os títulos da discografia oficial do compositor até Tempest, álbum de 2012, em quarenta e sete CDs remasterizados com muito zelo, ou em uma edição avulsa publicada somente no Japão (é a que eu tenho). O Spotify oferece a versão remasterizada de Saved a seus usuários, mas a experiência auditiva não é a mesma do CD.

Saved ainda é considerado por muitos como um dos piores álbuns de Dylan, mas merece ser avaliado pelo que é, um disco de gospel repleto de lindas canções, e não pelo que os críticos e os fãs do cantor queriam que fosse. O gospel norte-americano, sobretudo o de matriz negra, é forma elevada de arte e Saved é representante valoroso desse gênero musical.

A missão evangelizadora de Dylan perdeu ímpeto depois de maio de 1980, ao final de uma turnê caótica e exaustiva para o artista. Alguns meses depois, Dylan voltou a cantar seus clássicos nos shows e diminuiu consideravelmente o proselitismo nos palcos e nas entrevistas. Dizem que Dylan teria ficado decepcionado com a hipocrisia de algumas lideranças religiosas cristãs às quais se associara, mas é bem possível que a hostilidade do público nos shows e o fracasso de vendas de Saved tenham contribuído para transformar a onda cristã em marola. Shot of Love, o álbum que Dylan publicou em 1981, ainda carrega composições inspiradas pela doutrina cristã como “Property of Jesus”, mas também abre espaço para letras com temas laicos, como a homenagem ao ácido humorista Lenny Bruce e a romântica “Heart of Mine”. A citação bíblica impressa no encarte de Shot of Love comenta as críticas dirigidas a Dylan por aqueles que não tinham nenhum compromisso especial com a doutrina cristã: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos” (Mateus 11:25). No entanto, mesmo os comentaristas mais empedernidos tiveram que reconhecer a magnificência de uma composição cristã de Dylan: “Every Grain of Sand”, faixa que encerra o álbum Shot of Love, combina melodia belíssima e letra comovente, na qual o compositor diz que, em momentos de crise pessoal, busca forças na presença de Deus em todas as coisas, até mesmo em cada grão de areia.

É tentador ver “Every Grain of Sand” como a canção de despedida de Dylan à fase cristã, mas quase nada na arte do cantor e compositor nascido em Duluth é óbvio ou seguro. Quando voltou ao disco em 1983 comInfidels, Dylan ainda conservava a ira sagrada de suas canções cristãs mais combativas. A faixa “Man of Peace” de Infidels, na qual Dylan afirma que “Às vezes, Satã dá as caras como um homem de paz”, cabe tranquilamente em Shot of Love e até mesmo em Saved. Nas outras faixas de Infidels, a vibe evangelista da fase cristã é substituída por comentários sociais e políticos, sejam eles diretos (como em “Union Sundown”, sobre a apatia dos sindicatos norte-americanos diante dos males da globalização, e em “Neighborhood Bully”, canção na qual Dylan defende a política externa belicosa de Israel, tentativa de reaproximação com o povo judaico) ou alegóricos (como em “Jokerman”, magnífica canção que aponta dedo acusador para os “manipuladores de multidões”). Nem é preciso dizer que Infidels foi saudado como um “retorno à velha forma” de Dylan pelos velhos fãs e pela imprensa, ainda que alguns “dylanólogos” (estudiosos da obra do compositor) teimem em considerá-lo mais um item “menor” na discografia  do artista e lamentem a exclusão da faixa “Blind Willie McTell”, tributo a um legendário cantor e guitarrista de blues. Infidels é realmente um belo álbum, gravado por um grupo de músicos excepcionais: Sly Dunbar (bateria), Robbie Shakespeare (baixo), Mark Knopfler (guitarra e produção do disco), Alan Clark (teclados), Mick Taylor (guitarra) e Clydie King (vocais de apoio).

Em 2003, o projeto Gotta Serve Somebody: The Gospel Songs of Bob Dylan mostrou em documentário e em álbum musical que o repertório cristão de Dylan não deve ser ignorado ou subestimado. O CD Gotta Serve Somebody: The Gospel Songs of Bob Dylan reúne alguns dos maiores nomes da história do gospel negro para interpretar canções extraídas de Slow Train Coming e Saved: Shirley Caesar (“The First Lady of Gospel Music”), Dottie Peoples (cantora que integrou o legendário grupo gospel The Caravans), The Fairfield Four (grupo vocal ativo desde os anos vinte), The Mighty Clouds of Joy (extraordinário conjunto vocal que fez sucesso na parada de R&B nos anos setenta com “Mighty High”), Rance Allen (cantor e músico que lançou álbuns antológicos nos anos setenta pelo selo Gospel Truth, que pertencia à gravadora Stax) e Mavis Staples (a principal voz do histórico grupo The Staple Singers). Além desse timaço gospel, o CD conta também com a participação de Helen Baylor, Aaron Neville e do grupo Sounds of Blackness (e de Billy Preston, que faz um lindo solo de órgão em “What Can I Do For You?”). Todos esses artistas emprestaram suas vozes notáveis às canções gospel de Dylan, enxovalhadas por público e crítica quando lançadas, para provar que elas pertencem ao cânone do gênero. O próprio Dylan deu sua bênção ao projeto ao participar de uma faixa do álbum, “Gonna Change My Way of Thinking”, dueto com Mavis Staples.

Ninguém precisa gostar de música gospel, seja ela tradicional ou pop, mas não é certo negar a legitimidade de um gênero musical que tem profundas raízes históricas e inquestionável valor social para alguns segmentos sociais, especialmente para o povo negro norte-americano. Como todo gênero de música popular, o gospel tem sua cota de oportunistas e charlatães, mas também tem artistas de imenso valor (o gospel negro norte-americano é uma cornucópia de vozes de beleza sobrenatural). Compositor superlativo, Dylan escreveu clássicos do cancioneiro gospel norte-americano em sua fase cristã. Essas canções não devem ser ignoradas ou subestimadas por preconceito religioso ou por adesão irrefletida aos critérios que definem o que tem e o que não tem valor em música popular hoje, sobretudo no rock. No dia 20 de outubro de 2016, a revista Rolling Stone publicou em seu site que está em preparação uma edição da Bootleg Series, série de discos que se ocupa com o relançamento do vasto arquivo de gravações inéditas de Dylan, dedicada à fase cristã. Segundo o texto publicado pela Rolling Stone, há muito material em áudio e em vídeo desse conturbado período da carreira de Dylan que o grande público desconhece. Talvez a publicação dessas gravações inéditas redima a trip cristã de Dylan para algumas pessoas.

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zeca azevedo é produtor cultural e colecionador de discos.


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