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25 de julho de 2019
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17:29

Vem aí o plano Marchezan (ou será Merchant?) de reeleição

Por
Sul 21
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Vem aí o plano Marchezan (ou será Merchant?) de reeleição
Vem aí o plano Marchezan (ou será Merchant?) de reeleição
Prefeito Nelson Marchezan Jr. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Sergio Araujo (*)

Uma das máximas da política eleitoreira, a concentração de obras nos anos de eleição (óbvio que pelos detentores do poder que buscam a reeleição) tem tudo para se transformar num tiro no próprio pé. Estou me referindo objetivamente a eleição para a prefeitura de Porto Alegre. São tantas obras inacabadas e tantas outras por iniciar, são tantos os serviços pendentes e imprescindíveis, que começá-los ou dar-lhes celeridade no curto período da campanha eleitoral, como pretende o prefeito Nelson Marchezan, é desdenhar da capacidade intelectual e da paciência dos porto-alegrenses.

Insistir na tese da overdose de obras é querer institucionalizar o ditado de que “depois da tempestade vem a bonança”. Ou seja, três anos de martírio para um ano de expectativa de melhora. Só que não! Será tanta movimentação de entulho, tanta buraqueira, tanta interrupção do fluxo de veículos e de pedestres, tanto incômodo na rotina da cidade, que o purgatório de hoje (2019) vai se transformar no inferno de amanhã (2020). E a pergunta mais formulada será, por que não fizeram isso antes? Por que tudo de uma só vez?

Este é o X da questão. Dizer que foi por falta de dinheiro é simplificar a desculpa. A grande maioria dos serviços é bancado pelas verbas de custeio, previstas orçamentariamente. Represá-las quando existe urgência nas suas aplicações é no mínimo insensibilidade administrativa, para não dizer irresponsabilidade. O buraco que será fechado no ano da eleição já provocou muitas dores de cabeça antes do alívio que resultará do seu conserto. E é isso que fica na memória de quem sofreu com o problema. E isso vale para muitas outras áreas da administração pública municipal que ficaram órfãos de atendimento.

Ah, mas não dá para negar o ganho que a cidade teve com a nova orla do Guaíba nas proximidades da usina do Gasômetro, dirão alguns. Sim, mas não se esqueçam de que ela foi resultado de no mínimo três governos. E afinal, qual a lógica de administrar de frente para o rio e de costas para o resto da cidade? Além disso existe consenso disseminado de que a capital está sendo muito malcuidada e gerida.

De que adiantou discursar prometendo modernidade, gestão, banco de talentos, se o que a realidade mostra é inaptidão? Isto sem falar na inabilidade do trato político, geradora de conflitos, que não poupa nem colaboradores e nem parceiros de eleição e de governo, e na propensão ao aumento de impostos, como ocorreu com o IPTU.

O discurso do novo, utilizado pelo atual prefeito (e por outros pré-candidatos defensores do liberalismo de ocasião, a maioria ligados visceralmente ao direitismo radical) como sinônimo de fazer diferente, não se confirma na sua prática administrativa. Pelo contrário, parece o mesmo de sempre. E as vezes até pior. Maquiar a cidade para a eleição pode até parecer uma boa estratégia, cujo slogan bem que poderia ser “antes tarde do que nunca”, mas não passa de um desejo ilusório de aceitação popular, pois relembra práticas condenáveis da velha política, vistas pelo eleitor atento e consciente como apenas e simplesmente mais uma promessa de campanha.

(*) Jornalista

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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