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28 de setembro de 2018
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18:08

Eleição para valer ou mais um faz de conta?

Por
Sul 21
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Eleição para valer ou mais um faz de conta?
Eleição para valer ou mais um faz de conta?
(Arquivo/Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom)

Sergio Araujo (*)

Muito se tem ouvido e muito se tem falado nesta campanha eleitoral para a presidência da República. Teses, teorias, e até mesmo o quase extinto debate ideológico ressurgiu das cinzas, num embate aberto envolvendo temas como democracia, fascismo, socialismo, ditadura e outros tantos. Mas um tema, que considero de extrema relevância para o eleitor não tem ocupado as páginas dos jornais e das revistas e muito menos as telas das televisões, dos computadores e celulares. Refiro-me ao respeito pela decisão das urnas, algo que vem sendo desprezado com uma frequência preocupante, como se isso fosse algo normal e necessário.

Como assim? Dezenas de milhões de brasileiros escolhem democraticamente seus representantes e por questões outras, predominantemente de interesse individual ou corporativo, algumas pessoas resolvem avocar para si o poder de destituir aquele que foi ungido pelas urnas. Sem ao menos consultar o VAR (árbitro de vídeo), no caso a população.

Não parece ser uma contradição à todo esforço (e polêmicas também) de convencimento do eleitor de que cabe a ele fazer a escolha correta de quem lhe representará no Palácio do Planalto? Numa verdadeira e honesta democracia se um governante não agrada, seja lá por que razão for, o normal seria destituí-lo do cargo na eleição seguinte, caso ele concorra à reeleição, ou dizer não àquele que for representa-lo no pleito. Por que no Brasil não pode ser assim?

Digo isso porque já começam a pipocar na mídia e nas redes sociais manifestações sobre o day after da eleição presidencial. Inclusive com palpiteiros dizendo que quem quer que seja o novo mandatário do país ele provavelmente terá vida curta. Espera aí! Querem transformar o impeachment em tapetão antidemocrático. Expulsar de campo o fair play? Assim, na marra?

O eleitor tem o direito de ter a garantia de que seu voto será respeitado. É para isso que serve a democracia, lembram, “regime político em que a soberania é exercida pelo povo”. Aliás, o mesmo Congresso Nacional que se julga superior à vontade popular na hora de votar pelo impeachment de um presidente, eleito soberanamente pelo povo, parece desdenhar da sua própria situação, uma vez que está constituído de parlamentares escolhidos por este mesmo povo.

Então é preciso que os candidatos à deputado federal e a senador assumam o compromisso de que serão fiéis a outorga confiada pelos seus eleitores, inclusive no que se refere a permanência do presidente da República. Da mesma forma e pelos mesmos motivos, até mesmo por precaução, seriam bem-vindas manifestações dos candidatos à vice-presidente de que atuariam rigorosamente na obediência das suas atribuições constitucionais, sem colocar a cobiça ao cargo do titular como uma das suas metas de mandato.

Só assim, com todas essas garantias, o eleitor terá a segurança de que está participando de uma eleição de verdade, para valer, e não sendo usado como massa de manobra de interesses outros que não o do Brasil e dos brasileiros.

(*) Jornalista

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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