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27 de dezembro de 2018
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13:20

Addio Sartori

Por
Sul 21
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Addio Sartori
Addio Sartori
Foto: Joana Berwanger/Sul21

Sergio Araujo (*)

“A vitória mais difícil é saber perder”. (Autor desconhecido)

Incrível, mas José Ivo Sartori chega ao fim do seu insosso governo dizendo-se satisfeito com o seu desempenho. “Fiz o que foi possível”, afirmou em seu balanço midiático. Uma avaliação desvirtuada da realidade, feita por um governador atônito, que geriu o Estado sem um mínimo esboço de plano de governo e de desenvolvimento, e que chega ao final do seu período tentando encontrar algo de aproveitável nos destroços de decepções que caracteriza sua gestão. Exagero? Má vontade? Não, apenas constatação. E os fatos falam por si só:

– Deixa um déficit de R$ 10 bilhões (o dobro do que recebeu em janeiro de 2015);

– Aumentou impostos;

– Quatro anos de congelamento dos salários dos servidores do Executivo (sequer a reposição inflacionário foi realizada), sendo que em 36 meses os mesmos foram pagos com atraso e parceladamente;

– Dívida milionária para com os hospitais e as prefeituras, fruto do rotineiro atraso nos repasses mensais;

– Crescimento assustador da sensação de insegurança, atingindo até mesmo os então pacatos municípios do interior;

– Extinção de órgãos de pesquisa de prestígio nacional, como a Fundação de Economia e Estatística e a Fundação Zoobotânica;

– Pouquíssimo investimento em infraestrutura, limitando-se basicamente a conservação de algumas rodovias e a pavimentação de pequenos trechos;

– Fechamento de escolas e queda nos índices de avaliação da qualidade do ensino público;

– Desinteresse pela busca do aumento da receita, seja pela cobrança da dívida ativa, seja pela atração de grandes empreendedores;

– Iludiu a população e os eleitores de que havia um projeto de recuperação fiscal para sanear a crise financeira tramitando junto ao governo Federal que, ao apagar das luzes, descobriu-se tratar de uma mera carta de intenções. E muito mais.

Diante desse quadro desolador, mesmo que o líder de Sartori na Assembleia Legislativa tenha dito a bravata de que o novo governo que assume em 1º de janeiro será a continuidade da administração rejeitada pelas urnas – talvez para justificar o ingresso do MDB na futura base aliada -, impossível não classificar o governo que finda como um dos piores da história do Rio Grande.

Imperioso, portanto, saudar o término desse período cujo resultado prático foi o atraso no desenvolvimento de um estado que outrora foi visto como exemplo a ser seguido. Resta ao governador que se despede ao menos a coerência de nada ter prometido na campanha que lhe conduziu ao Piratini e, uma vez lá, nada de significativo ter realizado.

Addio Sartori. O Rei está morto. Longa vida ao Rei!

ET: Em época de mensagens estampadas em camisetas uma frase pertinente ao término do mandato do governador Sartori seria “Deixo o Piratini para entrar no anonimato da história”.

(*) Jornalista

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.

 


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