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7 de março de 2019
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17:39

O dia em que Bolsonaro superou Trump

Por
Sul 21
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O dia em que Bolsonaro superou Trump
O dia em que Bolsonaro superou Trump
Jair Bolsonaro (Foto: José Cruz/ Agência Brasil)

Sergio Araujo (*)

Nem mesmo o prepotente, arrogante e autoritário Donald Trump teve a ousadia de postar em sua página do Twitter um vídeo tão despropositado como o publicado por Jair Bolsonaro neste carnaval. Não pela obscenidade apresentada, comum entre os aficionados da pornografia, mas pelo ineditismo e pela impropriedade da postagem, algo impensado em se tratando de um presidente da República.

Talvez por julgar-se acima de tudo e de todos é que o Bolsonaro pai resolveu sobrepujar a série de absurdos rotineiramente publicados nas redes sociais pelos Bolsonaros filhos. E conseguiu, a ponto de se tornar chacota internacional, apequenando a nação e envergonhando os brasileiros. Os lúcidos, pelo menos.

E é nessa falta de noção do presidente e seus “garotos”, e de alguns ministros insensatos, sobre a importância do uso das redes sociais, que mora o perigo. Porque o que deveria ser uma alternativa à imprensa não adesista acabou se transformando numa frente de batalha onde o Twitter é usado como sniper para atingir adversários e alvos ideológicos.

Além disso, um presidente que se baseia tanto nos bons exemplos da caserna não pode ser relapso na produção de conteúdo para as redes sociais. O vídeo mostrando uma cena de nudez pública, como a que foi postada por Bolsonaro, não pode ser visto como paradigma do que “teria virado” o carnaval brasileiro.

Primeiro, porque não é verdade, trata-se de uma excepcionalidade. Segundo, porque apesar da avalanche de críticas a postagem foi mantida, tendo sua visualização restrita por iniciativa da própria rede social e não do autor. Ou seja, enquanto esteve aberta para uso indiscriminado possibilitou acesso até mesmo de crianças. E aí Damares?

Além disso, com tantos temas prioritários a serem abordados, é inadmissível que um presidente da República use seu perfil do Twitter, ou terceirize seu uso, para disseminar ódio, preconceitos, boatos e notícias tendenciosas. Sem falar nas fake News. Já basta a confusão causada pelo disse, não disse, comum nas declarações dadas por Jair Bolsonaro.

A imagem de mau gosto referida, complementada por um texto desqualificante daquela que é a maior festa popular do Brasil e uma das principais fontes de receita do Turismo, nada trouxe de positivo para o país. Pelo contrário, só serviu para macular a imagem do Brasil e afastar turistas.

Ah, é claro, para fortalecer uma certeza cada vez mais consolidada. De que estamos nas mãos de um presidente que não sabe agir como tal e que demonstra não ter a menor ideia da grandeza do cargo que ocupa. Quiçá do que tem que fazer. E pensar que se passaram apenas 65 dias.

(*) Jornalista

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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